...mentirada que grassa no país, sim, e em muitos casos temos como prová-la.
Por exemplo, temos 3 postaizinhos cor-de-rosa, das chamadas «cartas com aviso de recepção», que tivemos o cuidado de enviar ao actual MEC, para explicar o que se passa com o nosso doutoramento.
As respostas, quer do antigo MCTES, do actual MEC e da FCT têm tocado sempre na mesma tecla, que não vamos aqui deixar, já que será assunto para outras datas.
Interrompendo as lições de Saint-Gall, hoje pareceu oportuno comentar o que a nível europeu a Senhora Merkel resolveu afirmar, e em consequência passou a todos os jornais: ou seja, referiu-se ao modo como alguns países usaram os dinheiros dos chamados «Fundos Estruturais».
Ora se há alguém que tenha beneficiado dos ditos, somos nós. E sem pormenores, sabemos que beneficiámos imenso, e directamente.
Acontece que neste «nosso querido país à beira-mar plantado»*, continua a não haver JUSTIÇA!
Em Portugal nunca poderia haver uma SENHORA MERKEL, porque a cultura vigente estabeleceu (e neste aspecto a regressão relativamente aos anos 70-80 é notória) que as mulheres são generosas, hiper-trabalhadoras, etc., etc. Em suma ELAS são uma onda, mas os homens é que decidem, mandam, organizam, sabem, resumem, e finalmente classificam e ordenam.
A cultura vigente - atávica até dizer chega, mas é disto que todos gostam... e cada vez mais se tem a noção que não vale a pena remar contra a maré - decidiu que são e serão sempre os homens os únicos capazes de governar e decidir, seja o que for!
Nesta perspectiva, mesmo que alguma mulher tenha formações pagas por fundos europeus, que deles tenha beneficiado e aprendido imenso, enquadrado o que sabia, e percebido que estava no caminho certo, isso pouco interessa...
Ou, se pelo contrário, e honestamente, se tiver apercebido de algumas das suas lacunas, e tenha tirado partido das formações que recebeu, para integrar novos conhecimentos no seu trabalho e nas aulas que ministrou; tudo isto, altamente positivo, que os fundos europeus permitiram a essa mulher, só por ser mulher, claro, sabemos que a cultura vigente despreza!
Alguns poderão perguntar: Para quê e porquê, todas estas informações; todo este relembrar de cursos feitos nos longínquos anos 80, e sobre os conhecimentos então adquiridos? Porquê insistir em alertar para uma cultura vigente, que vigora de facto, é certo, inunda tudo, mas é apenas de maneira informal, e algo subterrânea (pois todos a escondem debaixo do tapete)?
A resposta é o facto de querermos chegar a esta ideia que, parecendo tonta, aqui no burgo é simples e clara. Uma ideia que a Senhora Merkel desconhece em absoluto (é subterrânea!), porém é o retrato dos raciocínios e das mentalidades, mais do que atávicas, dos portugueses:
é preferível encher a Ilha da Madeira de estradas pouco úteis, do que dar formação (sobretudo) às mulheres portuguesas**!
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* Esta nota justifica-se porque o país tem estado lindo, com uma luminosidade, absolutamente espantosa, que se o resto da Europa sabe, vai já invejar! Mas, por outro lado, também fica notório que aquilo que alguns têm avisado, sobre as alterações climáticas, e o avanço do deserto, do norte de África para o Sul da Europa e Península Ibérica, ser cada vez mais uma realidade. Será que alguém, alguma instituição se preocupa com o que se está a passar? Não seria normal pensar em formas de utilizar melhor a água? Não se justificaria estudar estas questões de um modo lato, e começar a mudar alguma coisa?
**Já que, definitivamente, os homens são superiores e não precisam de formação. Parece-nos que a questão que estamos a colocar é utilíssima: para discutir em família e nos cafés. Vale a pena comparar o investimento em estradas pouco úteis, com o mesmo investimento direccionado para o desevolvimento de uma parte signficativa da população, que são as mulheres?
Sorry, pedimos desculpa... pela ironia, e sobretudo porque, por instantes, esquecemos a inutilidade das nossas ideias...