...put ice on a glass and calm yourself, Please!
Pois é, é este inglês que nos ocorre ao ver numa livraria a tradução de um livro de Maria João Baptista Neto, que um dia - mas terá sido há séculos? - foi nossa orientadora de um mestrado feito na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
E isto que está no titulo claro que nos passa pela cabeça, sobretudo porque a dita ---- fez o favor de ampliar as nossa ideias. Embora, parece?, de um modo demasiado despudorado.Chama-se plágio? Não, é muito mais o titulo do post de hoje..., é esse o nome, já que plágio é sofisma.
Claro que nem sempre temos tempo ou pachorra para a falta de nível a que chegou o Ensino Superior em Portugal, só que, há as vezes em que tanta nojeira consegue tirar-nos do sério. Como há ainda as outras vezes: em que uma série (também grande demais) de alunos nossos e da escola onde estamos há 40 anos, tudo gente da mesma bandinha (ou a laia deles), decidiram fazer-se doutores: i. e.,doutorados da mula russa, sem nunca terem sequer passado por uma instituição de ensino superior.
Só em Portugal!
Claro que são os milagres de um país em que, crescentemente, nada tem valor. Nada se distingue...E assim o resultado vai-se vendo no dia-a-dia, e é óptimo. Como são óptimas e incrivelmente originais todas as tiradas da dita Maria João Baptista Neto, feitas a decalcar o nosso trabalho. E no pouco que nos deu para folhear lá se encontram questões muito interessantes, como esta pergunta: "A Grosvenor style or a Monserrate style?" Pois se tivesse lido com atenção, todo o nosso trabalho e conhecesse as nossas fontes (como Patrick Conner, em Oriental Architecture in the West), nem sequer colocaria essa pergunta basto ridícula (ver na p. 36).
Mas, é retórica, coloca a questão para dizer que ela sabe que o Grosvenor Hotel foi construído/projectado ao mesmo tempo que a casa de Monserrate? Olha a grande avaria!? Assim, decalcada do que lhe explicámos e escrevemos, que difícil que é fazer os trabalhos. Mais o mérito que isso tem..., de copy paste!
Outra imensa avaria e enorme habilidade da dita «ensinante», é insistir (na página 38) que Monserrate é uma casa veneziana, com moorish details... Pois, se se tivesse dado ao trabalho de pegar num livro da Taschen (e não se percebe como na UL são alérgicos aos livros fantásticos desta editora?), de dois autores que investigaram a sério, teria visto que Marianne Barrucand, também ela «perdida na génese das formas do Gótico (no estilo em que Maria Joâo Neto nos obrigou a fazer descobertas que a própria depois desdenhou - thanks God!); essa autora - M. Barrucand usou a expressão To Pigeon Hole exactamente face à dificuldade em conseguir abordar uma língua viva, como são os diferentes vocábulos dos estilos, e como o explicou A.W.N. Pugin (desde que os monumentos não estejam calcinados pelo tempo e as formas ainda se leiam...).
E vem então a chica-esperta MJN dizer que não pôde individualizar referências!? Olha tanta sabedoria, só que, algures diz (mas é para rir, ou para chorar de toda a ignorância que grassa em história da Arte e da Arquitectura?) que nós provámos a influência veneziana da casa de Monserrate, assim como a proveniência da sua cúpula.
Depois, mais uma vez, se confirma toda a falta de espessura ou a falta profundidade que põe no seu trabalho. A mínima, porque há todo um linguajar que é a Geometria falar: a Jometrie de Villard de Honnecourt, a mostrar-se como fonte do saber e dos dizeres, exactamente o que Hugo de S. Victor explicou. Ou, como escreveu S. Serlio - com todas as letras...
A Geometria a que os historiadores não chegam (nem com tradutores, como este exemplo passado connosco na FLUL é a óptima prova). Porque esse Saber (ver) exige todo um equipamento intelectual que eles não possuem... Não dá!
Teria sido mais útil que o seu estudo se distanciasse do nosso, que tivesse ido confirmar (como consta para a AAM, que os Knowles vieram a Portugal); é que nós não tivemos tempo, e face à presença de um mestre como Samuel Bennet, foi-nos fácil admitir que teria sido um emissário/«arquitecto residente» dos arquitectos projectistas em Londres? Mas, Maria João Neto, tão certa e tão confiante que ela está do nosso trabalho, vai levar muito tempo a poder redimir-se (ou a descalçar as botas)?
A compreender que a partir de certa altura, estando nós muito cientes da «incompreensão deles», que não dominavam as questões e que eu estava perante pérolas, que iriam ser engolidas (de qualquer maneira), houve portanto vários detalhes (mínimos claro) que só foram corrigidos para o grande público: onde sabíamos que poderiam estar pessoas muito mais capazes de compreenderem, bem, aquilo que no IHA não há quem tenha a menor competência para entender...
E as trapalhices do projecto inicial (de Monserrate), que como demonstrei foram corrigidas na obra, devem-se a quem? Aos Knowles, e foi S. Bennet que corrigiu a situação, ou foram os próprios Knowles que emendaram a mão? Ou foi Francis Cook que se fez arquitecto? Ou a luz eléctrica que já permitiu o efeito luminoso inicialmente desejado? O que será que nos diz a «dona douta», plagiadora, calçando os «meus sapatinhos»?