Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
27
Fev 22
publicado por primaluce, às 20:00link do post | comentar

Depois, nem sempre lemos os livros todos, que até tínhamos comprado...

E mesmo que os lêssemos, não vivemos obcecados com os avisos ou até as previsões mais pessimistas que esses livros podem conter.

 

Na verdade, quando lemos, são tantas as passagens em que não reparamos ou sequer paramos. E isto passa-se com qualquer livro, mas aqui muito concretamente, na nova história que Peter Frankopan decidiu escrever e publicou em 2015, como Rotas da Seda.

Neste livro que já referimos em 2018 (encontrámos agora nas pp. 581-582) uma menção à “...dissertação de doutoramento do presidente Putin” como “um sinal ominoso”[1].

Fora num post de Set. 2018, que já tínhamos deixado a imagem acima. Mas hoje, depois de pegar no índice do livro, e tendo presente o que comentadores e analistas tanto têm dito e repetido, nas últimas horas, em todas as TVs, agora é a Bíblia que nos ocorre.

É quando nos lembramos, mais precisamente de uma parábola do Novo Testamento. A qual, segundo Frederico Lourenço - e a tradução que está a seguir não é a dele -  é única, pois mais nenhum dos evangelistas a contou. Por isso refere-se-lhe com esta frase: "a curiosa parábola das dez virgens não tem paralelo nos outros evangelhos".

Em suma, é um aviso, dos muitos de que a Bíblia está repleta, conferindo-lhe o carácter tropológico-moralizante de que alguns falam e escrevem.

Está em Mateus 25:1-13, onde se pode ler: 

 “…as a dez virgens que pegaram suas candeias e saíram para encontrar-se com o noivo.

Cinco delas eram insensatas, e cinco eram prudentes.

As insensatas pegaram suas candeias, mas não levaram óleo…”

(excerto de https://www.bibliaon.com/versiculo/mateus_25_1-13/)

Porém, voltemos à História de Peter Frankopan, o bem-sucedido historiador de Oxford, que quis olhar o mundo por um prisma diferente. Em 2019, num almoço-entrevista com o FT, quase no fim, P. Frankopan terá resumido numa visão (que é euroasiática):

“There’s little that connects Finland and Portugal, or Iceland and North Korea, but disease and climate are two things that have big local consequences. The environment is something that I’ve been picking up drops from for the last 25 years, and I think there’s enough to squeeze it all altogether.”

Nesta sua panorâmica, por razões geográficas, Portugal é mencionado como limite de uma área enorme que vive situações semelhantes. Na síntese estão «eventos» que vão desde o ambiente à doença e às alterações climáticas, que desde 2015 - data em que o livro foi publicado - não pararam de crescer... 

No entanto, sobre o «sumo» ou no espremer da situação, nas gotas a que se refere (ler na p. 582, e depois com mais detalhe na p. 699) aí está a previsão para questões que poderiam vir a surgir no século XXI.

E, infelizmente, desse modo deixou registado aquilo que hoje está a acontecer a Leste... 

P.Frankopan-p.582.jpg

Por nós, além de uma pena imensa pela Ucrânia, e do muito que milhões estão neste momento a sofrer, vem ao de cima a ideia bíblica de vigia. Pois por mais atento que se queira viver, todo o cuidado é pouco:

Só que, do mesmo modo que nunca saberemos nem o dia nem a hora, também é impossível saber o que vai nalgumas mentes...

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

[1] E se até o sinónimo de ominoso (agoirento, funesto) tivemos que ir procurar, repare-se o quanto impreparados estamos.


mais sobre mim
Fevereiro 2022
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
17
18
19

20
21
22
23
24
25
26

28


arquivos
pesquisar neste blog
 
tags

todas as tags

blogs SAPO