Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
04
Nov 11
publicado por primaluce, às 10:00link do post | comentar

Há uma frase que, praticamente desconhecia, até há mais de 30 e tal anos. Mas eis senão quando passei a estar com alguns que a repetiam a torto e a direito, por nada e por tudo : "...é para o lado que eu durmo melhor!"*

Mas como esta talentosa e brilhante asneira em geral surgia como a reacção de alguém que não queria saber de algo importante, devo dizer que é uma frase a que "temos pó!" E temos no plural, como explica Umberto Eco que se deve escrever uma tese. Pois queremos - cremos sinceramente - nesta noção, não estar só!

E foi para que tivesse um sono eterno e descansado - como católico ortodoxo, que acreditava plenamente na fé de Roma, e não naquela que os visigodos defenderam até muito tarde (ainda ligada ao culto moçárabe que se manteve na Península Ibérica até ao século XI**) - que este e outros motivos foram colocados no túmulo de Egas Moniz.

Vejam em Monserrate uma nova história (fig. 91 e todos os textos que se relacionam com esta questão), onde já há imensa informação sobre o assunto: esteve na raiz de todas as nossas descobertas, muitas e sucessivas, há que o dizer***.

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*Resta acrescentar uma curiosidade: há dias percebi que a palavra grega que origina a portuguesa palavra Cemitério (χοιμητήριον), é a mesma que em grego quer dizer dormir.

**Ver em Mozarabic rite, no Concise Dictionary of The Christian Church, E. A. Livingstone, Oxford University Press, 2006.

***Tem bold e sublinhado, mas não é auto-elogio, nem auto-defesa, muito menos marketing pessoal; é apenas uma constatação (um mero esboço de quantificação, pois contar mesmo, a isso não nos atrevemos, como em próximos posts, e sobretudo na tese se há-de provar). 


18
Jan 11
publicado por primaluce, às 13:14link do post | comentar

Factos recentes, que não deixam de impressionar, e depois até mesmo algumas das suas evoluções, que julgávamos impensáveis, levam-nos a tentar incluir aqui, alguns ensinamentos mínimos: uma breve reflexão.

A excessiva mineralização do espaço urbano, havendo casos em que o solo e o subsolo, tornados funcionais - porque repletos de canais e de condutas, de ventiladores e respectivas grelhas, etc., que permitem criar ambientes artificiais. Todos esses mecanismos, embutidos e bem escamoteados, podem levar a que não se tenha a noção do tipo de espaço em que se está. Ou, até, como todo ele funciona?

É o que acontece nalgumas grandes cidades, e nas suas praças, em que vários espaços abertos, e ao ar livre, que por isso julgamos reunirem todas as características dos verdadeiros espaços naturais, podem estar bastante longe de o serem!

Constata-se que muitos podem não compreender que esses espaços abertos, que por isso supõem totalmente naturais - esquecendo-se as várias sobreposições em altura, sucessivas (constituídas por várias caves e ocupações do subsolo); nessas situações é fácil as pessoas não se aperceberem da enorme artificialidade do ambiente que as rodeia, e onde estão.

Já estivemos em Times Sq - praça que nasce do cruzamento de uma diagonal, com uma malha ortogonal, de ocupação urbana por quarteirões; e já projectámos a ampliação de um pequeno Cemitério. Neste caso, e como talvez as fotografias demonstrem, debatemo-nos, exactamente, com a necessidade de referenciar (e ampliar ao máximo) os elementos naturais: não exactamente para os tornar «funcionais», mas, para tentar, de alguma forma, que remetessem para uma reflexão sobre a nossa condição, de "Humanos".

Em suma, um dos objectivos foi conseguir tornar presente - i. e., «representar» - apesar da densidade da ocupação, e do excesso de mineralização, que se sabia iria existir, a ideia de que somos pó e terra, à qual havemos de voltar. 

Não é este o local, mas, no nosso viver colectivo, enquanto sociedade, são inúmeros os temas em que não temos reflectido. E a "Representação da Morte", corolário mais do que lógico do valor (ou da exaltação) da vida, é um deles...


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