A mente como fábrica de IMAGENS?
Ou, os péssimos hábitos, típicos dos Arquitectos, que para pensarem (ou ajudarem o seu próprio pensamento a fluir melhor) precisam de lápis e canetas e de uns papelinhos: tão «beras» como é a parte de trás de um envelope? Onde fazem vários rabiscos para resolverem problemas que podem ter meses; ou, quem sabe, alguns séculos, como nos aconteceu...
É verdade, citando Michel Toussaint, já escrevemos sobre este processo que nos permitiu perceber, e consequentemente defender, o que pensamos esteve nas Origens do Gótico. Leiam portanto aqui o que escreveu Michel Toussaint:
“…Mas não é apenas esta questão que [Christopher] Alexander levanta, pois entende que «ao mesmo tempo que os problemas aumentam em quantidade, complexidade e dificuldade, também mudam muito mais depressa que anteriormente», e para resolver tal situação já não chega a habitual capacidade de simplificação do arquitecto. Especificando: «Dois minutos com um lápis nas traseiras de um envelope permite-nos resolver problemas que não poderíamos resolver nas nossas cabeças, mesmo se nos empenharmos durante cem anos. Mas no presente não temos meios correspondentes para simplificar os problemas de projecto por nós próprios»..."
Ou leiam ainda nos nossos dois posts que são de 2012: 1º. Resolver problemas de 100 anos num minuto
E no 2º. post (por continuarmos ainda à volta do mesmo assunto), deixámos um PDF da OA com o documento de onde foi retirado esse excerto.
Ora este nosso processo de percepção (referido acima, e acontecido de 2002 em diante, portanto já publicado - porque integra a nossa tese sobre Monserrate*), há sempre que lembrar tudo isto, deixou furibundos os profs da FLUL e do IHA (idem da FLUL). Os quais, desse embate, ainda não se refizeram, nem se recompuseram!
E sempre muito mal, ou pior que menos bem, tão lentamente, ainda não tiveram tempo de vir a público esclarecer o que se passou (e passa), como mostra o post de hoje na página de Vítor Serrão no facebook...
Portanto, e continuando passemos ao nosso comentário de ontem, e à importância ambiental de recuperar/aproveitar os edifícios antigos. Só que agora também na perspectiva de contribuir para uma maior sustentabilidade do planeta, e independentemente do valor patrimonial ou histórico desses mesmos edifícios.
Pois que, como alguém defende (ver post anterior) e estamos de acordo:
"The greenest building is the one that already exists"
E isso pode-se/deve-se fazer se estivermos perante Arquitectos e Edis (ou sejam as Edilidades, os Edificadores) bastante mais informados e bastante mais cultos. Claro, todos também mais imaginativos...
Só que, acontece que para isto, também a Faculdade de Letras de Lisboa pode ser relevante e colaborar!
Mais, se perceberem (ou se se lembrarem...?) que as principais obras arquitectónicas da cultura ocidental, partiram de desenhos que correspondem a diagramas que foram interligados - como mostram Francis Ching e Steven Juroszek e está abaixo sob o título de DIAGRAMING RELATIONSHIPS;
Se perceberem isto...?, então também poderão aceitar, mais facilmente, que a ideia de Louis Sullivan segundo a qual a "forma segue a função", nem sempre foi regra! Pelo contrário, em nossa opinião (que a temos desde 2004, como ficou escrito e está publicado) os DIAGRAMAS empregues e associados, como por exemplo acontece na Planta que está a seguir; esses DIAGRAMAS funcionaram principalmente como IDEOGRAMAS**.
E mais ainda:
Para além de Francis Ching e Steven Juroszek terem notado estas reuniões de DIAGRAMAS, que estão nas Plantas de alguns dos edifícios considerados os mais importantes da História da Arquitectura, também notaram no funcionamento dos «processos do pensamento». E para estes na importância do desenho.
Concretamente como as nossas mentes, verdadeiras fábricas de produzir imagens, por vezes não as conseguiram conter lá dentro, nessa que já foi designada "Black Box".
E assim, transpondo o pensamento para o papel (ou fazendo-o com a ajuda do papel), nesse processo de materialização das imagens que lhes iam na cabeça; assim também desenharam, esquematicamente, e seguindo regras, o que mais tarde veio a ser edificado:
Onde alguns dos traços dos desenhos de contorno dos diagramas se tornaram paredes, de pedra ou de tijolo
Por isso (ver mais abaixo) chamado "Design Drawing" - que deve ser traduzido como "Desenho de Projecto".
"Thinking on Paper" - não é só aquilo que fizemos (e faremos?) durante várias décadas. É o "Pensamento Visual", como linguagem, de que Rudolph Arnheim tratou (e também já escrevemos várias vezes); e é aquilo a que assistimos, felizmente, vezes sem conta, nas aulas, das disciplinas de projecto. Aulas que eram chamadas de Design de Interiores.
Por fim, e sobre o texto que está acima destas linhas, sobre a sua leveza e alguma ironia que contém, apetece dizer que connosco se passa o mesmo. Porque toda a questão é muito complexa, ou extremamente complicada. Só que, como em tudo, quando se divide por partes, o processo projectual, o processo de correspondências significativas, metafóricas e alegóricas, cada um desses passos é básico e elementar.
Ou, de associação em associação, completamente óbvio, como ficou registado há muitos séculos pelo Pseudo-Denys L’Aréopagite.
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* Se há quem diga que escrevemos a História da vida dos Knowles (!?), na verdade aquilo de que escrevemos (bastante) mais, e como está na Síntese Final - a apontar para trabalhos futuros - foi em torno das Origens do Gótico. Tal como «quase imposto» pela nossa orientadora. E Vítor Serrão sabe bem de tudo isto...
**Donde se retira, que, se os espaços desenhados a partir de IDEOGRAMAS (relativos a Dogmas do Cristianismo) podem ser funcionais; então, também a maioria dos edifícios antigos é aproveitável para outras utilizações que não as iniciais. Ou, mesmo que no século XIX, e cumprindo uma certa regra de Conveniência, ou Décor (de que já Vitrúvio escreveu), muitos edifícios citadinos tenham sido construídos de acordo e a cumprir essa «norma» de conveniência. Como podem confirmar, não é a primeira vez, nem a última, que abordamos este tema
Enfim, e porque mais uma vez se deve dizer, este é um tema basto complexo. Quase impróprio para as redes sociais, mas que alguém «banido» de um doutoramento (na Universidade onde teria o devido lugar) não vai calar!