Haverá sempre detalhes minúsculos...
... que, como é normal, só serão notados por alguns.
E não, não é na Estação do Rossio*, onde há um detalhe semelhante, mas sim na igreja da Conceição Velha, que já o Almanach Illustrado um dia «valorizou».
Mas este "valorizou" - ou, o que um ilustrador reparou e reproduziu - significa que bem antes, houve theologos-architectores** que «queimaram as pestanas» e forçaram os olhos; significa que houve canteiros e mestres de pedraria que tudo fizeram, para que aqueles dois semi-círculos entrelaçados*** fossem legíveis.
Hoje, dizem alguns, que aqueles círculos entrelaçados eram insignificantes...
No entanto, se fossemos pelas teorias da quantidade de informação - cuja validade é relativa - hoje também teríamos que reconhecer que os melhores monumentos estão repletos de círculos, e por vezes outras formas, que frequentemente eram, de propósito, entrelaçadas
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*Ver foto que agora se acrescenta (vinda do Público - com noticia sobre vandalismo infligido a um desses detalhes que pouco notamos):
**E, de entre esses theologos-architectores é forçoso destacar Juan Caramuel Lobkowitz (1606-82), que nos deu fantásticas informações sobre o estilo gótico. Chamou-lhe De el ordem Gothico. explicando como as formas se deveriam interpenetrar. Vejam em Monserrate uma Nova História, Livros Horizonte, Lisboa 2008, p. 33, onde esta questão - no âmbito do tema Origens do Gótico - já ficou exposta.
***Elementos iconográficos de que já escrevemos inúmeras vezes... (e sem que isto nos canse).