... tem agora esta designação: "The Long Water" - de Hampton Court
Em 2001 no começo dos nossos estudos sobre Monserrate na FLUL, sabíamos que era preciso estudar uma obra Gothic Revival; e tínhamos recebido o "briefing" da orientadora, cuja ideia central era - "Você só vai perceber Monserrate se perceber as Origens do Gótico (...)" , etc.
Posteriormente o trabalho foi organizado com o Iº capítulo a receber como titulo:
As questões em torno do Gótico no século XVIII em Inglaterra, até à obra de Strawberry Hill
Com o seguinte (1º) sub-titulo:
Os primórdios do Revival, Jardins e Paisagismo
Um caminho metodológico que tinha que ser feito, porque as primeira edificações, consideradas revivalistas (do gótico) estariam nos Jardins, e eram designadas "follies"
Visão que ainda hoje se mantém, como acabámos de encontrar aqui, numa explicação praticamente igual ao que se escreveu acima:
"The first signs of a Gothic Revival appeared during the 1700s with "follies," essentially beautiful but useless buildings set in English gardens. Famous examples include King Alfred's Tower at Stourhead Estate in Wiltshire and a gothic temple in Buckingham's Stowe Gardens."
Embora (há que fazer aqui um parêntesis para o explicar) com o desenvolvimento do trabalho tivéssemos chegado à conclusão que o estilo gótico nunca morreu.
Por isso chegámos a usar - e percebemos terem existido -, muitos Gothic Survivals (em geral, na Europa); sendo que em Portugal se assistiu a um prolongar do Manuelino, que tem sido visto, pelos historiadores como um arcaísmo...
Porém, desse Gothic Survival, há uma peça de maior destaque em Portugal - embora incompreendida -, que é o Aqueduto das Águas Livres de Lisboa.
Cuja designação, é importante lembrar (neste outro parêntesis), nunca foi GothicSurvival . Ou, muito menos alguma vez considerado numa problemática estilística, como esta é. Assim como, também os estilos só começaram a estabilizar - nas designações que hoje se usam, e como são conhecidos (terminologias e nomenclaturas cientificas, até nas empregues internacionalmente), praticamente, só no início do século XIX.
Assim, voltemos a lembrar como foi o desenvolvimento inicial do nosso trabalho, onde, no Iº Capítulo consta:
"Ao fazer a história do Gothic Revival em Inglaterra, muitos autores radicam uma origem mais longínqua do gosto pela arquitectura deste estilo, no reinado de Elizabeth I - que foi também o tempo de Shakespeare: “…A época isabelina é marcada pelo florescimento da arquitectura (…) não é italiana nem francesa, encontramos a marca de um Renascimento específicamente inglês…” [1].
(…)
A prevalência do gótico como escreveu Kenneth Clark, fez-se sentir desde 1600 a 1800, porque em Inglaterra (...) nunca o estilo se perdeu.
(...)
Posteriormente nos reinados de Carlos II, no de William III (de Orange, com Mary II), mais tarde no de George I, encontram-se movimentos e sinais que são de forma remota, ligados ao Gothic Revival. É deste modo que são vistas algumas peças de Arranjos Exteriores, como foi exemplo a introdução do Canal (de água) em Hampton Court; ideia que Carlos II levou de Versailles. Trabalhos que contribuindo para o gosto pelos jardins e paisagem, seriam a envolvente da arquitectura medieval, que se ia fazer reviver. Neste contexto, o Canal seria mais tarde substituído por uma linha de água irregular."
Portanto o que está acima, foi escrito em 2004, e está no livro [2], nunca tendo sido revisitado, ou sequer repensado. Mas, sem qualquer dúvida, claro que hoje teria sido escrito de maneira diferente. Pelo que (thanks God), para o melhor, ou para o pior, ainda bem que ficou como está. Já que dificilmente se teria encontrado uma outra oportunidade para fazer um trabalho como este, de que (ainda) nos orgulhamos...
Acontecendo que hoje - exactamente hoje dia 16.03.2025 – procurámos mais informações sobre este Canal (de água) em Hampton Court, mais precisamente em Official Site | Historic Royal Palaces (hrp.org.uk)
Tendo encontrado, como aliás sempre nos acontece, mais e interessantes informações:
(para ampliar o excerto da imagem usar o primeiro link, para a imagem inteira ver aqui)
O texto seguinte vem de Royal Gardens, por Roy Strong, ed. BBC Books/Conran Octopus, de 1992. A obra onde em 2004 encontrámos as primeiras informações sobre este presente que Carlos II, quis oferecer à futura Rainha de Inglaterra
Sendo que por hoje ficamos por aqui, já que, ainda a propósito de Hampton Court, ficámos a saber (também) da existência de um Knot Garden: que é mais um achado, para corroborar as nossas teoriase (e fazermos novas pesquisas...)
(abrir imagem noutro separador)
Knot Garden que seria do tempo do Palácio Medieval, que mais tarde (na versão actual - é a imagem seguinte) foi redesenhado por Christopher Wren.
[1] Ver em François LAROQUE, Shakespeare o teatro do mundo, Quimera Editores, Lisboa 2003, p. 99.
[2] Ver excerto do nosso texto (p. 18 que se digitalizada), e está a seguir