Foi motivo para o nosso orientador do doutoramento nos ir dizendo (e empatando) mas cheio de razão:
"Glória não vai fazer uma História da Arte!" Para logo a seguir repetir e insistir - só lhe faltando mesmo a música (já que o mote e a toada tinham passado a existir): "Glória não vai fazer uma História da Arte..."
E assim dizia, e repetia, com toda a razão (e eu sem perceber!).
Mas a dita da razão - tanta que teve, e tem - agora aparece-nos por aí, às vezes, a surpreender, em obras que são extremamente bonitas:
Embora não o sejam apenas pelo seu visual/superficial - i. e., por uma sensação imediata vinda da composição e das cores (desde logo altamente amáveis). Mas que o são pela percepção, que é como quem diz, pelo trabalho de compreensão que a mente faz, mais elaborado e devagarinho, a descobrir.
O que passa por diferentes camadas de (outras hipóteses de) leitura.
É ainda sobre a exposição dedicada a Sarah Affonso, em que estamos a pensar e a escrever.
É sobre alguns dos quadros - como o Papagaio que é uma estrela (e está na contracapa do catálogo, imagens acima) - onde alguns detalhes, que fazem toda a diferença, nos lembram «certos truques» (ou as verdadeiras piscadelas de olho ao leitor/espectador da obra), tão típicos de Almada Negreiros.