O post de hoje não é novo, porque sai deste outro escrito há 8 anos {POR BEM: A Cruz em Aspa e o seu significado - que agora é acrescentado}.
Porque, se temos a noção da fortíssima probabilidade de a iconografia antiga - a que chamamos ICONOTEOLOGIA - ter estado ainda muito «viva e eficaz», com os seus significados razoavelmente acessíveis, nos séculos XVIII e XIX, também há obras que nos provam que não estamos enganados: de todo!
Neste caso, a existência de vocabulário que foi altamente significante, começa logo na grande porta de Entrada da Casa.
Na porta que dá para a Rua da Escola Politécnica, e onde, embora nunca se tenha lá entrado, sempre tivemos a percepção de que atrás dela, a maioria dos detalhes construtivos/decorativos do interior dessa Casa, deveriam seguir a iconografia da época*. A qual na verdade, em muitos exemplos que existem desde a Antiguidade Tardia, era/foi uma Iconoteologia. Já que se tratavam de imagens criadas para traduzir conceitos religiosos.
A Cruz em Aspa começou por desenhar os primeiros tectos de catedrais**, várias vezes saltou para o exterior (nos telhados como losango***), e está repetidamente em tectos de igrejas, que podemos ver, se as contemplarmos.
E apesar de a contemplatio de que Mary Carruthers escreveu, estar cada vez mais longe, do que parece (na imagem acima) ter sido uma simples modulação, dimensional - quer no tecto do palácio da Vila de Sintra, quer na fachada do atelier de escultura que foi feito para Maria Luísa de Sousa e Holstein nos jardins da Casa do Rato/Escola Politécnica - lá estão, as Cruzes em Aspa, em ambos os casos, repetidas e enfaticamente colocadas.
Associadas, acima e aparentemente na base da edificação; no tecto do Palácio de Sintra, e nos tectos de igrejas e catedrais, como módulo que em geral não se supõe que era significante.
E no trabalho que escrevemos, sobre Monserrate, nas conclusões - ou Síntese Final (ver na p. 156) - aparece referido (em parte) como "...o Código Geométrico que Reichensperger..." procurou.
Já que, enfim, era tudo o mesmo. Porém, a maioria das pessoas não tem cultura visual, nem bases de geometria para perceber porque era, ou foi tudo a mesma coisa!
Na Visita Guiada da RTP que vimos hoje, percebemos que a casa é um manancial de informações. E quando estiver disponível, vamos tentar obter imagens melhores
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*Provavelmente com forte influência inglesa (georgian)
**Embora, em geral, muitas destas formas venham desde a Antiguidade Tardia, para a Cruz em Aspa, «faltam-nos» exemplos que sejam anteriores aos tectos de igrejas e catedrais...
***Outra forma sinónima de que, aqui perto, o Chalet que foi de Maria Pia de Sabóia, no Monte Estoril, dá agora testemunho curiosíssimo... A ponto de, o logotipo do empreendimento Villa Maria Pia, estar a usar «os losangos medievais»