Sobre os Óscares ocorre-nos um filme e uma série de perguntas: Que uso fizeram/fazem os storytellers - em Toy Story - do Design tradicional das casas americanas?
Para nossa enorme pena, não temos visto, como gostávamos, as últimas edições de Toy Story, porém talvez do 1º filme (?), ficámos fascinados e nunca o esquecemos, com o design, reconhecível e perfeitamente identificável, de uma típica casa norte americana. Embora, de um loft (ou qualquer outro andar...) em Manhattan, a uma «casinha» de madeira nas ruas tradicionais de S. Francisco, ou em Bolder, no Colorado, as tipologias sejam, relativamente, muito variáveis; podendo portanto ser difícil definir essa casa típica dos EUA.
De qualquer forma, é (para nós), talvez uma versão «herdeira» do georgian inglês (como aliás existe bastante em Lisboa*); e que sobressai, pois aparece nos planos de fundo, como cenário, em inúmeros detalhes do filme a que nos referimos.
Lembro-me do desenho dos rodapés, o dos degraus da escada, a parte inferior dos balaústres - de escadas de madeira que habitualmente são pintadas de branco; tal como do design das portas, em geral de grande beleza, em particular os perfis de madeira, incluindo as almofadas inferiores - as que mais aparecem pelo meio dos brinquedos - cujas molduras são rectângulos de bonitas proporções (que fazem perguntar se seguem a regra de ouro...?).
Mas ficam mais questões: repararam nos jardins, nas cercas características em tábuas de madeira, com um qualquer recorte também típico? Notaram as arcas dos brinquedos, os armários e as prateleiras que estão nos quartos das crianças, pelo chão e pelas paredes?
Há dias reparámos (nós) como são tão bonitas as portas interiores do Convento de S. Francisco, onde funciona a Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Pois com elas passa-se, quase o mesmo, que vemos, e gostamos, nos detalhes do filme Toy Story.
Em nossa opinião, e assumindo o risco de ser pirosíssima (por estar, aparentemente, «a impor» o seu próprio gosto), essas portas são...
...LINDAS!
Com pinázios esbeltos e elegantíssimos que só a madeira permite, quanto às proporções, vendo bem, "regra de ouro", não parece estar em nenhum dos rectângulos (quer nos painéis de vidro, quer nos das almofadas) - demasiado compridos e longe da relação 1:1,6. Mas, como todos sabemos, também se enganam os olhos, tal como o paladar, ou o olfacto, usando compensações e fazendo parecer, ser, aquilo que não é. Razão teve Horace Walpole, para debater o assunto, no Comitee of Taste que chegou a formar: já que os gostos se discutem, e embora não se imponham, há muito para aprender, e para compreender, sobre aquilo que agrada aos olhos.
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*Depois dos estudos que dedicámos à Arquitectura inglesa, podemos dizer que há muito esse ambiente na Lisboa Pombalina. É a nossa opinião, embora seja dificil debater esta temática, mesmo no Porto (ou talvez só com ingleses?). Pois em geral não se sente que as pessoas partilhem este tipo de interesse; ou observem, de modo analítico, os sinais e os ingredientes que estão nas obras...
http://oscares.cinema.sapo.pt/2011/noticia/toy-story-3-o-filme-consensual-dos-oscares