"Pela importância que é impossível não reconhecer a uma investigação centrada nesta temática [a origem dos Estilos Artísticos e Arquitectónicos], temos tentado, tudo por tudo, conseguir levar a bom termo o plano de trabalho que delineámos. Incluindo no mesmo, e em linhas gerais, as principais descobertas que fomos fazendo, sobretudo a partir de 2005, data em que acabámos o mestrado. Descobertas, ou os materiais que encontrámos, porque, de facto, e muito cedo (em 2002, estando na FL-UL) «acertámos», exactamente, nas linhas de investigação em que era necessário trabalhar e porfiar, para conseguir ter resultados positivos."
Deste texto quisemos hoje sublinhar a palavra «porfiar», pois tem sido veemente, enfática - e, provavelmente (para alguns), quase obsessiva - a nossa vontade, e o imenso trabalho que, em consequência temos tido, para aprofundar e levar mais longe o que se descobriu, ou «trouxe à luz», a propósito do Palácio de Monserrate.
Assim o post do dia 26 de Janeiro mantém a sua actualidade, quer sobre a necessidade de termos condições para escrever a tese; quer pelas muitas palavras, que fornece, remetendo para diferentes vertentes desta imensa questão. Vertentes que podem ser analisadas, de per si, depois de ampliadas, constituindo material para muito mais investigações.
Quanto à palavra «porfiar», ou o que queremos dizer ao empregá-la, é porque se assiste, de facto, à existência de uma imensidade de materiais - que são documentos não escritos, mas visuais, isto é, as próprias obras - que provam as nossas ideias:
Primeiro, como muita informação e aprendizagem é feita, e foi feita, através da visão. Depois, como a Geometria foi durante milhares de anos, a disciplina fornecedora das regras de constituição das imagens. Devendo por isso ser tratada como a base mental com que olhamos, e, sobretudo, a base com que podemos compreender aquilo que vemos. Foi com estes dados essenciais, e bastam estes dois (mas poderíamos ir buscar um terceiro dado, ainda mais essencial, que é a natureza*), para que tudo - neste caso o Pensamento e a Conceptualização - aparecesse depois: formando-se em acréscimos sucessivos.
Enfim, esses acréscimos são todas as elaborações mentais que fazemos, a partir dos referidos dados, que foram primordiais.
Pavilhão Real de Brighton (1824)
A fotografia acima mostra uma das obras mais destacadas de John Nash (1752-1835): i. e., a síntese que fez a partir de inúmeros dados, incluindo as pré-existências que já estavam no local (em Brighton), e que teve que aglutinar, dando-lhes um sentido com um mínimo de coerência. Mas, apesar de escrevermos isto, é verdade que para muitos a obra está longe de ser coerente! Ao contrário, os que a consideram lógica, chegam a integrá-la até num Estilo, ou, pelo menos, numa «corrente estilística», onde também estão vários exemplos de grande ecletismo. A fotografia (vinda de Patrick Conner, de Oriental Architecture in the West) demonstra a existência desse espírito que existiu. Além de Eclético - reunião de marcas identificáveis, de diferentes épocas ou proveniências - aparece muito carregado de Orientalismo. E a fotografia também prova, que cúpulas bulbosas - ou em forma de bolbo, que alguns têm escrito haver na mansão de Sintra - de facto, essa imagem não existe nos telhados, ou na cobertura, que é múltipla, correspondendo a cada elemento volumétrico, do Palácio de Monserrate.
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*Provavelmente, há milhares de anos, só depois da visão, da compreensão, e de algum domínio da natureza, se pôde «inventar» a Geometria?