Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Set 24
publicado por primaluce, às 19:00link do post | comentar

Note-se que, se por um lado permanece como elemento menor - apenas de carácter decorativo; por outro lado, também existe como elemento muito maior. O que, por exemplo, está na base dos tramos das Abóbadas do Românico-Gótico (como é uma das imagens deste post)

 

Estamos a escrever ainda a propósito do fantástico Portal da Igreja da Misericórdia de IDANHA-A-VELHA.

Vimo-lo talvez no dia 22 de Agosto (?), mas levámos tempo de mais, até completar post anterior,  que lhe dedicámos.

Estava na nossa cabeça, mas, embora tivesse sido uma imensa euforia - bem contida! - o facto de termos encontrado vários ideogramas dispostos no portal da Igreja da Misericórdia de Idanha-a-Velha, também precisámos de ir assimilando esta nova "trouvaille".

FANTÁSTICA!, como acima se disse, e vamos repetir...

Porque ela foi a resposta a muitos questionamentos, que sempre nos colocámos: por sabermos que, em geral, aquilo a que chamamos ideogramas medievais, deram forma a grandes elementos da arquitectura. Não aos pequenos detalhes arquitectónicos, ou até mesmo, exclusivamente, aos motivos decorativos menores, de peças usadas nos serviços litúrgicos:

Os ideogramas (quase) por regra, estão nas peças de maior envergadura. À escala da Arquitectura, e por isso nos fascinaram tanto, deixando perceber a existência de uma outra História da Arquitectura. De que ninguém tem querido saber, a começar pelos supostos responsáveis*.

Acontece que, no texto abaixo (na 2ª imagem seguinte), extraída de Carl G. Liungman (do livro - Symbols, Encyclopedia of Western Signs and Ideograms)  encontrámos uma referência ao Rune**. Que foi uma escrita germânica, de que nada sabemos.

Por isso fomos indagar. E essa é, já a seguir, vinda do Merriam Webster Dictionary On line, a primeira imagem dos caracteres rúnicos (equiparados foneticamente, ao «nosso alfabeto»).

Nela reparem na 2ª linha a contar de baixo, no 7º caractere a contar da esquerda: aquele que entre duas linhas paralelas parece conter um X. Esse sinal completo, pela indicação do Merriam.Webster Dictionary, teria o som de um "d".

Mas, o que nos interessa - porque se trata de uma escrita ideográfica -, é a sua forma e não o som que lhe correspondia.

Uma noção que aceitamos, ou achamos perfeitamente possível, no âmbito dos imensos sincretismos a que se assiste, ao longo da história da cultura e da história das religiões, é a re-utilização dessa forma.

Sim, aceitamos que a referida forma gráfica tenha prevalecido, ganhando um dia valor significante: noutros contextos culturais, diferentes daqueles em que surgiu inicialmente. Aceitamos, porque vemos que existiram imensos sincretismos, embora nem sempre se saiba como é que certos «desvios», ou evoluções, aconteceram...

Rune-Alphabet.jpg

(informação sobre o alfabeto rúnico vinda daqui)

Assim, e de acordo com o que acima se registou, Carl G. Liungman explica essa forma (o ideograma seguinte), como tendo tido origem num caratere rúnico

lIUNG-IDEOGRAMS 001-b.jpg

(ampliar)

Ora o mesmo ideograma - a Cruz em Aspa - que está «decorativamente» nas ombreiras do portal da Igreja da Misericórdia de Idanha-a-Velha, está desde muito cedo nas Igrejas Românico-Góticas, numa escala enorme. Assunto que já abordámos por outros ângulos e perspectivas, incluindo-se, entre eles um colar honorífico do rei D. Manuel I.

Deu forma, e proporção aos tramos das igrejas medievais. Como se vê nesta página (fotografia do lado esquerdo)  proveniente do livro de Mário T. Chicó - A Arquitectura Gótica em Portugal, edição Livros Horizonte.

cruzEMaspA 001-chicó.jpg

(ampliar)

Assim como, também deu forma a um tecto da Basílica dos Mártires em Lisboa (imagem seguinte), fazendo perdurar e prevalecer a mesma ideia. 

(ampliar)

Apesar de serem «praticamente incontáveis» os ideogramas que Carl G. Liungman incluiu no seu livro (Symbols, Encyclopedia of Western Signs and Ideograms - ver a capa aqui), e de inclusivamente, ter incluído no seu trabalho - como nos parece, sinónimos que, provavelmente não o foram -, no entanto, para este caso, e nas associações que faz, deixa-nos perceber que fomos directos ao ponto.

E num próximo post, vamos continuar a demonstrá-lo

~~~~~~~~~~~~~~

* Mesmo que os Catedráticos da Universidade de Lisboa o queiram ignorar. Ou, pelo contrário, que ao ignorando, o que fazem é mostrar toda a sua incompetência...

** Rune - é a designação em inglês dada aos caracteres (em português existem as palavras runa/runas). Caracteres dos mais antigos alfabetos germânicos. 


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