Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Jul 15
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

... e também para aquele doutor, catedrático, prof. e reitor que ficou «chei-d'agraus» sem nunca frequentar uma universidade*1 (não sabem? não é espantoso?)

 

E continuando a desenvolver - já que o ensino superior virou inferior (e ninguém lhe acode crescendo as negociatas como se vê) - assim aqui vai, também bastante visível uma colecçãozita para quem pode aproveitar as férias para fazer umas boas leituritas.

No caso dos Designers que se lembrem de William Morris, e das suas máximas, ou as regras que deixou aos vindouros: os mesmos que em sua memória criaram Cursos de Design, ou de Projecto - altamente inspirados nas Metodologias Arts & Crafts. O que dito em português, e rápido, é um «como aprender fazendo»...

As capas dos livros escolhidos falam, por isso poupamo-nos. Mas estão cronologicamente ordenados (os livros), quer para o tempo histórico, quer ainda - "so and so", pela importância que tiveram na nossa formação.

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Os dois volumes acima, só esses dois, não podem ser vistos como livritos!

Pelo menos quando os lemos - aos 16-18 anos, e quando o Liceu era em Portugal (talvez como em França, pela mesma data?) uma Escola e um Ensino de altíssimas ambições, muito prestigiado.

Pelo seu conteúdo (e comparativamente com o nível da escola superior que hoje conhecemos, nada ambiciosa...), ainda me pergunto se haverá cursos superiores em que os alunos sejam confrontados, logo no 1º ou 2º ano dessas licenciaturas, com matérias abordadas a estes níveis elevados? Isto é, abordadas a níveis equivalentes aos que Eduardo Bossa e os alunos que com ele colaboraram no Liceu de Oeiras? Níveis altos como os postos na feitura dos textos pelos quais estudámos; textos que integram esses manuais de História Geral da Civilização?*2

Será que esse nível elevado, é agora proposto aos alunos nalgum curso, no 1º ou no 2º ano de algumas licenciaturas? Ou será apenas e só para Cursos de Filosofia?

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Seja como for, dos ditos livritos fica a páginazita acima, para os tais «Phd cheid'agraus».

Para que - A Cultura Cientifica depois de Sócrates os lembre de onde vem o seu Ph: i. e., de alguma espessura, profundidade, ou até dos milhares de anos lá longe, onde radica o dito Ph.

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Acima está agora o verdadeiro livrito, absolutamente fantástico!

Compra-se num aeroporto e dá um jeitão para a viagem - caso não se vá à janela, e o território que se sobrevoa, não seja (visualmente) muito mais interessante! Tem a enorme vantagem de lembrar as principais passagens do Antigo e Novo Testamento - as que estão nos relatos visuais que as Obras de Arte em geral foram. Pode-se começar pela História de Noé - when (dizemos nós) - "...God decided a fresh start was necessary.". Depois, e para acabar oferece-nos o tema "The young Church: daily life" - referindo-se à mesma Ecclesia que veio a estar na base de vários Programas Iconográficos ou Programas Estéticos (ou ainda, porque não, podem-se-lhes chamar os Thematismos...?), que foram contemporâneos da Igreja imperial:

Da Igreja dos primeiros tempos, a que depois de Constantino, de Clóvis*3, Carlos Magno, e mais tarde ainda depois, por exemplo, de Imperadores ibéricos como Afonso VI (e ainda do nosso Afonso Henriques). Essa Igreja que os «Maiores» sempre quiseram vivificar, fazer restaurar e reforçar; para a tomarem como sua aliada: sede (divina e superior) do seu Poder temporal...

Em suma, o livrito acima referido contém muitas historinhas bíblicas: as fazedoras de um imaginário que, com mais ou menos sensibilidades (diferentes e diferenciadoras, como alguns povos fizeram questão que elas fossem) marcaram, e marcam ainda hoje, as imagens e toda a iconografia europeia: a ponto dessa imagética poder ser vista, com todo o direito, como uma ICONOTEOLOGIA. 

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Segue-se um dos livritos que há muito conhecemos, e que sempre esteve «à mão-de-semear». Um daqueles que marcou o nosso Prazer da Leitura, como Proust o descreveu: a do impulso quase irracional (hoje seria adictivo...) de pegar em qualquer coisa para ler.

