Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Mai 18
publicado por primaluce, às 12:00link do post | comentar

... como sabemos alguns Historiadores «adoraram», verdadeiramente, esta expressão.

 

É mesmo, e por tudo e por nada lá vinham eles com as "Viagens das Formas".

Não sabiam onde as formas tinham nascido, nem como, nem porquê? E se, nem de onde vinham nem para onde foram, algum dia - ou já agora há que lhes perguntar se se terão interrogado sobre esta questão? É que o certo, é que lá vinham eles, sempre, repetindo essa expressão que veio, pensamos nós, dos autores franceses?

Terá sido de Focillon...?

Não sabemos, mas achamos divertido ver como as coisas vão «funcionando», e continuam. Só que, actualmente, a poder pôr a dita expressão num motor de busca, e é mesmo muito engraçado ver os resultados que aparecem.

Pois lá estão os títulos de alguns livros, já que por aqui, em Portugal, tudo se absorve muito (acriticamente) e assim se repete, e repete, e repete, até à náusea...

Sobretudo se vier de fora! Sem um questionamento, sem uma pergunta, sem nada! Porque a realidade é imutável (pensam eles!)..., e repetem, e repetem, e repetem...

Como se, atavicamente agarrados ao seu próprio inconsciente (muito próprio e muito individual mas que se torna colectivo), eles se dissessem: "...deram-nos assim, é a Ogiva! Porque havemos de contestar, questionar ou perguntar alguma coisa, se assim está tão benzinho?..."

focillon-o GÓTICO.jpg(índice de H. Focillon, A Arte do Ocidente)

 

Mais, completando a ideia, é sabido que aqui, em Portugal, é proibido inovar!

Sobretudo se for numa escola de design...

Sobretudo se for um arquitecto a explicar como se combinaram e compuseram imagens que depois foram ideogramas;

Sobretudo se for uma professora a leccionar há mais de 40 anos nessa mesma escola...!

 

Sabemo-lo bem, já que os nossos esforços para difundir e interessar outros por uma questão que é interessantíssima - e precisa de ser estudada com mais recursos e mais pessoas (investigadores) -, têm tido zero frutos.

E se começou nos estudos de um mestrado, continuou na Faculdade de Belas-Artes, com Fernando António Baptista Pereira a considerar que todos os seus assuntos eram sempre mais importantes do que os temas dos nossos estudos, ou do que o apoio que era suposto ele como orientador dar a uma orientanda... (porém, gabando-se que tinha dezenas de orientandos...)

Dizem-nos: "que é da Inveja..." - talvez? (é o que temos que responder)

Só que agora o Casamento Real trouxe para as redes sociais, de novo, algumas Tiaras. Sendo que há uma que a Rainha de Inglaterra tem usado em várias ocasiões, e que tem a mesma iconografia que se pode ver na Arquitectura e na Tumulária*:

Imagem de génese Iconoteológica, que foi sinal de união ao divino; ou, dito por outras palavras: a tradução em imagens (e numa época) do direito divino do poder real**.

Imagem que se transformou em padrão a partir do fim do século XI e início do século XII, tendo depois dado origem ao arco quebrado como bem explicou Juan Caramuel de Lobkowitz.

Imagem que nos foi essencial para perceber a origem da Mandorla, e como esta surgiu para traduzir o conceito cristão do Filioque.  Conceito que por exemplo a separação, ou o Cisma Luterano, não fez mais do que reforçar, na senda de uma defesa que já Carlos Magno fizera, impondo o Filioque à própria Igreja, ele que foi «mais papista que o papa»***. 

A peça que é conhecida como The Grand Duchess Vladimir Tiara  terá sido comprada pela Queen Mary em 1921. Isabel II herdou-a.Rainha Inglaterra- Andy Wharol-FS-II_334.jpg

Tem exactamente a mesma iconografia que o túmulo de Egas Moniz, a qual seguindo Owen Jones e a sua Grammar of Ornament, essa Iconografia é de origem bizantina. Será?

tombe-EgasMoniz.jpg

(desenho do túmulo de Egas Moniz, in António Feliciano de Castilho, Quadros Históricos de Portugal, Lisboa 1838)

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Desde a casa de Marques da Silva no Porto, a várias antigas "mansões" da Av. da Liberdade, e recuando até ao Túmulo de Egas Moniz onde vimos a imagem pela primeira vez.

**É uma questão antropológica claríssima...

***Se Carlos Magno se impôs ao Império como Protector da Igreja (principal instituição do Império), ele próprio foi, como repetidamente é lembrado, descendente dos antigos invasores. Mas também por isso, criador de uma nova realidade, em que o eixo de Poder, na Europa, se deslocou para Norte; uma «nova geografia» que a divisão luterana veio mais tarde reforçar e dar-lhe continuidade. Enfim, depois do Concílio de Trento vê-se a Europa dividida, o que teve a maior expressão na Arte. Concretamente na arquitectura e no chamado revivalismo do Estilo Gótico.  O estilo que se fez renascer para marcar, o máximo possível, as diferenças entre os apoiantes (e os não-apoiantes) da Reforma. Com os Protestantes a reclamarem serem os verdadeiros cristãos (dada a sua postura de exigência, como fez Lutero, e por exemplo o Pe  Carreira das Neves evidenciou...). Contra os apoiantes da Contra-Reforma de Roma, a quererem evidenciar que continuavam a usar o Estilo dos primeiros Imperadores cristãos (os que levaram à oficialização do cristianismo): i. e., o estilo que é por isso chamado Paleocristão.


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