Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
18
Nov 22
publicado por primaluce, às 17:30link do post | comentar

...E também da História Mundial?

 

Quando se pensa que o melhor livro – para nós/para mim! – para perceber a História da Arquitectura, e o que aconselharia a todos, para a compreenderem, é o de Mark Gelernter [1]. É também quando nos ocorre, mentalmente, que muitos «troçavam» de John Ruskin e do seu imenso entusiasmo pelos mais belos edifícios de Veneza.

Sobre ele Michael Lewis escreveu:

"Ruskin was scarcely able to admire a building without making it a pivot of world history. In «The Stones of Venice», he portrayed the Ducal Palace as the architectural embodiment of Venice, poised between northern Europe with its gothic achievement and the Italian peninsula with its Classical legacy, and uniquely qualified to distil the best of both…”.

Na verdade, as palavras acima aplicam-se bastante bem ao trabalho que fizemos sobre Monserrate, e por isso, com todo o gosto, «enfiámos a carapuça» e aceitámos a ironia vinda desse autor - Michael Lewis [2], quando percebemos que também nós tornámos Monserrate num verdadeiro “pivot”; ou seja, à maneira de John Ruskin, com o mesmo sentido com que olhava para cada obra que estudou, vendo nela toda a História [3].

CapaP&B-3.jpg

(capa do trabalho como apresentado na FLUL, Setembro 2004)

 

Porque, Monserrate não só nos ajudou a ver e a compreender a Historiografia do Estilo Gótico – como Maria João Neto tanto quis, e conseguiu. Thanks God : fúria de Vítor Serrão - e ambos desentendidos, esquecidos, que os primeiros reis de Portugal também descendiam dos VISIGODOS (e não apenas dos Borgonheses!). 

Como, crescentemente vamos adquirindo, sempre e cada vez mais, mesmo que em slow motion, novas informações [4].

Melhor dizendo: neste caso percebendo que, um edifício como é o Palácio de Monserrate (por exemplo - o que se deve à imensa qualidade do trabalho dos arquitectos James Thomas Knowles) ao integrar-se na História da Arquitectura, também se integra na História Mundial.

Monserrate-pivot.Hist-b.jpg

(abrir imagem em separador)

 

