Supõe-se!
E a estória de hoje (que depois se torna História) pode ser contada assim:
Algures entre Novembro de 2001 e Março de 2002 a minha mãe pôs-me à frente o desenho seguinte. Com uma recomendação:
Restaura e põe-o numa moldura ! (*)
(ampliar)
Acontecia que, nessa altura estávamos mais uma vez a estudar Monserrate; desta vez bem instruída, tinham-nos dito: "Você só pode perceber Monserrate, se perceber as Origens do Gótico !"
E - disseram também - "porque no Romanesque ... assim, assim e assim; mais etc., etc., e etc... os Círculos Entrelaçados... etc. etc, etc.", como a imagem abaixo mostra (e com ela a respectiva legenda), estiveram na Origem do Gótico.
Só que, e já agora informa-se ainda, que com ela (a referida legenda) não concordamos, integralmente.
Pois sabemos que a "arcada cega" (ler a seguir) foi posta na construção como se fosse um "lettering". Com o objectivo de traduzir visualmente (como num esquema que qualquer um de nós desenha) uma ideia teológica: a que está contida na definição, que foi dogmática, e que é conhecida como Filioque.
[O que é toda uma outra história, ainda mais difícil de compreender, e que portanto, agora aqui, não vai ser avançada]
O excerto acima vem de: How to read buildings. A crash course in architecture, por Carol Davidson Gragoe, Herbert Press, London 2017.
Seguindo-se (abaixo) a fachada de Monserrate, na qual tínhamos passado a ver - depois do briefing da nossa orientadora (em Dez. de 2001) - os ditos círculos entrelaçados, que estiveram na base da composição geométrica.
[é uma Imagem já empregue noutros posts nossos, e em que se tem contado aquilo que, inesperadamente, nos veio a acontecer. Como por exemplo podem ler neste post de primaluce. de agosto de 2015 , ou neste outro de iconoteologia de uns anos antes, como se tem vindo a contar].
Mas enfim, e repetindo, é toda uma história muito longa, a dos Círculos Entrelaçados na fachada do Palácio de Monserrate (**). E é agora - hoje - apenas o tronco principal de uma história muito mais curta.
O facto de haver muitas Garagens que são também uma espécie de «Sótão da Avó» - cheias de tesouros, e de lixo - com tudo à mistura!
A fazer lembrar o Sub-Consciente, o Inconsciente e também a Psicanálise. Aliás, óptimas metáforas para aquilo que, ao longo dos anos, se quer ter, e pôr, bem longe da vista (***)
Ou seja, um sítio em que, como acontece neste exemplo, nem a própria avó (ou a mãe, ou a tia, ou nós...!) sabia das potencialidades do desenho, que um dia alguém lá encafuou, e que décadas depois, finalmente, houve um outro dia em que foi descoberto.
E embora descoberto (ou encontrado) com apenas algumas, poucas folhas soltas, ele integrou um fascículo de Quadros Históricos de Portugal. Da autoria de António Feliciano de Castilho, editado pela Typographia da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis. Lisboa 1838.
O que, para quem como nós em 2001 andava bastante intrigada «com a conversa da orientadora» - e já tinha percebido que Círculos Entrelaçados existem em profusão, desde que se saibam ler (tal e qual como está no título do livro How to read buildings). Portanto, desde então e com o aparecimento desse desenho relativo aos Monumentos sepulcraes de Egas Moniz e seus Filhos, para nós, o dito achado fortuito veio a tornar-se a verdadeira Pedra de Roseta.
Ou, retomando o nome da Sociedade Tipográfica que em 1838 imprimiu o referido desenho, em boa verdade «a nossa Pedra de Roseta» mostra/prova como os Sótãos das Avós e as Garagens das Mães, podem ser espaços repletos de Conhecimentos Úteis.
Dos quais - a haver alguma inteligência...? - não queremos prescindir: pois são como Pepitas de Ouro!
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(*) Mas, o triste mesmo desta estória, é que o objecto fantástico (encontrado numa arca na garagem), e portador de noticias antiquíssimas, ainda agora continua no mesmo estado. Ou pior ?! Já que estes materiais quando entram em ruína é sempre a acelerar ...
(**) Círculos que passámos a encontrar em toda a parte, só que nunca ninguém os tinha visto, e menos ainda entendido...
(***) Como aliás todos fazemos com aquilo que é (depois) o inconsciente. Tira-se da frente e tira-se da vista, porque agora não interessa nada! Há sempre outros temas e outros assuntos prioritários.