Uma revolução (científica) a haver, dizemos nós...
“As imagens desencadeiam processos no nosso cérebro que as palavras não reconhecem. Desenhar não é apenas um processo artístico, é também pensamento. Desenhar é apropriar-se da realidade, é dar-lhe forma. O desenho é uma das formas mais antigas e perfeitas de interpretação e criação do mundo.” *
O texto não é nosso, vem daqui.
É que realmente acontece na prática - como nos aconteceu a nós - e por isto corresponde ao (mesmo, tal e qual!) que levou em 2005 à nossa expulsão da FLUL.
Apesar do conhecimento de Maria João Baptista Neto, nossa orientadora nos estudos feitos sobre Monserrate, e, sendo ela mesma a autora dos escritos seguintes (a pág. A4 digitalizada, que está abaixo e já várias vezes publicada).
Escritos que, como ficou no título deste post, hão-de levar - é absolutamente certo - a uma revolução científica. Em que as Neurociências, a Linguística e as áreas das Artes Visuais serão as principais beneficiadas. Mas também a História e a Antropologia, pelo menos...
Revolução científica não iniciada com o nosso trabalho, mas pelo somatório dos trabalhos de muitos outros autores. Por exemplo, com o de Rudolph Arnheim, que é essencial, e já se disse de outro modo - pois escrevemos vários (pelo menos os 4 seguintes) posts - com essa constatação:
Concretamente, abordando a existência de um Visual Thinking, que até lhe serviu de título para um dos seus livros. Livro que podem/devem conhecer, e que foi escrito em 1969, e cujo editor original foi a University of California Press.
Não vamos alongar-nos, pois nem vale a pena... Já que nos nossos blogs, e no facebook (é uma questão de se procurar), estamos desde 2010 a escrever sobre esta ampla e tão ignorada (quanto controversa) questão. Vem de antes de 2004, apresentada nas provas públicas em Jan. de 2005, e depois em 2008 com a publicação, que assim ficou registado em Monserrate Uma Nova História **.
A FLUL (e quem sabe também a FBAUL???) têm pela frente - mais anos e anos de teimosia (a deles)... -, com o não reconhecimento do facto do desenho ter sido usado para pensar.
Temos pena, mas é a maior verdade!
Aliás, este é mais um exemplo - num caso que conhecemos demasiado bem - da incompetência versus inveja nacional, que prejudica todos. Sendo claro que só uma revolução científica - seja ela silenciosa ou não (?) - vai permitir um dia tirar o máximo partido do esclarecimento desta imensa problemática.
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*Na citação (acima) as duas passagens sublinhadas a amarelo merecem-nos comentários, que são diferentes, já que, e sobre a primeira passagem, não estamos totalmente de acordo (ou não a compreendemos?). Sendo a segunda completamente aceitável.
Para a primeira "que as palavras não reconhecem", na verdade, e se não tivesse acontecido connosco, também diríamos que se tratam "de processos que as palavras não reconhecem". Diríamos que é como uma afasia; o indizível, ou ainda o inefável. Ou seja, o que as palavras não conseguem traduzir. Não conseguimos.
No entanto, e é o que está na página digitalizada, eu vi a dita professora, a desenhar - com os rabiscos que se vêem - aquilo (concretamente os conceitos/dogmas do cristianismo) de que estávamos a conversar
Para a segunda passagem que sublinhámos, o desenho como uma das formas "mais antigas e perfeitas" para a interpretação e explanação do mundo, esta passagem é para nós bastante mais fácil de a aceitar (e de explicar). Por termos passado por isso vezes sem conta... Ao lado dos alunos: não apenas em situação de projectos (que são realidades a existir), mas sempre que fosse necessário explicar-lhes o funcionamento de uma cozinha, por exemplo; de uma máquina, ou até a descrição de uma paisagem. Em suma, em situações em que as palavras não permitem uma grande economia descritiva, e/ou a rapidez e maior eficácia que o desenho oferece.
** Embora desde então, tenha ficado crescentemente mais claro, e compreensível, aquilo que se passou (desde há milhares de anos) em torno das imagens. E como até aquelas formas que parecem não ter qualquer relação, ou sequer correspondência visual com alguma realidade; na verdade, essas formas geométricas foram significantes: i. e., estiveram comprometidas com ideias que elas representavam, e às quais aludiam... E ainda aludem, como pode acontecer a alguns (e aconteceu connosco)