Porque, só com o auxilio desta – História Mundial, e a Filosofia, e tantos, tantos outros conhecimentos... - se podem compreender os mais variados elementos visuais, que serviram (e foram criados) para traduzir ideias. Os quais em simultâneo, deram forma - i. e., terão dado quase todas as formas - que conhecemos e vemos patentes, nas obras da História da Arquitectura Ocidental [5]

~~~~~~~~~~~~~~~~

[1] E ao qual nos vamos referindo frequentemente. Ver nota 5

[2] Ver em Michael LEWIS, The Gothic Revival, Thames and Hudson, London 2002, p. 114.

[3] Apesar de apenas termos lido algumas súmulas do seu trabalho; como: RUSKIN, John, - The Lamp of Beauty: Writings on Art. Selected and edited by Joan Evans. Phaidon, London 1995.

[4] É infindável. E apesar de Mark Gelernter – para nós ser talvez o melhor autor para se poder perceber a História da Arquitectura – , não se lhe referir, é ainda em André Grabar que se apanham óptimas informações, para reunir a tantas outras (sobre a génese das formas arquitectónicas medievais). E isto, segundo defende, relativamente a um tipo de Iconografia, que ele (André Grabar) localizou na Pens. Ibérica.    

[5] Como está no título do livro de Mark Gelernter – Sources of architectural form, a critical history of Western design theory.

capaLivro-MarkGelernter.jpg


17
Set 21
publicado por primaluce, às 10:00link do post | comentar

Este título que circula em rodapé nas nossas televisões: "Comunicação de planos para igualdade de género adiada dois meses por despacho".

 

Na verdade o dito título dá imenso gozo, por patentear a pressa com que querem despachar um assunto, no qual como se sabe, para as entidades oficiais (legisladoras, governadoras, responsáveis, etc) nem sequer convém haver pressa...

Mais o título vai mesmo bem com este outro, tudo em uníssono que é também dos noticiários do dia  

blog-17.09.2021.jpg

*Pois faz lembrar as mentalidades dos Vítores Serrões deste país...

[Os queridos «pastelões» - indespacháveis sempre (nas suas mentalidades arcanas) -, que vivem e sobretudo viverão no futuro, em estado de negação permanente...]


28
Jul 21
publicado por primaluce, às 11:00link do post | comentar

Sempre que algum post interessa mais a alguns (esteja no nosso facebook ou num dos blogs), então há uma «romaria».

 

E assim tem sido nos últimos dias.

Seja a Primaluce,Iconoteologia, ou a Casamarela. 

É verdade que os nomes que demos aos ditos blogs não primam pela beleza; mas - sobretudo em ICONOTEOLOGIA - o que se procurou foi divulgar um conceito que está atrás de uma palavra que, é poderosamente significante.

E, é ainda mais verdade, não ficámos embevecidos a mostrar que sabemos as diferenças entre Iconologia e Iconografia , à maneira dos «adoradores» de Panofsky; ou do que se ouviu/ouvia na FLUL, no início do século XXI. Que é como quem diz, bem mais de 50 anos depois de ter sido escrito (tal a actualidade!).

Diferentemente, aproveitámos o que se aprendeu em óptimos livros da biblioteca da UCP: concretamente sobre a percepção que muitos têm daquilo a que todos chamam ARTE: ou seja, que em geral é uma Iconoteologia.

Porém, se ontem foi assim, nas visitas que tivemos:

  1. Primaluce: Nova História da Arquitectura - 3
  2. Um dos blogs mais bonitos... - 2
  3. Quanto maior a evidência, ou a importância das novidades e valor da notícia... - 2
  4. Sim, sim - "É para o lado que eu durmo melhor!" (só que agora queixam-se) - 2
  5. Sobre a formação do olhar de uma nação, relativamente à sua Arte - 2
  6. Uma elipse não é uma oval, mesmo que muitas destas formas pareçam iguais - 1
  7. É tudo gente honestíssima - 1
  8. Retratos de "Uma Barbárie" - 1
  9. Factos inesperados (isto é, super-inesperados como nos aconteceu desde 2002) - 1
  10. Sempre que surgem informações... - 1

Acontece que a 30 dias (ou a 6 meses) os que procuram este nosso blog - e bem ao contrário do que possa parecer - não são assim tão poucos...

Estastíticas28.07.2021.jpg

Estastíticas.jpg

 

No entanto, o que esses todos são é muito discretos; embora, ou principalmente, possamos dizer que são muito contraditórios!

O que é mais uma razão para continuarmos a escrever, e desta maneira continuando a publicar as nossas ideias.

Sabendo nós que os nossos leitores habituais primam pelo silêncio; ou, se falam do que escrevemos, muitos deles mostram-se desdenhosos, como se fizessem questão em não se deixarem influenciar por aquilo que abertamente eles  apoucam. Como é o caso de Vítor Serrão, Maria João Baptista Neto «e família»... Já que, é este o sentido da palavra desdenhar.  

Mais: se esses forem aos meios de comunicação de maior audiência, o que eles dizem - e se lhes ouve (pois não somos surdos!) - é, ipsis verbis, aquilo que nós escrevemos*: seja aquilo que leram no livro, ou o que muitos vêm ler aqui aos vários posts.

