... que há-de ter continuação!
Antes de passar ao próximo post e a todos os que se hão-de seguir tratando a questão do Filioque [1] queremos deixar bem explícito:
O Senhor Professor Doutor Vítor Serrão (VS), diz que é “falsíssimo” o que escrevo, defendendo-se daquilo que publicamente o temos acusado – i. e., de esconder/não divulgar – os estudos feitos a propósito de Monserrate, entre 2001 e 2005, onde está uma importante descoberta.
Diz, repete-se, que nada tem a ver com a questão, e que sempre ajudou todos os alunos:
"O que a senhora diz a meu respeito (aproveitando um debate sério em torno a questões transcendentes que por certo não lhe interessam) é falsíssimo ... e mais não digo. Sou militante de causas: sociais, políticas, pedagógicas, culturais. Sempre apoiei os meus alunos e combati as injustiças, e contra elas dei a cara na Universidade e noutros fóruns onde trabalhei." (ver aqui).
Razão para a carta que estão a ler:
1º Embora trazendo este assunto para a Praça Pública/Facebook, foi ele que «quis ser meu amigo». Ao contrário (eu), nunca o faria, por se tratar de alguém que me prejudicou – e está a prejudicar o país – muitíssimo.
2º Reconheço que deveria ter começado a divulgar este seu comportamento tão pouco profissional de Responsável do Instituto de História da Arte (IHA) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), logo em 2006, em vez de me ter ido inscrever, para fazer um doutoramento em Ciências da Arte na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL).
3º Foi de início, quando nos finais de 2005 falei com a Professora Doutora Maria João Baptista Neto (MJN) que não me abriu as portas, pelo contrário, a que fizesse o doutoramento na FLUL, que percebi o imenso incómodo que estava criado.
4º Perseverei e trabalhei muito entre 2006 e 2012 na FBAUL, «desorientada» pelo Professor Doutor Fernando António Baptista Pereira (FABP). Apostado, exactamente, em que (eu) chegasse a nada...
Mas VS e FABP são amigos de longa data (muito antes de haver Facebook), e sobretudo como Profs da Universidade de Lisboa, ambos com vasta experiência; portanto também conhecedores em «questões administrativas» que naturalmente se põem – até para o contexto internacional – quando há ou houver investigações que levem a resultados inesperados. Ao que se chama em Ciência Paradoxo Cientifico .
5º Este nosso testemunho seria infindável se entendesse incluir aqui outros detalhes que são relevantes para toda a questão. No entanto, deve ficar ao nível a que tenho tentado manter e levar a situação. Mais: não baixar esse mesmo nível, e não entrar em discussões inúteis. Um professor universitário, ainda por cima catedrático, tem autonomia científica. E tem também naturalmente, autoridade cientifica. Foi isso que Vítor Serrão, nesta situação, entendeu não exercer. Porquê?
Temos várias hipóteses, mas só a consciência do Professor Catedrático VS saberá melhor qual é...
6º Para ir terminando:
Entendemos que autoridade científica não pressupõe autoritarismo.
Como acima já escrevi VS entendeu não a exercer; como entendeu ser «meu amigo do Facebook». O que achei muitíssimo bem, por ser a oportunidade de, com ele e todos os seguidores, estando todos ao mesmo nível, educadamente, e exactamente irmanados pelos mesmos objectivos, se poderem colocar estas questões. Objectivos que são:
Divulgar o que conhecemos, e aquilo a que temos amor, e lamentamos que os outros, e a sociedade em geral, ainda não conheçam. Para que assim, todos ao mesmo nível, haja divulgação e debate. Livre dos constrangimentos, que os «entendimentos» mais autoritaristas não permitem dentro das escolas e academias.
Estou, certamente, bastante mais próxima de Vítor Serrão, do que muitos dos «convivas do Facebook» possam imaginar [2]. Aliás, uma rede social pode ser benéfica, e é por isso que aqui estou, incluindo (ou principalmente para) divulgar as minhas ideias.
No entanto, a minha proximidade e muito do que aprendi com VS, e ainda com outros Profs da FLUL ou da FBAUL (bem como tudo o que vinha de trás da minha formação e prática profissional como projectista), leva-me a considerar – e considero inaceitável – impróprio de quem tem a referida autoridade científica, o silenciamento do que encontrei [3].
Ou melhor dito – daquilo que se encontrou – num trabalho que também é de equipa entre orientadora (MJN) e orientanda.
Mais, estando agora VS a querer pugnar pela protecção e não vandalização dos bens patrimoniais através de uma Carta de direitos e deveres do património histórico-cultural português {Carta de direitos e deveres do património histórico-cultural português} julga-se que não deveria estar a empregar para este efeito a palavra iconoclasma.
Porque vandalismo, ou uma certa fúria contra as entidades que (sem outras alternativas legais...) nos têm posto em «prisão domiciliária» a pretexto da Pandemia, não se deve confundir com as questões iconoclastas, algumas muito bem localizadas no tempo (passado) histórico.
É que a adoptar-se este termo, é também completamente iconoclasta a posição de VS (a sua) quando esconde o que se achou inesperadamente, e à ilharga do tema principal dos estudos dedicados ao Palácio de Monserrate, em Sintra.
Estudos de que guardarei sempre, óptimas memórias, até ao dia da defesa da tese. Em 31 de Janeiro de 2005 quando se percebeu que (VS) o Presidente do Júri, e apesar de me terem sido feitos vários grandes elogios, e dada a nota máxima; VS passou à posição de negação relativamente a questões que entretanto tinham passado a ser centrais – interessantíssimas e inovadoras – no contexto do trabalho feito.
