... tanto que já nem nos lembramos (ou esquecemos praticamente)*:
Houve um senhor que nos convidou para trabalhar com ele, nestes termos: "Venha trabalhar comigo, venha ser os olhos e os ouvidos do Imperador!"
Ao que pensámos: Mas..., «Imperadores» destes, conhecem-se tantos...?!
Et pour cause, lá se inventou um chorrilho de desculpas, bem mais do que piedosas mentiras, não fosse o auto-proclamado imperador ficar muito ofendido com uma recusa (que para a generalidade das pessoas seria uma oferta irrecusável!).
Assim dissemos que estávamos num projecto que não queríamos abandonar, que não éramos Funcionários Públicos e portanto sem ligação ao Estado, no qual não poderíamos entrar, etc., etc. O tal chorrilho...
Claro que perdemos loucuras (dinheiro, comodidades...); mas não de independência, menos ainda de oportunidades como foi fazer os estudos sobre Monserrate e depois tudo aquilo ao que esses estudos nos conduziram.
Mas enfim, claro que perdemos, é verdade: o facto de poder assistir de muito perto à ascensão de quem hoje tudo comanda à volta da Praça do Império...
Semelhantemente, ou por «um conseguimento equivalente», assistimos ao surgir dos Amigos de Monserrate, para os quais nunca fomos tidos ou achados. Idem: lá para os idos de 80/90.
E como se não bastassem os milhares de alunos que tivemos, o que lhes transmitimos e assim trabalhámos (com resultados óptimos para quem ensinou - como na letra de uma canção brasileira...) agora começa-se a usar a expressão Iconografia Cristã - como titulo de uma exposição!** - e um dia se chegará ao termo Iconoteologia.
É a Força das Ideias - que não deixaremos de espalhar (graças às novas tecnologias); é a força de lógicas, mesmo que inovadoras, que um dia conseguem, senão mudar o mundo, pelo menos mudar o curso do pensamento de alguns (mesmo que tenham sido poucos os que entenderam o alcance do que se lhes ensinou***?).
Corresponde enfim ao que está no nosso trabalho nos muito sinceros Agradecimentos (ver página 7, versão original/policopiada), dirigidos a quem tudo fez para nos mudar a cabeça:
"É à Professora Doutora Maria João Baptista Neto, que verdadeiramente se dedica este trabalho. Ele dá continuidade e porventura projectará no futuro, algumas temáticas que tem aprofundado.
Ao apontar o caminho rico das «Origens do Gótico» permitiu-nos desenvolver uma demanda, nunca por nós imaginada que se revelou muito gratificante. Ultrapassámos a compreensão de Monserrate, enquadrando a obra no seu verdadeiro fundo histórico. Fazer o trabalho foi um enorme prazer."
(imagens, respectivamente, de 1987 e 2004)
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*Porém foi na década de 80, podendo hoje ter a certeza (com pés bem assentes na terra, teluricamente) de que uma educação completa passa por ensinar o que é a realidade, as verdades históricas, e como das mesmas se tiram lições, mesmo que mini-lições de carácter moral.
**Museu Diocesano de Santarém: Arte e Iconografia Cristã: http://www.museudiocesanodesantarem.pt/wp-content/uploads/2015/11/Arte_e_Liturgia_Crista_web_completo.jpg
***Razão de ser professor (e não para nos esconderem as ideias)