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*Embora, temos que o dizer, também aconteça haver nalgumas citações que vamos encontrando do nosso trabalho, algum erro. Como está no texto seguinte, quando se diz que em Lisboa, um amigo de Gérard De Visme, era irmão de Horace Walpole. Na verdade o erro está em que Robert Walpole - enviado/embaixador do governo inglês - era primo de Horace, e não seu irmão. É esse o erro.

No restante parece-nos correcto, este excerto que encontrámos em O REAL PAÇO ACASTELADO DA PENA EM SINTRA: EDIFICAÇÃO DE CASTELOS NEOMEDIEVAIS OITOCENTISTAS. Da autoria de Joaquim Rodrigues dos Santos (na Escuela Técnica Superior de Arquitectura y Geodesia - Universidad de Alcalá de Henares:

"As relações entre Monserrate e o mundo britânico não ficariam somente pelo seu projectista, pelo seu
proprietário ou pela decisiva influência romântica recebida: segundo Glória Coutinho, existiriam prováveis
relações de proximidade entre De Visme e o escritor britânico Horace Walpole através do irmão deste
último, que estaria por aquela época a viver em Lisboa; inclusivamente tinham sido comprados nesta cidade alguns dos móveis que Walpole possuía na sua residência de Strawberry Hill, provenientes de Goa6.
"Também o novelista britânico William Thomas Beckford viveu em Monserrate entre 1774 e 1799, antes de
voltar ao Reino Unido. Walpole e Beckford foram indubitavelmente dois personagens significativos para o
desenvolvimento dos revivalismos neogóticos no Reino Unido.
Walpole, considerado o introdutor do romance gótico negro no Reino Unido com o seu poema The
Castle of Otranto[…]7, tinha comprado em 1747 a residência de Strawberry Hill em Twickenham, perto de
Londres. Dois anos depois iniciou a sua ampliação apoiando-se num comité de consultoria constituído por
projectistas como William Robinson, John Chute, Richard Bentley, James Essex e James Wyatt. Imbuído
pelo espírito romântico dos ideais cavaleirescos, o excêntrico novelista pretendia transformar a sua residência num castelo, promovendo uma disposição pitoresca do edifício que aludía aos cenários da sua obra
literária. A fantasia e extravagância dos fragmentos góticos, livremente interpretados e incluídos na sua
construção, concediam assim um ambiente de carácter goticista."

Excerto retirado de um pdf a que podem aceder indo por aqui


14
Jun 21
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Aproveita-se para guardar aqui estas informações, ao mesmo tempo que ficam visíveis, e legíveis para os nossos leitores:

Para que se possa, facilmente, ver o modo de «trabalhar» de alguns universitários portugueses...

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Se o que este Pedro Alves fez, está aqui, e explicado por ele, com todas as letras.

Já Vítor Serrão fê-lo de forma traiçoeira, e escondendo-se, mas motivado pelas ideologias que sempre apregoa. Em suma, num comportamento que fica bem (de mais) a quem está à frente do que não deixa de ser um serviço público à comunidade... 


04
Jun 21
publicado por primaluce, às 23:00link do post | comentar

Um dia aparece...

 

Claro que é admirável alguém como José Gomes Ferreira sair das suas tamanquinhas em prol do país. Como está anunciado,  mas é verdade, nós ainda não chegámos ao livro

De qualquer modo, não temos pressa, já que sabemos, como o tempo vai sempre fazendo o seu papel. Uns e outros hão-de dar notícias.

E a este propósito lembra-se como - no ano passado já o fizemos  - ao descobrir o fake (mais do que deliberado) que existe na National Gallery.

Aqui fica a imagem (que podem ampliar noutro separador):

E mais acima, no link, obtêm outros que lhe estão associados (ver também em Iconoteologia). E assim têm muito para se entreterem, bom fim de semana!


02
Jun 21
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Este presente de Vítor Serrão é para não esquecer, por isso aqui fica

 

Dele quero sublinhar aquilo que não tem outro nome...

AH! Mas, vendo bem, até tem. Em vez da INVEJA, «vejamos» que pode ser designada por invídia.

É o ver de lado, o não conseguir posicionar-se de frente para o que se quer ver, e portanto a visão fica escorça, distorcida, oblíqua.

Os arquitectos fazem rebatimentos para ver em verdadeira grandeza. Os historiadores usam e abusam da perspectiva. 

E até dizem que é simbólica, à maneira de E. Panofsky...

É pena, mas quando queremos ver bem (se de facto o queremos?), o corpo, o pescoço, os olhos rodam, para que as imagens tenham foco na retina, i. e., bem no centro da fóvea.

Voltamos ao título, e ao que a oferta de Vítor Serrão, postada na nossa página de FB disfarça muito mal, ou mesmo nada. PATENTEIA:

trabalhoÁrduo.jpg

A ideia certíssima de que as mulheres têm que ser as mais trabalhadoras: "trabalho árduo a fim de merecer..."  

Já sabemos: que os homens com menos 38% - como está nas estatísticas -, têm o mesmo... Onde está a novidade?

