Imagem (acima) vinda de 'Em Louvor do Divino Espírito Santo', por Francisco Ernesto Oliveira Martins. INCM Lisboa 1983.
Quando nos apercebemos que muitas obras da Arquitectura Religiosa, mas sobretudo alguns Solares, vários edifícios Públicos, como os Tribunais e locais de Administração da Justiça (Prisões). E as Sedes dos Municípios (edifício da Câmara Municipal), e os fontanários; ou também outras obras edificadas para o serviço público (ainda jazigos familiares e as capelas cemiteriais públicas), todos tinham formas semelhantes às do Palácio de Monserrate...
Então foi toda uma «outra estória» que pudemos perceber!
Ou seja, os «Revivalismos» - dos séculos XVIII e XIX - como ainda agora são explicados pelos Historiadores de Arte, caíram por terra.
Mais, como José Manuel Carneiro explicou, sobre o Palácio da Pena (durante a defesa da sua Tese de Mestrado na FLUL - a que assistimos), para si, nesse antigo Convento que D. Fernando II remodelou para Palácio/Casa de Vilegiatura Real, aí foram incluídas soluções e fórmulas que o levaram a falar de Teosofia.
Mais uma vez o assunto é imenso e complexo, mas, em nossa opinião, não houve apenas o espírito romântico. Nem a ser esta postura/ideologia a única capaz de explicar muitas das soluções arquitectónicas que, são afinal uma adopção, nítida, das «fórmulas mais tradicionais» da arquitectura cristã (em especial as medievais).
E se isto é menos visível em Lisboa - marcada pela reconstrução pombalina (onde mesmo assim se encontram alguns exemplos tipicamente do formulário cristão); já no Porto é muitíssimo mais marcado, e notório, em especial na zona que a UNESCO incluiu na Lista do Património Mundial.
Neste último caso, a imagem é a capa de um livro de António Quadros, rodada, para que se leia/veja bem a atenção que dedicou aos chamados Impérios do Espírito Santo.
Um culto - ao Espírito Santo - que perdurou em Portugal, em especial na Ilha Terceira, dos Açores. E cuja designação (a da Ilha açoriana), pretendeu desde o inicio ser referência à Terceira Pessoa trinitária.
Talvez muitos lamentem que tenhamos encontrado aquilo que em toda a sua vida A. Quadros procurou, porém, as nossas desculpas: pois nunca andámos atrás de arquétipos, muito menos do oculto ou de «secretismos»...
Foi um grande azar nosso, ter tido uma orientadora ( Maria João Baptista Neto) «tão curiosa» que, não largou, até (2002) a sua questão das "Origens do Gótico".
Apenas desistiu do assunto quando lhe demos a solução para aquilo que era "a sua demanda"!
Enfim, pode-se dizer, demanda que era afinal a mesma de António Quadros, só que, começou a caminhada e o questionamento por um ponto de partida diferente. Ele pelos «arquétipos e mistérios», ela por essa coisa hiper-longínqua que foram as Origens do Gótico*
O mesmo ponto (ou o questionamento) que depois nos impôs, e que, por conhecermos um pouco da obra e das ideias de António Quadros - e através dele de algumas questões da Filosofia Portuguesa colocadas por Pinharanda Gomes, concretamente a questão do Filioque -, logo em 2002 lhe transmitimos uma série de informações.
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*Um Património (cultural/religioso) dos Godos, que foram cristianizados, nas fronteiras do Império Romano, por Ário - como está explicado desde desde 2004 no nosso trabalho (publicado) dedicado a Monserrate.