Depois de ouvir uma investigadora de Univ. do Minho*, a comentar os jornais de um dia, que é dedicado à reflexão (sobre o futuro) - percebe-se como saber reflectir é essencial. Que importa lembrar como se pensa - com base nos ingredientes do pensamento - que são hoje, principalmente, as palavras (que exprimem ideias...). Ou, que importa pensar, claro, sempre, mas em especial quando se trata de prever dificuldades, ou de abrir caminhos que hão-de facilitar e tentar qualificar a sociedade, as suas condições de vida, os ambientes, etc. E isto, porque nem todos temos a mesma experiência, ou fomos confrontados com diferentes aspectos da governação, e da política**.
Alguns admiram-se pela abordagem (ou sensibilidade?) ao problema da falta de água, pensando que não deve ser preocupação de um arquitecto. Porém, quando em geral, actualmente, a maioria dos adolescentes cresce alheada de várias questões, muitas delas básicas e fundamentais, no nosso caso percebemos cedo, e de perto, de que se ocupa a governação: entre vários exemplos, assistimos à resolução de uma pequena parte do problema da falta de água na Área Metropolitana de Lisboa, com a construção de uma albufeira, nas faldas da Serra de Sintra.
Que os políticos que vamos escolher sejam menos adeptos das «cracias» a raiar a ilegalidade, ou até a falta de lógica...; e que pensem mais no serviço, em prol do bem-estar dos povos que governam. Que lhes ministrem - porque é este o sentido etimológico da palavra - o melhor das suas inteligências, e a disponibilidade pela qual são pagos.
Que tenham comportamentos verdadeiramente nobilitantes, como eram vistos os governantes das repúblicas italianas - por exemplo os Doges de Veneza - razão pela qual as fachadas das suas casas, e outras edificações que promoveram, estão marcadas com sinais dessa mesma nobreza.
E, já agora, para todos os que não têm pensado nestas questões, comecem a observar - pois podem vir a descobrir o interesse que existe numa temática que é enorme: como muitas das chamadas "Sobrevivências do Gótico"***, são obras que radicam naquilo que eram consideradas "Prerrogativas do Poder Real" (ou da nobreza).
Será que o Presidente da Republica, e as suas funções, são uma réstia, uma espécie de "Rex-Sacrorum", instituído nas repúblicas em que vivemos? Enquanto os governos, executivos, são como os Edis de Roma?
Continuando a reflectir (em cadeia, e apoiados na génese latina das palavras) iríamos chegar à conclusão que esse Edil, as funções e sua denominação, provêm da raiz "aedi", que deu depois o verbo edificar.
Ficamos por aqui - porque são infindáveis as "catenae" (de que escreveu Mary Carruthers), que também originaram a «polissemia visual» - lembrando a razão porque alguns, ainda hoje, fazem questão de «serem construtivos»...
Fachadas de Palazzos de Itália
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* Felisbela Lopes
**Que é o fazer da Polis: "Politeia" = cidade e sociedade.
***Ver a distinção que fizemos - para alguns o grande contributo do trabalho - em Monserrate, uma nova história, entre Gothic Survival e Gothic Revival; enquanto Batty Langley e outros (referido logo na Introdução, e depois uma dezena de vezes ao longo do trabalho), tentaram criar um estilo "Gothick". A questão é enorme, havendo muitas sobreposições, que, não ajudam a uma fácil compreensão. Muito menos instantânea, ou sem longas reflexões...