Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
08
Abr 12
publicado por primaluce, às 10:00link do post | comentar

Em Monserrate, uma nova história, Livros Horizonte Lisboa 2008(ver op. cit., p. 40), escrevemos:

"Segundo pensamos, a imagem do símbolo (que não tem sido visto como tal), foi a Mandorla, que antecedendo o Gótico já estava em obras do Românico, Proto-Gótico. A mandorla é a forma inteira, resultante da intersecção de círculos inteiros e não apenas da sua parte superior, como são os arcos apontados, resultantes da intersecção de arcos em semi-círculo."

Na verdade, como mostram as imagens seguintes, que provêm de Umberto Eco, de A Vertigem das Listas (Difel, Lisboa 2009, p. 182), e cuja legenda informa - "Charles de Lina, Reprodução de objectos de Ourivesaria merovíngia e obras de Santo Elói, 1863 Paris, Biblioteca do Instituto": a Amêndoa que deu origem ao escudo português existiu 500-600 anos antes de Portugal se formar!**  

 
 

Por este conjunto de informações todos podem ir bastante mais longe nos seus conhecimentos. Percebe-se que aquilo que escrevemos em Monserrate, uma nova história é apenas o início de uma verdade completamente inovadora: este «paradoxo científico» que a história nos trouxe são conhecimentos que alguns reputam de secretos. Porém, não são segredos, nunca o foram: o seu enorme problema, é que não têm sido compreendidos e devidamente explicados.

Mais do que a questão que levantámos: a origem do escudo português - originalmente em forma de Amêndoa - não é só um Ideograma contemporâneo do Românico e do Protogótico, mas já provém da dinastia merovíngia***.

~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Assunto abordado em:

http://primaluce.blogs.sapo.pt/2011/04/26/; http://primaluce.blogs.sapo.pt/2011/05/03/; http://primaluce.blogs.sapo.pt/14818.html; http://primaluce.blogs.sapo.pt/5733.html,

a que agora se acrescenta: https://heraldica.blogs.sapo.pt/tag/bibliografia

**Se fica por esclarecer de que instituto vêm as imagens (?), por outro lado começam a esclarecer-se várias questões enigmáticas, e muito intrigantes, que têm alimentado os temas da bibliografia de best-sellers. De autores e editoras que têm explorado e enriquecido à custa de toda a nossa ignorância: a de uma vontade de alimentar «crendices esotéricas»! Por nós temos certezas (não todas mas algumas): as suficientes para nos sentirmos muito mais seguros, e podermos perceber como se faz, ou pode fazer o avanço das sociedades:

como o conhecimento da Cultura e da Tradição não é parceiro do superficial, da moda, e do "andar por aí ao desatino..."     

*** A dinastia inaugurada por Meroveu foi a de Clóvis. Foi substituída (pela acção de Pepino, o Breve) da dinastia carolíngia.

 

http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=20335

 


03
Mai 11
publicado por primaluce, às 17:00link do post | comentar

De facto, no último post acabámos abruptamente, por saber que estávamos a deixar muito material óptimo para pensar.

É que na verdade também sabíamos que haveria muitissimo mais; daí a necessidade de acabar, para depois recomeçar. E recomeça-se por aqui:

1. Em Londres as cerimónias de um casamento dito do século XXI, mas que decorreram num cenário com cerca de 800 a 900 anos.

E neste caso havia ainda a escolha da data - 29 de Abril, dia de Santa Catarina de Sena - mística e doutora da Igreja, que influiu grandemente na história do tempo em que viveu*.

2. Logo depois, nos dias seguintes, a agenda mediática passou a estar ocupada com outros assuntos a que também aludimos no nosso trabalho: a atitude de João Paulo II**. Ora, para cada um de nós, e independentemente das suas crenças, aquilo que nos é dado ver, é, exactamente, a importância da tradição e do passado, nos actos públicos (e na vida em geral) da nossa própria época.

Ainda sobre o casamento londrino, houve quem tudo resumisse à expressão que nos acorre várias vezes: "tradição e modernidade". Porém, se nos déssemos ao trabalho de analisar muitos outros factos, incluindo também a vida do cardeal polaco, que foi Papa, poderíamos notar que todo o presente é feito de passado. É com os ingredientes e com as referências que apreendemos no passado (até ontem), que hoje podemos pensar. E depois falamos, escrevemos, e desenhamos ou projectamos, com esses referentes!

Porquê esta insistência, e estas nossas reflexões sobre o assunto «Passado»?

Porque, com enorme frequência, é possível observar que alguns «modernos-contemporâneos-ferrenhos» julgam que só há modernidade se fizerem uso sistemático da novidade. Isto é, daquilo que é criado de novo. Talvez tenham razão..., mas não conhecemos muitos exemplos?

Em contrapartida, não faltam, e tornaram-se memoráveis, os casos em que as obras foram buscar elementos do passado. Sendo estes introduzidos em contextos contemporâneos. Esses exemplos tiveram depois reconhecimento, ou até êxitos, que não se podem desprezar.

