Neste mundo (portuguesinho da costa) que caiu ao chão e se estilhaçou em bocados; e em peças soltas que hoje poucos sabem aglutinar e articular, agora alguém se lembrou de algo muito inteligente que é: o juntar tudo!
Mas o nosso agora afinal já tem quatro anos – pois é de 2011, e só agora é que nós percebemos da sua existência.
É inteligente, como acima se escreveu, porque os Cursos Profissionais e Profissionalizantes existentes tendem a partir tudo aos bocados, a sucessivamente ramificar, num infindável pensamento em árvore, e a não deixar que existam mentes capazes de entenderem – ou de usarem uma larga pluralidade de disciplinas – para basearem os seus raciocínios.
Não me esqueço da co-orientadora de estudos de doutoramento me ter dito, e repetido, insistentemente, que o meu problema (ou sobre a situação criada) estava no facto de eu estar a querer tratar «um tema de fronteira».
Acontece que na Arquitectura, e no Design em tempos idos - mas claro que em menor grau, porque a duração do período de formação nesta última área, pelo menos aqui em Portugal, nunca foi comparável com a duração de um curso de arquitectura (apesar de ambos serem vistos como licenciaturas, como se se equivalessem!). Mas, na Arquitectura, nunca nos lembraríamos de falar em «temas de fronteira», porque o arquitecto não se poderia refugiar, nunca, em desculpas desse tipo: “Não faço o projecto porque não é a minha área. Está ali uma fronteira: na minha cabeça eu divido…”
Só não é a sua área se for uma Ponte (imensa), ou uma obra tipicamente de engenharia, caso contrário, se for inclusivamente uma pluralidade de engenharias, mais uma razão para ser um trabalho de arquitectura: porque o arquitecto assume-se, e espera-se que o seja de facto, o especialista da generalidade - como várias vezes Nuno Teotónio Pereira defendeu.
Vejam o link abaixo da FLUL, e aí leiam inclusive sobre a existência de TUTORES - que vão ajudar os alunos a construírem os seu Currículos de Formação. Comecem pela frase abaixo, que só nos lembra a multiplicidade de questões e de capacidades (para lidar com a complexidade) que os meus temas de doutoramento exigem.
E finalmente chegue-se à conclusão – que para nós é mais do que certa (há muito tempo) – como as Universidades estão repletas de mentes retrógradas, tanto, tanto, que levaram longíssimo a especialização (que em tempos foi desejada, é verdade, mas não isto!) a ponto de ser agora necessário voltar a uma Pangeia dos Saberes e dos Conhecimentos, antes que ninguém se entenda... e não se saiba articular (ou arquitectar/conceber) qualquer pensamento!
Claro que, óbvio, este é um post também para Maria João Baptista Neto da FLUL, para o IADE, e aí para todos os que decidiram que os nossos estudos não têm qualquer interesse.
Não admira! Pois não estão minimamente preparados para a interdisciplinaridade… - como certos animais (que é preciso irem em frente) com palas nos olhos a tapar a visão de tudo o que é lateral. Desse modo, ou doentiamente, eles restrigem-se a si e às suas áreas de estudos e conhecimentos. Para além disto, ou dito de outra maneira, esses serão sempre metodologicamente cegos (como as mulas).
"Contactar com matérias diversas permite uma maior aptidão para lidar com questões complexas e uma maior competência para a entrada no mercado de trabalho."*– Diz-se na apresentação de uma licenciatura que os grandes empresários pediram à Universidade para criar, para poderem ter pessoas capazes de os auxiliarem: i. e., colaboradores eficientes.
Em suma, não basta dizer que os cursos são de banda larga, mas instilar conteúdos teóricos e não só os práticos, nesses mesmos cursos.
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*Ver em http://www.letras.ulisboa.pt/pt/cursos/licenciaturas-1-ciclo/estudos-gerais,
assunto que nos preocupa há muito tempo: http://primaluce.blogs.sapo.pt/4162.html
http://primaluce.blogs.sapo.pt/136685.html
http://fotos.sapo.pt/g_azevedocoutinho/fotos/nonsense/?uid=RgKB6J6wwibBrI44zqN6
http://fotos.sapo.pt/g_azevedocoutinho/fotos/aaaaa/?uid=YYvw5bifG5YllPAy1E21&grande#foto