Infelizmente, não só para mim, vimos praticar isto ao vivo. E ouvimos até palavras maviosas como aqui se guardam


15
Mai 21
publicado por primaluce, às 18:30link do post | comentar

Seja na Ciência, ou seja na Arte, o que, felizmente, nós não sentimos acontecer na área da Arquitectura:

Uma área pluridisciplinar em que - é forçoso (ser assim) - se é treinado para a criatividade. 

Se temos chamado Frei Tomás a Vítor Serrão, hoje preferimos fazer outras analogias, concretamente com histórias infantis:

Primeiro porque queremos acabar este post com um texto de G. K. Chesterton sobre São Tomás de Aquino e o seu aristotelismo.

Depois, porque na verdade é como se fora um conto infantil, esta história de pôr a "raposinha-pilha-galinhas", a tomar conta da capoeira.

Essa guarda ficará pouco bem entregue, parece-nos (?), mas é uma ideia nossa... e quem somos nós?

Sinceramente, nunca pensei (desde 2002-2005-2008) que um dia iria ter coragem para isto que agora estou a fazer. 

É que há stress, há o coração acelerado, mas enfim, vem depois uma certa acalmia, a sensação de ter feito o correcto e aquilo que devia. Bom mesmo seria não ter que fazer nada, e poder estar grata. Inclusive e sobretudo grata a Vítor Serrão (como está nos agradecimentos do trabalho publicado); mas o sentimento é, tem que ser, muito ambíguo. E nesta data, ou neste instante, há que não desistir.

Não se trata de vingança, de todo, embora obrigue a ter, e a gastar, uma grande dose de energia. Obriga-nos a conseguir ultrapassar uma qualquer coisa que é difícil de definir: talvez semelhante à timidez? Enfim, é o tomar a palavra, é o conseguir exprimir a imensa incorrecção (alheia), e é principalmente o não ficar calada.

Quanto ao que parece "um lavar de roupa suja" - veja-se que a terminologia não é nossa, nem fomos nós que varremos para baixo do tapete. Embora continuemos a questionar, como é possível, que alguém que tem um CV invejável, supostamente (*2), não ter pensado que barrar/impedir uma investigação - cujos sinais exploratórios já eram então demasiado promissores e óbvios; como é possível esse alguém não ter pensado, previamente, que um dia, no futuro, lhe iria assentar demasiado mal todo esse comportamento? 

Tudo o que eles «barraram» - Vitor Serrão, Fernando António Baptista Pereira, e Maria João Baptista Neto (*3) - depois de 2005, e apesar das nossas imensas dificuldades para conseguir escrever - na verdade, tudo isso não pára de se confirmar. Já que também, pela nossa parte, conseguimos não parar de investigar.

Consequentemente, continuámos sempre a consolidar, e a ampliar as nossas ideias iniciais.  

Se há muito tempo que passámos a ter certezas, o que vamos continuar a fazer - dentro das nossas possibilidades - é a falar de uma Nova História da Arte. Como aliás já ficou esboçado no título do estudo dedicado a Monserrate.

Uma História da Arte, em que os estilos - começando no Românico, Gótico e muitos dos detalhes mais característicos do estilo Barroco  - nasceram em Ideogramas criados na Antiguidade Tardia (cristã) e na Idade Média.

E sobre estes ideogramas, a que vários autores chamam simplesmente Diagramas, um dos textos mais explícitos que conheço - depois dos de Patrice Sicard (a que a bibliografia que Maria João Neto me proporcionou, deu acesso directo...) - é o seguinte. Sem dúvida um texto bastante difícil, mas também interessantíssimo, e a merecer ser lido e relido com toda a atenção, para melhor o entendermos. Vem de G. K. Chesterton e do seu S. Tomás de Aquino, cuja capa está acima (ver pp. 88- 90, Aletheia Editores, Lisboa Setembro de 2012).

Antes de lerem o excerto que se escolheu, lembramos que Gilbert Keith Chesterton viveu entre 1874-1936. Portanto algumas passagens poderão parecer algo estranhas. Embora outras - como são as referências aos diagramas abstractos, e estes em contraposição à verdade intensa que perpassa de muitas imagens do cristianismo - i. e., de imagens não abstractas, e portanto muitas vezes dolorosas, porque são narrativas da Incarnação e da vida de Cristo. Claro que essas outras passagens, nos dizem muito, estando exactamente neste ponto (concretamente no diálogo entre imagens abstractas e imagens naturalistas), aquilo que contestamos, no comportamento de Vítor Serrão (*4)

Ou seja, no facto de não ter aceite que se prosseguisse uma investigação relativa às Origens do Gótico, e a tudo o que nesse estilo - como nos outros -, provém de geometrismos que, desde há séculos, eram significantes:

À semelhança de uma língua: não alfabética, mas ideogramática.

Mas passemos agora ao que G.K. Chesterton explica, e à vontade que S. Tomás terá tido, de tornar a Arte mais naturalista, retirando-lhe os elementos platónicos, de origem gráfica, ou caligráfica (*5):

