Não é possível exauri-lo (ao tema), porque há vãos bífores desde o período da chamada arquitectura românica, até aos neomedievais, por toda a Europa Cristã. Mas não só, pois também se vêem, por exemplo, e com enorme frequência, nas fotografias feitas em Istambul, por qualquer turista.
Poderão muitos não gostar (?) - em especial aqueles que nos deveriam ter dado as condições para a prossecução dos estudos de doutoramento. Ou os que acham que perdem algum valor, com um mais completo, divulgado e adequado, conhecimento da História da Arte? Mas vão ter que se habituar. Há uma nova História da Arquitectura que permite explicar os mais variados casos, «enigmas da história» - se lhes quiserem chamar assim, e sobretudo os Estilos Arquitectónicos.
Um dia todos poderão entender este tema, se lhe dedicarmos atenção, gosto, e o aprofundarmos. Exige mais conhecimentos e menos superficialidade. Como temos dito, exige que dominem Geometria e conheçam mais e melhor a Teologia Cristã. Com esses conhecimentos deixam de se fazer afirmações infundadas e sem sentido, em torno da espacialidade das edificações; da eficácia estrutural, das influências (de onde vieram?), de supostos anacronismos; até de enigmas, e de charadas, etc., etc., etc.
Compreender-se-á que os autores usaram, com mais ou menos liberdade, os Ideogramas que entenderam usar; ou, aqueles que a Igreja aconselhava que se empregassem, nos diferentes períodos históricos.
Compreender-se-á o que foi a inovação, independentemente da história de cada arquitecto ou de cada pintor. Perceber-se-á que a História da Arte passa bastante mais pela história das obras, do que pela história dos seus autores...
Haverá casos em que a história dos autores os tornou mais criativos e interventivos - poderemos notar isso - mas em geral, veremos como foram «agentes», e autores típicos, do tempo em que viveram.
Vejam em Iconoteologia
http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/13975.html
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/dc/Firenze.PalVecchio05.JPG
PS. Em Monserrate uma nova história alertámos para aquilo que se designou uma "indumentária visual", que, dissemos aí, foi característica da arquitectura medieval. Hoje sabemos que essa indumentária visual, como é destacado por José Manuel Fernandes, chegou, em muitos casos, à arquitectura do século XX. No entanto essa nossa ideia nasceu, lembro-me bem do momento, a falar com Maria João Neto, tendo à frente uma miniatura (com moldura e tudo!) dos Painéis de São Vicente. Se há obra que se deva comparar com a arquitectura medieval, no sentido de reunião de ideogramas, apostos no exterior e na aparência, não de edificações mas de pessoas, é essa.
Altamente simbólica, porque quer estar em total consonância com o Símbolo de Niceia-Constantinopla: a Fé que fundamenta a Igreja Cristã, e que, tal como o fenómeno chamado romanização também foi uma cristianização; assim também, nos séculos XIV-XV-XVI, era o Império do Espírito Santo - a principal questão/tema inscrito nos vãos bífores, e depois no arco quebrado, em todas as igrejas (e na Igreja) - que os portugueses queriam levar ao mundo.
É essa, em nossa opinião, a mensagem essencial dos Painéis de São Vicente. Enfim, aquilo que foi feito: Cristianizar