Como mencionar, e exaltar visualmente, as qualidades de alguém:
Alguém que era Sábio, que foi Empreendedor, também Guerreiro ou Soldado?
Um nobre, e Infante decidido a dar novos mundos ao mundo? Razão pela qual estudou e se informou, e de se ter rodeado não apenas de pessoas, mas também de uma série de instrumentos (ou «ferramentas científicas») que eram então fundamentais, e que o ajudaram a pensar e a conceber a imensa tarefa que entendeu promover?
Ainda alguém que assumiu por si, a missão de ampliar o mundo conhecido, ou a Cristandade:
A mesma que em tempos mais antigos fora designada "OIKOUMENE", e representada como alguns dizem, por uma imagem - o «T dentro do O» . Uma designação que corresponde à forma como esse mapa - tão sintético e minúsculo - era desenhado *.
Referimo-nos como já podem ter deduzido ao Infante D. Henrique, e essa composição (inteira), já a publicámos há 2 anos, como podem ver aqui.
Acontece que neste post há um outro objectivo:
No excerto que hoje se publica, e por isso estamos a destacá-lo, para ser lido atentamente, o foco principal está, como no título, numa espécie de legenda, que integra a gravura holandesa de que faz parte e estamos a escrever.
"Legenda", ou os recursos visuais (mais ou menos icónicos - como estão visíveis e identificáveis na imagem seguinte), de que a vontade e a necessidade de comunicação sempre se serviram, para aludirem ao objecto ou ao tema central dessa mesma comunicação.
Enfim, e continuando propositadamente a especular sobre a imagem seguinte, reparem como os livros nas prateleiras de uma estante**, assim como os objectos numa vitrine - sem sabermos até como os mesmos são suportados, ou porque não caiem...? (pois é um detalhe irrelevante); reparem portanto como toda esta «tralha» foi disposta na composição para adjectivar a figura do Infante D. Henrique.
A gravura foi publicada (inteira) no Diário da Manhã, Número Especial Comemorativo da Visita de S.M. a Rainha Isabel II de Inglaterra. Em Lisboa, 23 de Fevereiro de 1957.
E quando acima escrevemos «adjectivar», não nos esquecemos que muitas formas arquitectónicas - exemplo óptimo são as que surgem em túmulos medievais. Porque esse vocabulário visual (arquitectónico) era o equivalente a uma apologética. I. e., para fazer a APOLOGIA de alguém, ou como consta nos dicionários:
Para "louvar, defender ou justificar..." esse protagonista, e os seus feitos valorosos
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*E sobre a imagem desse mapa (que foi um resumo do mundo, ou um "símbolo fabuloso"?), de certeza que ainda um dia escreveremos... Aqui ou em livro.
**Livros que falam, mas usando uma linguagem que é diferente (até o oposto) das estantes e das bibliotecas de Maria Helena Vieira da Silva.