"O que tornou a revolução aristotélica profundamente revolucionária foi o facto de ser religiosa. É ponto tão fundamental, que julguei conveniente apresentá-lo nas primeiras páginas deste livro: que a revolta foi em grande parte uma revolta dos elementos mais cristãos da cristandade. São Tomás, exactamente como São Francisco, sentiu no subconsciente que a massa da sua gente ia deixando a sólida doutrina e disciplina católica, gasta lentamente por mais de mil anos de rotina, e que a fé precisava de ser apresentada a uma nova luz e encarada por um ângulo diferente. Não tinha outro motivo senão o de desejar torná-la popular para a salvação do povo. Dum modo geral, é verdade que durante algum tempo ela fora demasiado platónica para ser popular. Precisava de algo como o toque sagaz e familiar de Aristóteles, para a transformar de novo em religião de senso comum. Quer o motivo, quer o método se manifestam na controvérsia de Tomás de Aquino com os agostinianos.

Primeiro devemos recordar que a influência grega continuou a fazer-se sentir, desde o império grego, ou, pelo menos, desde o centro do império romano que estava na cidade grega de Bizâncio e já não em Roma. Essa influência era bizantina em todos os sentidos, no bom e no mau. Como a arte bizantina, era severa, matemática e um pouco terrível; como a etiqueta bizantina, era oriental e levemente decadente. Devemos ao saber do Sr. Christopher Dawson muita luz sobre o modo como Bizâncio lentamente se cristalizou numa espécie de teocracia asiática, mais semelhante à do sagrado imperador na China. Mas até as pessoas incultas podem ver a diferença no modo como o cristianismo oriental simplificava tudo, do mesmo modo que reduzia as imagens a ícones que melhor se poderiam chamar figurinos do que verdadeiros quadros com variedade e arte; e isso fez uma guerra decidida e destrutiva às estátuas.

Assim vemos esta coisa estranha, que o Oriente era a terra da cruz e o Ocidente a terra do crucifixo. Os gregos estavam a ser desumanizados por um símbolo radiante, ao passo que os godos iam sendo humanizados por um instrumento de tortura. Só o Ocidente fez quadros realistas da maior de todas as histórias originárias do Oriente.

Eis porque o elemento grego na teologia cristã tendeu cada vez mais para se converter numa espécie de platonismo seco, uma coisa de diagramas e de abstracções, todas elas muitíssimo nobres, sem dúvida, mas que não eram suficientemente tocadas por essa coisa imensa que, por definição, é quase o contrário das abstracções: a Incarnação. O seu Logos era o Verbo, mas não o Verbo feito carne. Por vias muito subtis, muitas vezes escapando à definição doutrinal, este espírito espalhou-se pelo mundo da cristandade, a partir do lugar onde o sagrado imperador se sentava debaixo de mosaicos dourados; e a civilização do império romano nivelou-se numa degradação moral, que preparou uma espécie de caminho suave para Maomé. Porque o islão foi a realização final dos iconoclastas. Todavia, muito antes disso, já havia esta tendência para tornar a cruz meramente decorativa como o crescente, transformá-la num símbolo como a chave grega ou a roda de Buda. Mas há algo de passivo num tal mundo de símbolos; a chave grega não abre porta nenhuma, enquanto a roda de Buda gira sempre e nunca avança.

Em parte devido a estas influências negativas, em parte devido a um ascetismo necessário e nobre, que buscava rivalizar com o padrão tremendo dos mártires, as primitivas idades cristãs haviam sido excessivamente anticorpóreas e demasiado próximas da linha perigosa do misticismo maniqueu. Havia, porém, muito menos perigo em os santos macerarem o corpo do que em os sábios o desprezarem. Admitida toda a grandeza da contribuição de Agostinho para o cristianismo, havia, de certo modo, perigo mais subtil no Agostinho platónico do que no Agostinho maniqueu. Dela proveio uma mentalidade que, inconscientemente, levou à heresia de dividir a substância da Trindade. Pensava que Deus era, de modo demasiado exclusivo, um Espírito que purifica ou um Salvador que redime, e muito pouco um Criador que cria. Eis porque homens como Tomás de Aquino entendiam dever corrigir Platão pelo recurso a Aristóteles, ele que considerou as coisas como as encontrou, exactamente como Tomás de Aquino as aceitou conforme Deus as fez. Em toda a obra de São Tomás, o mundo de criação positiva está perpetuamente presente. Humanamente falando, foi ele quem salvou o elemento humano na teologia cristã, embora utilizasse, por conveniência, certos elementos da filosofia pagã. Mas, como já se disse, o elemento humano é também cristão.

O pânico pelo perigo aristotélico, que passara pelos elevados postos da Igreja, foi provavelmente um vento seco do deserto. Na realidade, vinha mais carregado do medo de Maomé do que de Aristóteles, o que não deixa de ter a sua ironia, porque na verdade há muito mais dificuldade em reconciliar Aristóteles com Maomé do que em reconciliá-lo com Cristo.

