Os que, diligente e empenhadamente estudaram o passado, obviamente que o compreenderam!
A frase acima, disse-a, escreveu-a William Morris. E isso que escreveu e passou para o nosso subtítulo, foi exactamente o que nos aconteceu. Pudemos perceber o passado como não era imaginável, nunca, que o conseguíssemos.
Ainda bem que fomos honestos, e se hoje não temos nenhum doutoramento a verdade é que ficámos «sábios». O que nos tempos que correm, sem sombra de dúvida, é bem mais útil que um qualquer doutoramento...
Já os desonestos, os que aqui tantas vezes temos referido (os que em grande parte boicotaram os nossos estudos), esses têm «doutoramentos» com muitas aspas, comas - e tudo o mais que possa mostrar o péssimo cheiro (pivetes diria Eça) que emanam.
E têm também com eles, do seu lado (para não se sentirem sós com os seus pivetes...) a total ignorância que todos os dias temos que gramar e confirmar*: a que grassa num ensino a que cada vez mais preferimos chamar inferior. Pois se foi superior, sim, já foi:
Foi quando para o MEC era ensino secundário, e agora já não é...
(clic para legenda)
Verifique bem o que William Morris escreveu, repare em frases que são absolutamente verdadeiras como esta que está acima: "forms that once had a serious meaning..." ** - e que agora parecem não mais do que tiques de mãos, ou simples gestos de quem sabe desenhar (acrescentamos nós, em jeito de tradução). E, continuou o autor: "formas que foram outrora símbolos misteriosos de cultos e de crenças, que hoje estão pouco lembradas, ou até completamente esquecidas."
Claro que estas frases nos fazem lembrar o que centenas de vezes dissemos a quem tem estado do nosso lado, lembrando que na melhor Escola de Design - como eles próprios dizem de si (tão modestos que são) - mesmo que haja pedidos lancinantes para ter dispensa sabática, para acabar um doutoramento que transforma a História da Arte. Mas, para esses o que é que interessa alguém ter descoberto o significado dos antigos sinais dos estilos e do que hoje são as Artes Decorativas? Sim, o que é que isso interessa, face à publicidade enganosa? Ou a falsos doutores em Design? O que é que isso interessa, face a lucros chorudos, e a um "épater le bourgeois" que o Ministério da Educação não estará interessado em desmontar? Que engana Estudantes e os seus Pais? Um país inteiro que julga ter a geração mais bem preparada mas não sabe diferenciar tempo de escolarização com aquisição de competências? O que é que isso interessa face a gente que tem graus académicos tão elevados, mesmo que os ditos sejam a melhor celebração da mentira e da ignorância?
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*Sem mais veleidades ou delongas, tais as evidências que nos fazem chegar...
Claro que este post é dedicado aos que tudo fizeram para tirar a História da Arte dos Programas e das Unidades Curriculares de uma Escola de Design (a melhor de Portugal, como dizem os presunçosos que a dirigem, e já agora que também todos os dias a destroem mais um pouco?). Dedicado aos que não querem aceitar as descobertas impensáveis que fizemos e que se nos apresentaram (inesperadamente) - e aqui sim como uma enorme Evidência (ou como uma surpresa e um paradoxo que aparece, e não algo que se fabricasse, deliberadamente). Dedicado aos que não querem ver a ligação, fortíssima, não apenas entre a História e as Artes Decorativas mas entre a Teologia e as Formas daquilo a que hoje se chamam ornamentos. E designam-se assim, no pressuposto - que é só de hoje (pois nem o significado desta palavra, em geral percebem!) - de que são/ou foram, não-significantes. Leiam George Hersey, procurem-no aqui, vejam quantas vezes foi referido (e porque razão?)
** É este o ponto: ideia que é hoje difícil de aceitar, e que, inclusivamente, pode também ter sido de difícil aceitação no tempo em que William Morris viveu. Não se esqueça, e está no nosso trabalho dedicado a Monserrate, que a casa da Quinta do Relógio, em Sintra - que muitos a vêem/viram simplesmente associada a "Fermes Ornées". Essa casa integra formas do Islão. Ou, não se esqueça também que em Londres, as Law Courts projectadas por George Edmund Street - obra cuja edificação se arrastou de 1866 a 1882; não se esqueça que em torno desses edifícios surgiram questiúnculas e polémicas exactamente pela iconografia de génese religiosa que essas obras adoptaram, num tempo em que alguns já não compreendiam as motivações (positivas e negativas) para o emprego das referidas formas (de que Morris escreveu como está acima).
Claro que estas confusões estão longe de estarem esclarecidas, e uma das melhores provas é o silenciamento que o IADE nos impôs... Quando, exactamente se espera que os operadores/stakeholders saibam agir de forma responsável: que operem de «um modo» que seja útil para todos e não a esconderem os trabalhos pioneiros...
http://primaluce.blogs.sapo.pt/quando-um-dos-parceiros-neste-caso-as-252938