Leiam, já que a descrição é assim:
A vinha vindimada, é de uva moscatel, as vinhas estão seguras e engavinhadas em arames.
Os arames estão ferrugentos, por vezes até já remendados. A uva foi óptima, como se espera desta qualidade, até meados de Setembro. E depois vieram as mulheres (e homens) com baldes, cestos e alguidares de folha metálica, tiravam-nos do ombro, punham no chão e com alicates iam cortando os cachos. Ao lado o tractor vagaroso, puf, puf, puf, esperava que um imenso contentor fosse sendo enchido
Nalguns casos, algum galho já meio-seco, com apenas 2-3 uvas, já passas, foi comido...
Os esteios de pedra altíssimos, furados pelos arames, ficaram nus, ou seja bem visíveis.
São lindos, muito altos mesmo, invulgar, marcam um ritmo naquela Alameda. Às vezes interrompidos dão entrada para os pomares e laranjais.
Ao fundo a varanda da casa senhorial, agora vê-se melhor; também o lago, e a sua fonte, rematada por uma esfera...
Do outro lado o Tejo, escondido pelas marachas de cana ao fundo do mouchão. Só sabemos que existe pela Ponte: uma das do Eiffel.
E lá vai o Cão! Parvalhão*, não repara em nada, nem na vinha, agora já vindimada.
Só quer o seu (dele - pronome possessivo) post: O tal com a metáfora. Boa ideia que foi fazê-la...
E assim no fim, volta-se à pergunta: Mas será preciso desenhar? Ou, conseguimos imaginar?
Claro que sei de uma série de pessoas, que, neste caso, entre o desenho e o texto, preferem-no escrito...
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*O Cão tem nome: chama-se Rethor, e muitos aqui até o conhecem (bem), pois vem de Rethorica. Mas é ao contrário dos Cães Ribatejanos, em que, conta a lenda (ou como sempre nos disseram) se chamam Tejo, Mondego, Dique (dos Vinte). Porque deviam ter nomes de água, ou de rios: "já que assim se afugenta a raiva" (vox populi!). De qualquer modo, ou parecendo os locais em que Saramago cresceu, é