Enfim, para nós, e estamos a insistir, a arte, principalmente a arquitectura medieval, e os chamados estilos históricos, nasceram dessa "... coisa de diagramas e de abstracções..." platónicas, que Vítor Serrão insiste em continuar a não ver. Em afastar, em barrar e em dificultar a investigação... Porquê?

Quando todos nós sabemos que as ideias, e o material científico, é, tantas vezes, de uma imensa fragilidade.

Porquê? Quando tudo o que se encontrou foi por mero acaso...?

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(*1) É o titulo mais apropriado para responder de forma clara e abrangente. E se acima partilhamos o post de Vítor Serrão é para que se veja que não desistimos

(*2) Porque o é, e talvez muito?, ainda por cima alicerçado no imenso trabalho já desenvolvido pelo seu pai - Veríssimo Serrão. O que nada tem de errado, lembrando-nos por exemplo Oleg Grabar, que deu continuidade a uma certa «linha de investigação» que já vinha do seu pai - André Grabar. 

(*3) Embora continue a achar que a orientadora dos nossos estudos - Maria João Baptista Neto (a quem devo o desenvolvimento e o imenso interesse que lhes conferiu, logo no começo, em Nov. de 2001) - também ela, talvez?, continuamos nós a achar, terá sido igualmente vítima... Mas se sim ou não (?), em definitivo, não sei. O que sei, é que com outras ajudas (concretamente do SPGL) outras lutas, que nos pareciam bem mais difíceis do que esta, em boa parte, já se  resolveram.

(*4) É verdade que Vítor Serrão, no contacto próximo é sempre extremamente correcto e se desfaz em atenções simpáticas, como é absolutamente normal. No entanto deixa de ser normal, sobretudo na posição institucional que ocupa, um permanente medir de forças, ou o estar em comparações típicas de quem precisa de se afirmar. Não querendo fazer o seu retrato psicológico - o que fica para um biógrafo (!?) -, mais uma vez considerando o seu CV, que «construiu a pulso», custa-nos a crer, mas parece ser real: que a qualidade dos trabalhos que podem sair do Instituto de História da Arte da Fac. Letras da Universidade de Lisboa, tenham que ser marcados pela afirmação pessoal de uma personalidade, que, afectiva e invariavelmente actua como um hiper-carente?    

(*5) Esta espécie de discussão - ou jogo de ténis como já uma vez lemos algures - entre (adeptos de) platonismo e aristotelismo é bem interessante, obrigando a esta nota que é afinal mais uma reflexão. Porque, não temos dúvidas que as «abreviaturas da fé», a que muitos chamam símbolos, eram formas de uma escrita rápida, para esquematizar ideias. Como muito bem explica Rudolph Arnheim em Visual Thinking e de que já escrevemos algumas vezes ( como este é um desses exemplos)

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Não esquecer que este nosso post  nasceu aqui


06
Abr 21
publicado por primaluce, às 14:00link do post | comentar

Diz o provérbio...

 

Mas também nos disse, um dia, um grande «taxonomista»:

 

"Glória, as mulheres são uma onda, mas os homens é que organizam!"*

 

Assim (como está no título), é neste contexto - o de uma sociedade dividida entre feminino e masculino, bem como de outras questões, minúsculas, muito características dos povos desenvolvidos (e do estádio em que ainda nos mantemos...) - que hoje deixamos um óptimo exemplo de bibliografia dedicada à Arte Cristã.

 

E já agora, pois é incluído no fim (ver na p. 635) o conselho dos próprios autores - Peter e Linda Murray - do que aprenderam com os seus mestres. Chegando ao ponto de também eles o quererem transmitir aos que os lêem:

Com a intenção, quem sabe, de ser um passa-palavra, uma ideia ou um testemunho, cuja transmissão não se devesse interromper?

Murray-DictOfArt.jpg

PETER & LINDA MURRAY.jpg

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* Assunto de que já escrevemos, ... e há muito tempo!  Esquecendo-se - é provável ou é propositado? - tal como continuam todos a esquecer, que já não estamos nos anos 60. Que os cérebros femininos ou masculinos já são agora igualmente bons a pensar, e a fazer Ciência. E não são um superior ao outro. Pelo menos até ver ...?

Como se esquecem que a Arte é obra/concepção humana, e não de Deus. A Arte (de que aqui se fala) não é a Natureza! Não são as espécies animais...! Embora muitas analogias ajudem a pensar (e a energizar o pensamento - tal como as imagens sempre fizeram), o darwinismo na Arte já foi... É coisa passadíssima!

Portanto..., fortemente provável - dizemos nós - terá sido de Deus e da Cultura Cristã, que veio a inspiração e também as formas, que se vêem plasmadas nos valores culturais, e patrimoniais, mais antigos  


22
Jul 20
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Mas que se empregaram pelas mais diferentes razões:

 

