... quase tudo se lê!
Quando se começou a escrever este post tínhamos acabado de receber o artigo em link, dedicado aos edifícios que se lêem*. Mas, oh ironia!, é impossível não achar divertido como cada geração apreende o mundo e aquilo de que ele é feito... Ou como se fez!
Disto sabemos umas coisas, mas, naquele ensino que se autoclassifica de superior ou até de universitário (apesar da mediocridade crescente**), aí há que fazer investigação para manter a malta entretida, à volta de uma série de actividades pouco úteis, mas muito diletantes...
A experiência alheia é pouco considerada ou sequer aproveitada, a investigação é mal dirigida e portanto sem resultados, e assim todas as gerações recomeçam tudo desde o principio.
Claro que só se adquire experiência, interiorizando/adquirindo a experiência alheia e tornando-a nossa, e esse processo de apropriação, pode-se dizer, tem algo de semelhante à alimentação.
No entanto, nas sociedades em que vivemos - e parece importante exemplificar com esta analogia - quem quer almoçar ou jantar, não precisa de ir caçar, ou «ir à capoeira buscar o franguinho»...Há já muitos alimentos pré-preparados.
Assim, Edifícios falantes, com hieróglifos e pictogramas, ou formas estruturais nascidas de rabiscos - feitos na mente ou no chão; inclusive plantas de edifícios cujo desenho provém de emblemas da fé cristã, e da tradução gráfica de ideias essenciais (dogmáticas) - como são as do Credo***, tal e qual fez Guarino Guarini em várias das suas obras; em resumo, nada disso é novo: pois tem milhares de anos!
Apenas acontece que a geração actual só se sente mais reconfortada (ou «alimentada a sério», com a sensação de ter comido) se fôr caçar o seu almoço, ou pescar o peixinho do seu jantar.
Pobrezitos (OU CHEIOS DE SORTE...?) que precisam de viver a experiência de ir à pesca, para verdadeiramente saborearem o peixe que comem. Porque não leram, não conheceram, não aproveitaram o já pré-prepado, e tiveram que ir fazer tudo desde o início, como se fossem pioneiros!?
Deixá-los..., é apenas mais um sinal do empobrecimento em que vivem! Mas que não obriguem os outros a ficar "bouche bée", com os seus supostos pioneirismos, ridículos!
O que espanta - quem assiste a tanto convencimento sobre algo de novo - é a ignorância de não perceberem, neste caso, que toda História da Arquitectura foi isso: uma escrita incrivelmente hábil:
que é o mesmo que dizer Arte!
Claro que a colecção de edifícios e fotografias é interessante e rica, mas o seu maior valor é a actualização do que sempre foi a Arquitectura. Cujas superfícies eram mais do que a base para grafismos engraçados. Porque todos os elementos, incluindo a estrutura, eram como verdadeiros manifestos.
**http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=161663
***Mais, não é por acaso que num livro de José Saramago [http://www.bertrand.pt/ficha/claraboia?id=11257668 e http://primaluce.blogs.sapo.pt/68031.html], na capa está uma imagem que Guarino Guarini trabalhou, e está também nalguma Arte Moçárabe e Islâmica.