No estudo que dedicámos ao Palácio de Monserrate houve já uma abordagem a diversos Diagramas, os quais se verifica serem uma constante da História da Arquitectura, a maioria «desenhados» a partir de conceitos da teologia cristã*.
Agora destacam-se vários Quadrifólios, alguns bastante recentes, e acrescentam-se informações. Segundo defendemos esse Diagrama terá traduzido um «amor especial» à Virgem, que, no IIIº Concílio Ecuménico, realizado em Éfeso, em 431, foi declarada “Teotokos”: palavra grega que significa Mãe de Deus.
A devoção à Virgem foi uma constante, e, muitos séculos depois foi coroada por D. João IV, passando a ser Rainha de Portugal. Vários monarcas da Europa, incluindo D. João VI, durante anos pediram a Roma a sua declaração como Imaculada Conceição, o que só veio a acontecer em 8 de Dezembro de 1854 (reinado de D. Pedro V).
Tudo isto é História da Igreja e do Cristianismo, porém, vários autores – como é o caso de Mark Gelernter, arquitecto e professor da Universidade do Colorado (Denver) que escreveu Sources of architectural form. A critical history of western design theory, University Press, Manchester, 1995 – conhecendo essa mesma história, estabelecem paralelismos, pontuais, entre algumas obras, e respectiva iconografia, com a teologia cristã. Por isso, no nosso trabalho (Monserrate,…), usámos uma expressão de Mark Gelernter, que nos foi de grande utilidade: já que permitia reforçar o sentido daquilo que estávamos a encontrar.
A referida expressão (e sobretudo essa noção, que pode não ser «estática») – “estrutura divina” – relativa às especificidades do Deus Cristão, simultaneamente Uno e Trino, aparece em várias frases do autor norte-americano, quando explica as suas teorias, relativas ao que está subjacente na Arte e Arquitectura Medieval. Aconselha-se a sua leitura, e, incluem-se exemplos de outros Quadrifólios, para além dos que já estão no livro: alguns estampados em azulejos que, podem não ter mais de 40 anos…Será?
* Ver no livro as imagens nº111 – A, B, C e D, na p. 271, e o texto correspondente, na p. 157, completado na nota 407.
No trabalho de Mark Gelernter pode ler-se por exemplo: "...in the Middle Ages art was considered interesting only in so far as it symbolized the Divine." Depois, o autor coloca-se na situação de quem na Idade Média, tinha que produzir Arte e objectos com esse cunho. Por isso pergunta quais as formas que lhes deviam ser dadas: " ...if art no longer captures realistic images of the sensory world, but instead should lead men's minds to contemplate an extrasensory divine world, upon what, exactly, should their visual images be based?" (op. cit., pp. 74 e 75).