Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
04
Fev 15
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

... encontram-se referências a Arcas e a Alianças - são bastante frequentes - mas em geral não são questionadas: i. e., não nos lembramos de alguma historiografia da arte que tenha dado relevo a esta ligação?

 

Mas também se encontram várias fitas e tiras, sobretudo nos registos visuais e nas descrições que precederam esses mesmos registos, muitas vezes chamados Legendas - por serem feitos para ler.

No Presépio Iconoteológico que propositadamente desenhámos e editámos para ser colocado em 3D, Jesus e «a sua família» foram associados a uma Árvore, o que não é normal, mas se fez objectivamente. No entanto, que o saibamos, ninguém detectou essa ligação? Não nos referiram esse ponto...

Porém, as pessoas repararam noutras imagens e noutros excertos da composição, como as Faixas a envolver o Menino, e entre elas as Cruzes que entendemos colocar. 

Sim, insistimos na expressão "entendemos colocar". Porque a Arte Iconoteológica que durante séculos foi produzida no Ocidente Europeu (de que se escreveu nos posts anteriores, e à qual o Cardeal Ravasi se referiu em entrevista), essas obras tiveram por detrás/ou subjacente, composições em que havia sempre a vontade de incluir elementos falantes, e significantes. Isto é, elementos mais valiosos - por associações a que foram vinculados - do que aquilo que as «simples imagens» permitem ver.

Aliás, hoje o que acontece é que se perderam informações, e portanto as pessoas «podem até olhar», mas, com o pouco que têm em mente, não conseguem acrescentar nenhuma outra informação às simples imagens que se formam nas suas retinas. Imagens que são exactamente as mesmas que o nervo óptico leva ao cérebro:

E por isto, porque não há mais associações ou outras informações de que se lembrem - a propósito daquilo que vêem (acrescentadas ao que vêem) -, então pouco mais entendem, e muito pouco captam (não haverá «outras sinapses»?) para além daquilo que os olhos lhes mostram...  

Para quem nunca leu nada (o bastante, ou até um pouco mais elaborado) sobre isto que estamos a escrever, aconselha-se a leitura de Henri De Lubac, sobretudo um seu trabalho que explica - para as Escrituras - os vários sentidos com que se podem ler*.

Sentidos que uma Iconoteologia, que temos mencionado, sempre se esforçou por instilar nas imagens

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*Exégèse Médiévale, Les Quatre Sens de l’Ecriture, Henri De Lubac, Éditions Montaigne, Paris, 1959-1962.

Ver em: http://primaluce.blogs.sapo.pt/17948.html


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