Mais, aquilo que hoje percebemos terem sido os Estilos Artísticos e Arquitectónicos, são «escritas» que se socorreram de um número limitado de vocábulos (que eram imagens), para transmitirem mensagens específicas: características da Teologia Cristã (ou a catequese), de cada época...

A seguir citaríamos Regina Anacleto, e o que escreveu sobre a Arquitectura Neomedieval, nas suas diferentes fases. Não se apercebendo a autora que o espírito que esteve subjacente às obras do século XVIII, em geral é diferente do Revivalismo do século XIX; apesar de ambos irem buscar o passado! 

Mas damos outro exemplo: quando Josefa de Óbidos incluiu nos seus trabalhos as Amêndoas, hoje consideradas características de Torre de Moncorvo (pois aí continuam a fazer-se à maneira antiga), talvez pretendesse aludir ao mesmo sentido que está na Mandorla, que envolve as imagens de Cristo Pantocrator, características das obras do Românico Proto-Gótico? Perguntamos, porque ao certo não sabemos... 

Mas hoje, em geral, quem come amêndoas na Páscoa, desconhece que a Amêndoa também simbolizou Cristo, e depois a sua Ressurreição. E no entanto, quem é que por esta altura não viu amêndoas, ou não as teve, na mesa de festa?

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Sobre Santa Catarina de Sena, ler a história da sua vida em VELBC (Enciclopédia Verbo), v. 4, c. 1503.

**No nosso trabalho dedicado a Monserrate, recordamo-nos de ter feito referência a dogmas e outras definições teológicas. Demos o exemplo das atitudes de J. P. II, mais favorável à inclusão; ao contrário do que se passou no passado (na época medieval), quando, tantas vezes, a pretexto da não aceitação das ideias que a Igreja considerava ortodoxas (ou correctas), quase de imediato era decretada a exclusão (ou excomunhão), de quem se colocasse na situação de heterodoxia. Ver Monserrate, uma nova história, op. cit., p. 157.


26
Abr 11
publicado por primaluce, às 09:30link do post | comentar

Sobre Pensamento uno naturalmente todos perceberão a ideia a que nos referimos. Já o Pensamento sincopado pode prestar-se a confusões visto que a analogia vem da música, mas sem estarmos a pensar em ritmos... Quando dizemos Pensamento sincopado referimo-nos aos momentos de silêncio, e aos vazios aparentes, entre as outras realidades mais fortes, que contrastam com o intervalo (síncope ou paragem), mesmo que mínimo, em que pode não haver som*.

Voltemos ao Pensamento uno, que é completamente diferente de «Pensamento único». Em nossa opinião, tal como já referimos há dias, e é isso que nos mostram quotidianamente muitos inexperientes (gostam de ser vistos sábios e doutores...); em nossa opinião a sociedade de hoje vira-se para o que é propagandeado, publicitado e mais falado. E sabe, quase o zero (absoluto a -273ºC, ou 0ºK), de tudo o resto! Não ligam, ou fazem interagir**, as várias noções que devem ter aprendido? Pelo menos supõe-se.

O Pensamento dessas pessoas, verdadeiras caixas de ressonância daquilo que lhes é alheio, não são ideias articuladas; não são realidades conectadas, e com gaps mais ou menos preenchidos: mas são, sim e apenas, ideias soltas. Essas pessoas, de tanto se especializarem, não conseguem formular pensamentos mais ou menos completos, pois não vêem mais nada, e pouco mais conhecem, para além das suas especializações!   

É claro que se há ambientes - a Universidade, e as Empresas - em que isto muito se nota, porém vai afectar a sociedade em geral: a comunidade, o país. Muitos referem por vezes que os governantes e os políticos que vão para a AR não têm experiência de vida, que só viveram dentro dos partidos, onde fizeram carreira... Mas, a verdade é que hoje as nossas sociedades evoluíram para um excesso de especialização, onde não há transversalidade (nenhuma)! A ponto de ninguém se meter nos «assuntos dos outros», como se houvesse barreiras intransponíveis e não fosse possível, ou muitíssimo útil, saber um pouco de tudo?!

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*Aqui ocorre-nos uma explicação que recentemente ouvimos, vinda de António Vitorino de Almeida: como os estilos e os ornamentos da arquitectura vienense lhe foram úteis, ajudando-o a compreender a música. 

**Actualmente temos detectado que se usa e abusa deste verbo - «interagir», que bem usado é inteligente e útil. Mas, quando usado por tudo e por nada, faz de todos nós uns (macaquinhos) básicos: as mesmas ilhas soltas de unidades únicas (próximos das "monades" de Leibniz?)... Assim, os alunos e os mais novos, hoje preferem interagir, em vez de «falar com», ou «conversar», ou «entregar», ou «dar». Até mesmo «ensinar», «aconselhar» e «confratenizar», para muitos é igual a «interagir».

A Páscoa é muito mais do que um Domingo, sobre amêndoas e mandorlas havemos de explicar porque se comem agora; também porque passaram para os escudos, esferas armilares, etc.


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