Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Nov 11
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Claro que História e Filosofia são disciplinas básicas, mas não saber Matemática, ou não querer entender de números - que tratamos como «nebulosa abstracta» – é um erro tremendo! Tem a ver com a CRISE por que estamos a passar, e esta inclui, além da mentira e da corrupção, muita burrice de todos*.

Sempre que se ouve falar nos 78 mil milhões de euros que recebemos por tranches (durante cerca de mil dias - i. e., durante três anos mais uns dias, e vamos ter que pagar) pergunto-me que parte lhes cabe, nesses milhões todos, que parecem um número abstracto e inatíngivel, dos milhares de habitações construídas para nada, nem para ninguém?

Melhor, construídas por uns construtores civis, ingénuos (???) que alguns, agora, ou estão na miséria, ou partiram para «as Angolas e os Brasis». Pessoas que à maneira dos antigos madeireiros da região de Tomar, os construtores das gaiolas pombalinas, que a partir de certa altura de tão «mistas» (já com ferro, e mal construídas), lhes começaram a chamar patos bravos. Esses - que poderíamos ver como uma espécie de descendentes dos construtores do país, dos dois últimos séculos, e assim colaboradores úteis da sociedade - eles foram os fabricantes e artesãos, das habitações em que vivemos. 

Mas há a outra face da medalha: por sua vez, também esses tiveram colaboradores (ou são cúmplices?), dentro das instituições bancárias. Não no funcionário do balcão - com que todos almoçariam, para obterem favores - mas nas mais altas instâncias.

As «bolhas do imobiliário», geradoras da Crise, não são apenas edifícios avaliados muito acima do seu valor: são também centenas de milhares de edifícios de habitação, vazios! Dinheiro enterrado, políticas de compra versus arrendamento, que em Portugal são, há décadas, geradoras de emprego, que é despesa, e não produção de riqueza. Por isso a Crise!

A Troika e este novo governo já começaram a fazer alguma coisa para «troikar» a situação? É verdade que está tudo imbricado, umas questões nas outras, e não será fácil a resolução; mas há que começar por algum lado, sobretudo a pensar, numa área em que há muito a fazer...

Agora para os leitores do blog, «umas continhas fáceis»:

735.000 unidades (fogos vazios, como está na notícia do i, valor revelado pelos Census 2011). Admitam, por hipótese, que todas valem, ou custaram, 75.000 euros/cada unidade**. E agora multipliquem estes dois valores; i. e.:

(735x103) X (75x103) = 55.125x106 = 55.125.000.000 euros. Tratam-se de 55 mil, cento e vinte cinco milhões de euros.

Por outro lado, as «tranches da troika» totalizam 78.000.000.000 euros (78 mil milhões de euros, ou 78x109).

Façam a subtracção e vejam quanto nos custam ainda, para além dos erros da Banca, das políticas erradas dos governantes, da ingenuidade dos construtores civis, e claro, de todos nós (que enterrámos a cabeça na areia). Vejam quanto consumimos noutros pequenos e grandes disparates, pouco sustentáveis:  

78.000.000.000 - 55.125.000.000 = 23.875.000.000

Será que esta diferença*** - de 23.875.000.000 euros – inclui tudo o que folgámos e dançámos como a Cigarra? De certeza que não, porque algumas habitações, as dos mais pobres, sobretudo os transportes, uma parte da saúde, do ensino, etc., etc., dificilmente não são deficitários. Provavelmente são, e teremos que os ver assim, um investimento de toda a sociedade, que tem que ser pago com o que se vai buscar a outras actividades mais rentáveis... Assim, a parva da Formiga é agora quem manda trabalhar. E não sendo economistas talvez estejamos a hipervalorizar o sector da construção: mas nem referimos as auto-estradas?

Por outro lado, em escassos minutos ontem pudemos perceber «os novos arranjinhos» que vão em várias Faculdades da UL e UTL. E nessas «movimentações» é curioso ver o posicionamento de alguns, que agora vão querer colher os louros, daquilo que, à última, e face à dimensão do que nós descobrimos, eles próprios decidiram atrapalhar. Acontece que antes de ser roubado já se divulgou, registou e deu: a quem queremos, e não aos assaltantes... Se a Justiça vier a funcionar veremos que corrupção e gente suja não existe só no imobiliário, ou na especulação sobre terrenos: está em toda a parte, invade o Ensino Superior!

Se uns preferem fazer o caminho da dignidade - patente na bibliografia de vários cursos e disciplinas surgidas este ano lectivo; outros, apressados e atabalhoados de ganância, verdadeiros Patinhas enramelados de cifrões, vão no facilitismo. Por isso hão-de autodenunciar-se, em temas aos quais nunca chegariam, nos entendimentos que não têm, nem terão, da Geometria (e portanto da Arte). Correspondências entre imagens e conhecimento que estão a milhas de entender: o "atout" próprio de Historiadores da Arte

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*Dos honestos, claro. Hoje há um quase “mea culpa” de não ter havido mais exigência, de não se ter ensinado muito mais? Também há as exigências dos mercados a quererem que os países se auto-reformem, percebendo-se que essas reformas se traduzem, na prática, por um downgrade das condições dos trabalhadores. O que leva a CGTP a explicar que esta é a geração que vai ter menos do que tiveram os seus pais.  Porém, a história dos últimos 50 anos mostra que não é válida, para muitos, essa afirmação.

** Número que nas maiores urbes pode estar baixo (?), mas pretende ser um cálculo generalista. Note-se que se trata de Imobiliário - valores que, se têm as fundações adequadas, não saiem da terra. Enfim, milhões de euros enterrados!

*** De acordo com a lógica simplista, que adoptámos, mas que tem uma parte de verdade, a pergunta é: "Essa parte são 55 mil milhões de euros, ou estão excessivamente empolados?"

http://www.ionline.pt/dinheiro/ha-735-mil-casas-portugal-vender-ou-arrendar

http://noticias.sapo.pt/internacional/artigo/reforma-da-lei-hipotecaria-a-marca-do-programa-socialista_1606.html

 


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