Então a maioria dos estudos de História da Arte andam errados...
Se a especulação, e análise, geométrico-visual a que Almada submeteu os chamados Painéis de S. Vicente, estiver próxima do processo conceptual (ou subjacente) que originou estes mesmos painéis? - coisa em que não acreditamos* - se...?, então teríamos que concluir que toda a Historiografia da Arte que vem sendo praticada anda completamente enganada.
Só que, e mesmo sem ter ido ver de perto, aqui de longe o que nos parece, é que Almada Negreiros - em toda a sua obra e não apenas nesta - desse modo lançou um importantíssimo grito de alerta a favor da Geometria:
Sim! Para que seja valorizada, para que a vejam, já que existe.
Por nós continuaremos a percorrer os círculos entrelaçados que tendo sido necessários para explicar e melhor dar a conhecer o Deus cristão, depois «esses círculos» acabaram por ficar. Dando assim origem, por vezes integralmente, por vezes apenas a excertos, visíveis em inúmeras obras da arte religiosa (que nos chegou).Obras que, se bem analisadas, perscrutadas, ouvidas, compreendidas, ou até amadas, são também elas peças únicas; dignas de uma maior consideração. Que em Portugal, como se tem visto, vai - demasiada... - para os ditos Painéis.
Mas enfim, Almada sabia muito. E neste caso o bastante para ter começado o seu Estudo Exploratório por um hexágono. Que é afinal, exactamente o mesmo, que começar pelos Círculos Entrelaçados**.
Os mesmos círculos de que, repetidamente - e aliado ao seu sentido inicial - temos escrito.
Os mesmos que estão subjacentes, "pour cause", em centenas, ou dizendo mais correcto (sem as contarmos...), em milhares de obras da que é designada Arte Ocidental.
Seguindo-se agora as imagens acrescentadas hoje - 20.10.2023: o hexágono que aparece (criado artificialmente) como traçado director da composição
carregado agora a vermelho escuro
E dois triângulos, que, tão lindos, ficam bem na imagem (embora não sirvam para nada!)
Quando acima se acrescentou (hoje) "o hexágono que aparece (criado artificialmente) como traçado director da composição", na prática está-se a dizer/lembrar (aos que entendem!) que Almada Negreiros conseguiu ir ainda mais longe na especulação visual que pretendeu criar, com uma malha "ad triangulum". Sim, mais longe do que iria com outros geometrismos.
Como está na segunda imagem (também de hoje): algo comparável ao ofício de um prestidigitador de circo. E como tal, a necessitar - questiona-se - de uma muito maior filtragem científica***.
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*Não acreditamos totalmente...
** Ou ainda, o mesmo que ir buscar a planta de uma igreja antiquíssima: Hagia Sophia
Note-se que as imagens são do Público do passado dia 16 de Outubro. A sua qualidade é óptima, mas apesar disso limitadora para a sobreposição que se quis fazer, ao trabalhar com uma imagem que, é nítido, tem um (leve) desvio perspéctico.
*** Se é que se pretende que haja alguma ciência na analise das obras de arte (visuais)?