Continuamos em torno do Palácio da Vila de Sintra, e das informações que dá, acerca de divisas, ou de expressões que ficaram associadas à história, e registadas na arquitectura. Sabemos bem de uma frase de Léon Battista Alberti, afirmando o gosto que tinha em encontrar, expressas nos elementos construtivos, ideias moralizantes e edificantes. Nesse caso refere-se a imagens: a linhas e a formas. Mas outros, como A. W. N. Pugin, falam mesmo de textos escritos. O tema é imenso, e hoje fica uma descrição de quem estudou e conhece bem o Palácio de Sintra:
“Voltando de novo ao alpendre por onde se acede ao Pátio Central, entra-se na primeira câmara do Palácio, a Sala das Pegas. É, curiosamente, a única em que sobrevive o nome original, uma vez que foi essa designação que já o rei D. Duarte lhe atribuíra. Como em relação à Sala dos Cisnes (e também quanto à Sala das Sereias), o nome vem-lhe da decoração pintada no tecto: 136 pegas segurando no bico uma tarja com o moto de D. João I «Por bem» e, numa das patas, uma rosa. A lenda que lhe está associada (e de que o Conde de Sabugosa se faz eco no seu livro), em torno de um episódio amoroso envolvendo esse rei e uma dama da rainha D. Filipa de Lencastre – que, sendo filha do duque inglês de Lencastre, com aquele rei se casara em 1387 – terá sido recriada em tempos bem mais recentes, uma vez que quer o tecto quer a respectiva decoração pictórica não são medievais. De qualquer modo, as obras profundas de restauro, posteriores ao terramoto de 1755, terão recuperado o tema das pegas que, sob a forma actual ou sob outra qualquer, deveria ser preexistente...”
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Ver em José Custódio Vieira da Silva, O Palácio Nacional de Sintra, IPPAR e SCALA, 2002