As primeiras desconhecidas... dizem alguns*. Como estão na imagem já a seguir- Mausoléu de Santa Constança - e ainda nas imagens seguintes...

StaCostanza-detalhe.jpg

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CruzPátea-Culots.jpg

Iconografia-minhota-jugo de bois-2.jpg

Que se usaram em fachadas antigas, ou nas de edifícios emblemáticos, recentes - como acontece na Biblioteca de Birmingham.  Empregues, quem sabe, "por alguma reminiscência, ou de sentido vagamente conhecido"? Como no século XVIII escreveu William Chambers,  o arquitecto que foi professor de William Beckford

fachadaBirmingham-2.jpg

Que os vemos num jugo de bois, minhoto (de que data?...)

Minho-JugoBois-detalhe.jpg

E ainda num "colar honorifico" - dizemos nós. Seria condecoração, efectiva, ou apenas uma mera "legenda visual". Enfática, a sugerir o "mérito" daqueles em quem fosse colocada?

ludovico-colar.Argolas-mandorlas

Só que, depois desta imagem lembramo-nos de um monumento português, incontornável e Património da Unesco. Em que nesse caso até existe fivela...**maria-i.jpg

Ou, enfim, em galões multicolores, que, como se explica na legenda acima foram moda no século XVII, entre os nobres... Por isso aqui dizemos - e corrigimos Judith Miller a autora de The Style Sourcebook*** - que no século XVII ainda se usavam, e acreditamos, com a consciencia plena do respectivo significado antigo.

Embora mais tarde, por exemplo no Porto, na casa-atelier que foi do arquitecto José Marques da Silva, numa varanda, estejam lá os mesmos circulos entrelaçados que viu e contactou (como há provas disto) no túmulo de Egas Moniz. Assim como, também em Lisboa, na Av. da Liberdade, se vêem os mesmos círculos - como na Casa de Marques da Silva - a aparecerem num contexto e gosto art déco.  

E onde, note-se, não parece haver qualquer vontade de revivlismo; ou, nem sequer de «heraldização»!

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*Alguns entre os quais se destacam os Historiadores da Arte. Mais propriamente os que ignoram «os ingredientes» de que a Arte era feita. Enfim os que desconhecem que Arte significava, e ainda significa (mesmo que muitos o esqueçam) habilidade:

A habilidade mental que alguns tinham, exactamente para, com imaginação, juntar e trabalhar os referidos ingredientes - ou motivos - como lhes chamava Robert Smith. Ingredientes que, como também lemos, Miguel Metelo de Seixas «quer  agora» que sejam heráldicos.

Quase a concluir este post que é sobretudo visual:  estamos perante Círculos e mais círculos (que ninguém quer entender) - coisa de que alguns têm medo, como se o passado os atormentasse? E por isso, como há dias pudemos ler, pela Connaissance des Arts, também são vistos como Esoterismos

** Ver aqui

***Judith Miller - The Style Sourcebook, ed Mitchell Beazley. London 1998.


16
Jun 20
publicado por primaluce, às 12:00link do post | comentar

Sem sermos historiadores, sabemos que há muita(s) história(s) - que são mais estórias ou estorietas -, e que anda(m) muito mal contada(s):

 

Desde 2002-2004, e do que descobrimos a propósito do estudo do Palácio de Monserrate, em Sintra, passámos também a saber que se erguem monumentos a valores e a ideias que andam deturpados e deturpadas; propositadamente?, quem sabe...

Claro que este não é o tempo de perdermos todas as referências (como alguém que ao mudar de casa deixa de saber para onde mudou os seus pertences e valores)

Claro que a Nova Crise (do novo corona) não devia justificar uma enormidade de desmandos... Nem muito menos o derrube de valores que alguns temos como adquiridos, ao longo de vários séculos.

Mas justifica sim, todos merecemos - e isto não é um derrubar mas é um elevar! – a elevação dos valores que têm um sentido superior: i. e., superior ao das banalidades, e aos das trafulhices que, em Portugal, muitas destas, são quotidianas.

As estátuas de pedra e bronze não têm culpa, estão em pedestais porque outros reconheceram o valor, no passado, das figuras que representam.

Perigosas sim, são as pessoas que ainda agora se armam em estátuas, empoleiradas em tachos e pedestais, de onde actuam como se vivessem, para sempre, em «bases» que mais lembram redutos e castelos (porque, venha o que vier, dali não saem, dali ninguém as tira...)

Os que sem darem oportunidade(s) à verdadeira História, à sua investigação e ao seu Conhecimento pelo maior número – e isto é o que se passa nalgumas universidades em Portugal -, têm fortíssimas responsabilidades pela fraca ou nenhuma Ciência e Cultura, que na área da História não chega a todos:

Pelo contrário, vive-se como se a História, a Cultura e o Conhecimento fossem só para uns, poucos eleitos!   

Aqui, desde 2004-2005, se nos tornámos activistas, não é para derrubar estátuas de materiais inertes, mas é por causas e razões concretas. Mais: se para um arquitecto o direito à habitação é constitucional, estes - o Direito ao Conhecimento e à Cultura – também o são, ao mesmo nível, ou superior*.