Nele os problemas de Unidade Cristã que são referidos, são como uma súmula, numa perfeita continuidade dos livros do Liceu de Oeiras e de Eduardo Bossa, em que o Arianismo e várias outras heresias já lá estão referidas... E será que vêm daí as nossas referências?  Ou era frequente, noutras instâncias e situações, falar-se em heresias? Como e porquê? De onde veio este assunto ter connosco? O que é que já sabíamos ou tínhamos alguma vez lido do Filioque? Será que lemos Vergílio Correia, e a sua História dos Visigodos, quando em 1970-72-73 nos preparámos para os diferentes exames de História da Arte na ESBAL? 

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Neste último caso, acima  está a capa do primeiro livro que Fernando António Baptista Pereira nos aconselhou a ler:

Bem antes de nos ter feito compreender que também o circulo fora um Ideograma (mas aqui esse assunto daria um novo post, ou é todo um imenso tema, pano para muitas mangas e vários doutoramentos...?). Mas ainda bem antes, também, de nós próprios termos podido compreender como as heresias acima referidas, se devem ter transformado em «emblemas» (visuais).

Uma palavra que em português é única, mas que se pode associar com a percepção daquilo que se vê ou compreende d'emblée - como dizem os franceses.

E d'emblée nós percebemos (há muito), como houve necessidade de usar a imagem para ajudar a pensar. Sobretudo nos casos em que as propostas contidas em algumas frases, ou em certas listas, são difíceis de apreender, mentalmente.

Por exemplo, por email recebem-se por estes dias demasiados diagramas relativos às organizações em que se está inserido. E demasiados, já agora, porque pretendem dizer só pela imagem, aquilo a que todos nos habituámos fosse posto por escrito, com palavras e caracteres alfabéticos: i. e., expresso com muito mais clareza!

Mas, d'emblée é de certeza uma palavra - um conceito (para os «projectistas do conceito»)- que obriga a pensar...

Para concluir, e se o livro da autoria de Roger Aubert ainda não o tínhamos incluído como referência no nosso trabalho dedicado a Monserrate - a propósito do Amor que a Igreja do Oriente tinha pelo Espírito Santo*4 (como aí se pode ler); por outro lado, e em contraponto dessa situação, já o livrinho de Aloïs Riegl - dadas as sua dimensões e o imenso que deixa «ler» para além dele (ou nas entrelinhas e também nas imagens que inclui); - por aí percebe-se como as jóias, as fíbulas, os alfinetes, ou os brincos (vejam os da imperatriz Teodora, ou os adereços de Justiniano, representado com a sua corte...); nessas representações que eram fruto de toda uma mentalidade muito mecânico-materialista*5 - que supomos e admitimos ter sido característica (principalmente) dos povos do Norte da Europa (povos que eram predominantemente germânicos):

Pelo livrito de Riegl (repete-se) d'emblée deduzimos como essa característica - um grande pragmatismo -  também demonstra o sentido prático desses povos. Que normalmente fizeram, e ainda hoje fazem (para seu bem) o uso de materializações ou de Machinas Memorialis, como lhes chama Mary Carruthers.

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Numa atitude de quem, face à dificuldade de imaginar (no verdadeiro sentido desta palavra), mentalmente, algumas frases ou ideias; perante essas dificuldades, tiraram então as imagens da «interioridade da mente», e, acompanhando-as ainda da máxima expressividade que a Retórica sempre quer/quis ter, passaram a tê-las (às imagens) à vista: ou seja fora da mente.

Porque assim parece ser muito mais fácil pensar (?), tal e qual como sempre nos aconteceu ao fazer projectos: Quando a mente, sem recorrer a essas ajudas materiais (e exteriores) não consegue produzir, internamente, as sequências de novas imagens que se estão a querer inventar para pôr num ambiente (o Interior Design), de um espaço interior, num edifício...

E porque ainda não existe essa espécie de fotogramas mentais, (já que a mente não os consegue produzir...); e menos ainda existem, materialmente, já prontos, logo não é possivel fazer uma qualquer fotomontagem dos excertos em que o projectista está pensar. Por isso, o dito inventor/projectista fabrica-os, no tal processo que nasceu - como dizemos - menos conceptual e muito mais Arts & Crafts*6.

