... há também sempre a hipótese de se fazer um Doutoramento Premium*
Porém escusa todo ou algum de ter ideias tristes porque esse felizmente (e sobretudo orgulhosamente) nunca foi o nosso caso!
O que desde já se esclarece: os referidos 'doutoramentos premium' são de pessoas que não «aguentavam» mais as situações em que estavam, mas que, sendo bem quistas (pelo seu servilismo?, ou mais a boa vontade e jeitos justos e oportunos que sempre dão... felizmente), lá obtêm enfim o que outros - substancialmente mais rigorosos, ou de cerviz que não dobra (como Moisés disse do seu povo) - não aceitam**.
Esses não vermiculares e indobráveis, para eles seria uma imensa afronta terem que prescindir das respectivas investigações, porque eram elas, o mais forte e o verdadeiro móbil dos seus estudos. Nunca prémios.
Ou seja, depois de feitas certas descobertas em fases anteriores de um trabalho de investigação (o que nos lembra uma frase extraordinária de Montesquieu), o grau a adquirir perde todo o valor! Porque já não é ele - o Conhecimento - que está em causa. Porque comparado com os meros formalismos mais teatrais e da simbologia visual (a que se chama encher o olho), o dito doutoramento esvaziou-se. Já não é a curiosidade, já não é o conhecimento, é poluição e blablabla visual... É, como por acaso neste momento ouvimos na TV, "...as pessoas já nem são pessoas, perderam toda a essência, tornaram-se sombras em movimento..."
E assim, sobre estas notícias surpreendentes e díspares (de disparate), para quem esteve fora, chegar é acordar para a realidade.
Mas, tais descobertas trazem-nos também a esta outra que hoje se conhece e nos faz lembrar (mais uma vez) Demócrito e a atomicidade: Sobretudo as formas que sempre «se dão», como hipótese primeira (para construir a ideia e as hipóteses de viabilidade de uma teoria) que um dia se vão continuar a tentar confirmar e verificar.
É de Jacqueline Russ este excerto que desde que o conhecemos nos pareceu justíssimo, e onde a expressão "représentation géométrique de la réalité" - que é relevante, um avanço extraodinário para ajudar a mente a pensar -, também nos transporta ao que André Grabar escreveu, referindo-se ao Filioque***:
"Avec Leucippe, il [Demócrito] crée la notion d'atome et engendre une représentation géométrique de la réalité. Belle avancée du matérialisme antique, qui n'a pas fini de fasciner une longue postérité, désireuse d'expliquer les phénomènes naturels à partir d'autres phénomènes naturels."
E antes de terminar, aquilo que nos moveu e são os verdadeiros prémios: primeiro do que tudo para os próprios que se esforçaram, que tiveram ideias, colocaram hipóteses, viram os problemas e desconfiaram das soluções!
Por nós - que estamos longe de atingir toda a questão - fica uma enorme curiosidade: a referida ubiquitina já tem uma forma que tenha sido vista num microscópio; ou, estamos perante uma representação conceptual-geométrica da realidade como J. Russ escreveu?
(clic para legenda)
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*E vão seis (ou são só 5?): certo é que já se esgotaram os dedos de uma mão... razão da palavra lamaçal? Ou ainda, porque 4 foram meus alunos, a desonesta está-se a ver quem é...?
**Não aceitam para ninguém.
***Não que André Grabar tenha dado este tipo de solução, conceptual, mas andou lá pertíssimo (talvez mais do que todos os outros), o que é absolutamente fascinante. Obviamente que isto não é tema para uma certa escola - de artes visuais ou de concepção geométrica (o que, hélas, cada vez mais já lá vai, e hoje é da EMPRESA!). Menos ainda para doutores premium, mesmo que muitos deles tenham sido meus alunos... Se não passa de amanhã e vai ter futuro (?), se entretanto conseguirem não ser desmascarados (?), que dêem graças por passarem a ser «doutores do euromilhões e da mula russa»; que invoquem milhares de vezes o Espírito Santo, que se lembrem da Sabedoria que o rei Salomão pediu a Deus:
Tudo isso enquanto o MEC defende a autonomia das instituições tão bem sucedidas de E.S.