Aliás se lerem na Constituição, no artigo 73º, 4., aí consta com toda a clareza a liberdade e a autonomia para a obtenção de novos dados: "A criação e a investigação científicas, bem como a inovação tecnológica, são incentivadas e apoiadas pelo Estado..."

E não consta aquilo que connosco se passou: não está na redacção da lei constitucional, nenhuma referência às preferências ideológicas dos responsáveis dos departamentos universitários:

Aos gostos dessas estátuas vivas, feitas empecilhos nos caminhos que só eles entendem; ou que só eles sabem por onde é que se pode e deve ir: «feitos sinaleiros»

Não consta na lei constitucional, que é possível haver responsáveis em centros de investigação do ensino superior, que não sejam interdisciplinares; ou que não compreendam, minimamente, as disciplinas e os saberes essenciais, que fazem ou fizeram a Arte. Em suma que rejeitem actualizações e novas visões, incluindo as que vêm de fora.

Se nós em 2002 percebemos a importância do FILIOQUE - e como esta questão mudou o mundo; e mesmo que só tenha acontecido em 2015, que Peter Frankopan se refira a esta mesma questão** (numa obra que é uma óptima actualização da História Mundial), a verdade é que não somos só nós a detectar esta problmática, e a sua imensa importância no decurso da História.

E se P. Frankopan é muito mais novo do que Jacques Le Goff, é no Historiador francês - com quem Vítor Serrão e Maria João Baptista Neto têm a obrigação de ter aprendido -, que esta questão está bem mais explicada, e mais desenvolvida***. 

E culpam-nos a nós, por termos seguido caminhos que a História sabe que existiram..., mas os nossos «profs.» não?

Caminhos que os Historiadores internacionais têm abordado, mas que os historiadores de arte portugueses (na FLUL) querem ignorar. Isto é discriminação pura:

Seja de género, seja científica, seja o seu cúmulo, ou seja o que for!?

É a prova de que há milhares de racismos, numa sociedade que se finge ser muito justa, mas onde pululam inúmeras injustiças.

E onde o ESTADO, por fim, só há-de intervir quando tem que enfrentar as situações extremas...

Portanto, elevem-se, e ajudem os outros a elevarem-se, antes de haver derrube de estátuas.

Não venham lamentar a perca dos Patrimónios Materiais,

quando os Patrimónios Imateriais que os justificam, fazem parte das vossas muito queridas e muito cultivadas ignorâncias.

(como a seguir se prova:)

Image0043.JPGP. Frankopan-p.74.jpg

P. Frankopan-p.164.jpg

JacquesLeGoff-Filioque-p.148.jpg

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Artigo 65.º(Habitação e urbanismo)

  1. Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.
  2. Para assegurar o direito à habitação, incumbe ao Estado: (...)

Direitos e deveres culturais Artigo 73.º(Educação, cultura e ciência)

  1. Todos têm direito à educação e à cultura.
  2. O Estado promove a democratização da educação e as demais condições para que a educação, realizada através da escola e de outros meios formativos, contribua para a igualdade de oportunidades, a superação das desigualdades económicas, sociais e culturais, o desenvolvimento da personalidade e do espírito de tolerância, de compreensão mútua, de solidariedade e de responsabilidade, para o progresso social e para a participação democrática na vida colectiva.
  3. O Estado promove a democratização da cultura, incentivando e assegurando o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural, em colaboração com os órgãos de comunicação social, as associações e fundações de fins culturais, as colectividades de cultura e recreio, as associações de defesa do património cultural, as organizações de moradores e outros agentes culturais.
  4. A criação e a investigação científicas, bem como a inovação tecnológica, são incentivadas e apoiadas pelo Estado, por forma a assegurar a respectiva liberdade e autonomia, o reforço da competitividade e a articulação entre as instituições científicas e as empresas. Ver em:https://www.parlamento.pt/Legislacao/Documents/constpt2005.pdf

** Ver em Peter Frankopan, As Rotas da Seda, Uma Nova História do Mundo, Ed. ÍTACA, Lisboa 2018. Nas pp, 74 e 164, a questao concreta da Dupla Procedencia do Espírito Santo (que é designada como Filioque).

*** Ver em Jacques Le Goff, com Jean-Maurice de Montremy, Em Busca da Idade Média, Teorema, Lisboa 2004, p. 148. Mais, quem não ler este livro, definitivamente, não quer compreender a Idade Média. Não quer perceber a dose de «arbitrariedade» que foi instilada no século XIX por Jacob Burckhardt (1818-1897), quando escreveu A Civilização do Renascimento em Itália. A clivagem que assim introduziu no entendimento da História. 

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