Portanto, daqui deduz-se, de novo: as ditas imagens que foram fabricadas fora da mente, passaram a ser legíveis (e por isso alguns lhes chamam legendas), e, ou, também mnemotécnicas.

Em suma: o tal sentido pragmático que parece habitar (de uma maneira estrutural e profunda), preferencialmente (como admitimos?), a mente dos povos oriundos sobretudo do Norte - e repare-se bem em certos trabalhos dos Normandos, como são alguns dos que deixaram no Sul da Europa. Esses povos, que ao longo do primeiro milénio foram chegando ao antigo Império Romano; ao «Império» que admirariam pela sua superioridade (?), mas onde para entrarem, e ficarem, tinham que se submeter à nova religião (oficial); em resumo, esse seu sentido de ocupação e de vontade de pertença a novas regiões geográficas, levou-os a fazerem imagens onde sinalizavam (d'emblée) a Fé que professavam. E o Cristianismo, apesar de várias ou muitas hesitações, e também de sucessivas mudanças de ponto de vista, não as proibiu, como alguns autores têm salientado.

Opinião nossa: a dita obra de Aloïs Riegl - com muito mais que, depois aos poucos se vai ficando preparado para ler, e passar a entender, - esse livrinho ajuda a tornar estas nossas hipóteses fortemente verosímeis. E daqui vão para o IHA da FLUL, donde acharam que o melhor a fazer era «expulsarem-nos»! É que isto de ter soluções e compreensão (interdisciplinar e resolutiva, de questões muito complexas) para Enigmas da História, isso é proprio da VIA PÚBLICA, e não para a Universidade!

Lembre-se que as Universidades são ambientes hiper-selectos, onde só entra quem estiver dirigido para partículas minúsculas, saberes atómicos, e nunca por nunca que sejam matérias articuláveis, ou inter-relacionáveis, com essa coisa tão comezinha, ou desinteressante, chamada realidade!

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*1- Nem o próprio saberá explicar como foi que isso aconteceu, tal a velocidade a que se deu, a atropelar muita gente! E assim se encolheu e reagiu como é sabido, quiçá a medo que o pusessem na sombra?

*2 - Manuais em que, por sua vez se destaca a colaboração de José Sá Nogueira Saraiva, em 1964. Um nome que para alguns pode ser referência? Mas, também pode ser que não, já que hoje em dia, e cada vez mais, acho que «muitas coisas», de facto, só passaram por nós! Que raio de memórias... Ou, que dons deu a natureza a alguns, e que no passado eram factores de desenvolvimento, e a outros privou desses dons... Será só fingidamente, que agora ninguém diz desenvolver a memória, como se fosse pecha, e nada de memorial tivesse a ver com o intelecto e suas capacidades? Ler sem ter decorado é a nova regra?

*3 - Sobre Constantino e Clóvis, e as sua histórias comparadas, na rádio francesa Canal Académie pode-se ouvir, e gravar em mp3, uma muito interessante entrevista ao historiador Michel Rouche intitulada Constantin-et-Clovis-deux-conversions-aux-christianisme.

*4 - Obra onde se encontram expressos, os termos, de 1930 (ver na p. 90) com que a religião anglicana exprimiu a sua liberdade relativamente ao desenvolvimento cientifico, e como se submete à Fé dos Apóstolos; ou ainda, como considera os valores protestantes, e a primazia dada à Bíblia...

*5 - E menos abstractizante do que a dos povos do oriente, que parecem conseguir pensar, melhor do que os ocidentais, usando menos imagens (fabricadas mentalmente): i. e., com menos recurso à imaginação? Ou seja, para esses povos, e no seu misticismo, Deus é abstracção (tout court). Pelo que, provavelmente (?), basta-lhes a Nuvem para aludir a Deus - como descrito no Antigo Testamento - assim prescindindo de muitas outras imagens? Ou Nomes?

*6 - Vejam o exemplo de Humphrey Repton, que produziu verdadeiros craftings, e que hoje se existem (ou se se fazem?) são todos eles tecnologia: com muitos CADs e mais renderings.


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