Em nossa opinião é sem dúvida mais interessante, e útil, ajudar a fazer luz sobre questões que o tempo, e sucessivos esquecimentos - a par de «metodologias desfocadas», e investigações pouco sérias - tornou obscuras: do que querer/conseguir travar, com Cartas e Declarações, as massas enfurecidas e cansadas, de estarem confinadas.
«Gente» que não se comporta como pessoas, e que, ignorantes que são, se vão vingar nos Símbolos Nacionais, ou vandalizar peças patrimoniais.
Em conclusão: as posturas desses não são muito diferentes da sua, quando desvaloriza (em seu único beneficio) trabalhos de outros; que são de enorme qualidade em qualquer outra faculdade do mundo, à excepção do IHA da FLUL.
A minha postura, que é a oposta à sua - é/será sempre (salvo raríssimas excepções) -, que não se esconda e se ensine, para que as massas, crescentemente, possam ser elucidadas!
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[1] É a questão teológica que «formalmente» (ou violentamente, a partir de 1054) esteve na base da divisão da cristandade ocidental e oriental: conhecida em geral como Cisma do Oriente. Em Monserrate uma Nova História, trabalho de que somos autores, como se pode ver a Google Books estudou-o, e segundo indica a palavra filioque está sete vezes no nosso texto. Porque este tema teológico é imenso, consideramos - salvo melhor opinião - que o resumo que se escreveu em 2004, embora se possa sempre ampliar, continua válido.
A imagem a seguir é o excerto de um livro de Edward Norman, The Roman Catholic Church, An Illustrated History, Thames & Hudson, Londres 2007, p. 36, onde se fala na questão do Filioque (para ler abrir noutro separador)
[2] Apesar de termos metodologias de estudo totalmente diferentes: VS é o estudioso da Torre do Tombo e de todos os registos: sejam de baptismo, casamento, vendas ou aquisições. Tem todo o mérito. Só que tratando-se de Artes Visuais, parece-nos, é essencial poder/saber ler as imagens?
Quanto a nós, o que nos fascina são as obras que foram produzidas. As suas imagens icónicas (i. e. representativas ou naturalistas), mas principalmente, e em todas as obras, as imagens anicónicas: i. e., as que são em geral chamadas abstractas. E ainda, todas as que ninguém quer estudar a pretexto de «serem geometrismos». Ora geometrismos abstractos, também os há, e não são poucos, nos desenhos das letras do alfabeto. Cuja origem, se nos déssemos todos ao trabalho de as estudar, ficávamos a saber que um dia também foi icónica (ou pictográfica, como é mais comum dizer-se). Formas que se encontram lá muito atrás, no alfabeto fenício, ou quem sabe (?), ainda antes, na escrita hieroglífica - na fase designada demótica – do Egipto.
E já agora, para haver mais clareza, se hoje o alfabeto que usamos é composto de caracteres abstractos, esse facto tem pouca importância para a leitura; porque esta é silábica/fonética (o mesmo que sonora). Enquanto a maioria das imagens ditas abstractas e geométricas - antigas caligrafias, transformadas, ampliadas e plasmadas nas obras (e ainda postas tridimensionalmente, à escala das edificações). Essas imagens a que os historiadores, sempre (intrigados) chamaram formas - razão para o título de um livro de H. Focillon - A Vida das Formas; essas imagens funcionaram sempre como ideogramas.
Resumindo, são (hoje) duas escritas totalmente diferentes: A alfabética é sonora (b+a=ba). A de base geométrica é ideográfica. Não se devendo esquecer que a Geometria é, provavelmente, um dos Saberes (ou ciência) mais antigos.
Voltando às (nossas) diferentes metodologias - VS só acredita no que encontra escrito, directamente (escarrapachado!). Enquanto no nosso caso, ao percebermos que se está perante ideogramas, também fomos percebendo (aos poucos, e com bastantes leituras, em áreas que hoje são cientificamente, das Histórias da Igreja e das Histórias dos Dogmas), que essas «formas ideogramáticas» eram resumos de ideias.
E aqui lembra-se que imagens que são resumos de ideias, são em geral designadas símbolos. Mas, no nosso caso, não fazemos questão no uso do termo símbolo. Evitando-o aliás, propositadamente, para não se confundir com os Símbolos da Fé (ex. Símbolo dos Apóstolos, ou Símbolo de Niceia-Constantinopla, etc).
[3] E não colhe a ideia de que VS, FABP, ou menos ainda MJN, não tenham percebido o que se encontrou... Nem estamos sequer, já agora (em 2021), perante uma visão que continue a ser exclusivamente nossa, pessoal e subjectiva. Chegámos lá primeiro, à percepção de que a História da Arte antiga é/foi, principalmente, uma Iconoteologia. O mundo roda e evolui, e a História da Arte também. Mais, se numa primeira fase, eles - VS, FABP e MJN estiveram fascinados com o que estava a vir ao de cima. Também aconteceu que eles mesmos, gradualmente, viram o imenso alcance das nossas ideias. Por isso silenciaram e mandaram calar, estrategicamente.
Portanto, frases como “não diga que...”, “não fale em...” ou o “ponha para trás..., esconda, esconda isso lá no fim...!”; ou ainda a "não vai fazer uma História da Arte...", foram-nos repetidas, demasiadas vezes.
No entanto acontece que, estrategicamente, também nós considerámos muitos factores - sobretudo o tempo:
Muito disto passou-se (começou a passar-se) há quase 20 anos.
Um tempo imenso, que nos permitiu, mais do que consolidar as principais ideias: um tempo que já nos fez escrever (não há muito tempo, sem ter nada a perder), este comentário:
"Todos estamos sempre a tempo de fazer o nosso melhor. Sou muito exigente comigo, e por vezes também com os que considero deverem ser igualmente exigentes consigo próprios"
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Acrescentando-se hoje (20.04.2021), que continuamos activos em todos os nossos blogs, e em: