Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
16
Jun 24
publicado por primaluce, às 19:30link do post | comentar

E enquanto o livro não chega, outras leituras - de certeza mais sintéticas - vão-nos dando algumas informações

JHAndresen.jpg

Objectivos?

 

: Tentar perceber/confirmar se houve opções religiosas, marcantes, que tenham levado à inclusão de uma enorme Mandorla nos jardins da Quinta do Campo Alegre, no Porto? 

Mandorla - ou ideograma (como habitualmente gostamos de dizer) - alusivo à Dupla Procedência do Espírito Santo.

Mandorla-Anderson.jpg

Mandorla é a imagem acima, obtida na RTP Programa Visita Guiada

 

Claro que a nossa curiosidade se centra na confirmação de uma ideia que, nalguns casos, era habitual:

O emprego de ideogramas de génese religiosa na arquitectura, e também nos traçados de jardins

{uma curiosidade que tem anos ..., e ainda antecedentes próximos}


13
Jun 24
publicado por primaluce, às 13:30link do post | comentar

Extraído do nosso estudo dedicado ao Palácio de Monserrate (escrito há 20 anos):

Escolhemos algumas passagens sobre a transição do Enciclopedismo Arquitectónico ao Ecletismo - visto actualmente como Estilos Ecléticos [1]   

 

Porém, note-se que as duas imagens com que começamos, só as conhecemos muito depois dos nossos estudos. São vistas aéreas da Casa Anderson no Porto, actual Jardim Botânico, obtidas no Programa Visita Guiada (ver aqui)  .

Foram feitas pela RTP em 22.04.2018, e têm para nós a grande vantagem de confirmarem o que escrevemos em 2004. Devendo acrescentar-se que, muito francamente, não poderíamos esperar encontrar, em Portugal, e desenhada num Jardim, uma enorme Mandorla! 

Vantagens das migrações, e das comunicações entre Povos e Culturas

Mandorla-Anderson.jpg

Assim, vindo de Monserrate uma Nova História (Livros Horizonte 2008) 

 

INTRODUÇÃO 

(...) Quando vemos a casa de Sir Francis [Cook], mais da Europa do que Indiana ou Chinesa, o seu Orientalismo é paradoxal (e porventura perturbante)!? Contém expressões do Alhambra e da Batalha, mas tem principalmente, imagens da Itália. E esta constatação que fazemos, pode ser segundo julgamos, uma colecção de novas interrogações... (ler na p. 16)

 

CAPÍTULO I

AS QUESTÕES EM TORNO DO GÓTICO NO SÉCULO XVIII EM INGLATERRA, ATÉ À OBRA DE STRAWBERRY HILL : OS PRIMÓRDIOS DO REVIVAL, JARDINS E PAISAGISMO

Ao fazer a história do Gothic Revival em Inglaterra, muitos autores radicam uma origem mais longínqua do gosto pela arquitectura deste estilo, no reinado de Elizabeth I - que foi também o tempo de Shakespeare: “…A época isabelina é marcada pelo florescimento da arquitectura (…) não é italiana nem francesa, encontramos a marca de um Renascimento específicamente inglês…” [2].

(...) O “renascimento” que proporcionou teve a originalidade da força literária de Shakespeare.

(...) Seguiram-se tempos de agitação, mesmo conturbados por grande violência, que só voltaram a uma estabilidade duradoura um século depois, na dinastia Georgiana

(...) Nesse intervalo aconteceu a República Puritana de Cromwell, em que grande parte da nobreza se viu na necessidade de saindo das cidades, regressar às suas propriedades rurais, onde procurou refúgio. Atribui-se a este contacto renovado com os ambientes mais genuinamente nacionais (e campestres), alguma importância para manter e aumentar o gosto pelo estilo.

(...) A prevalência do gótico como escreveu Kenneth Clark, fez-se sentir desde 1600 a 1800, porque em Inglaterra - apesar das novas formas artísticas e mudanças entretanto operadas em Itália e no restante continente Europeu, incluindo na vizinha França de onde poderiam receber algumas influências - nunca o estilo se perdeu. Pelas razões apontadas ou outras (de uma “antropologia nacional” justificável também pela insularidade), nas Ilhas Britânicas continuou-se a construir desta “maneira”. (ler p. 17)

(...) Posteriormente nos reinados de Carlos II, no de William III (de Orange, com Mary II), mais tarde no de George I, encontram-se movimentos e sinais que são de forma remota, ligados ao Gothic Revival. É deste modo que são vistas algumas peças de Arranjos Exteriores, como foi exemplo a introdução do Canal (de água) em Hampton Court; ideia que Carlos II levou de Versailles [e fez construir para a sua mulher – a portuguesa Catarina de Bragança]. Trabalhos que contribuindo para o gosto pelos jardins e paisagem, seriam a envolvente da arquitectura medieval, que se ia fazer reviver. Neste contexto, o Canal seria mais tarde substituído por uma linha de água irregular.

Em 1726 ainda no reinado de George I, tendo morrido Sir John Vanbrugh[3] - que foi o Surveyer of Gardens and Waters - a princesa Caroline, futura rainha, mulher de George II, convidou Bridgeman, talvez por sugestão de Robert Walpole, para ser o novo Royal Gardener.

Aqui é importante lembrar quem era Robert Walpole ...

(...) Bridgeman – que exerceu as funções de Jardineiro Real - era um anti-francês, e tornou-se o introdutor do que se chamou depois “le jardin anglais”. Com ele fez-se a transição dos layouts geométricos de 1700, para o “... free style de Capability Brown in the 1750s and 1760s...”[4]. Esse trabalho para que foi convidado, iria ter sequência; a transformação do uso e planos de Kensington Gardens foi bem sucedido, tornando-se pioneiro. Seria uma nova etapa na concepção de jardins.

Estes surgem inovadoramente com dois tipos de áreas ...

(...) Era assim criado um ambiente propício à inclusão de várias espécies arbóreas, europeias e de regiões distantes (...) Seriam depois também ambientes para novas “espécies arquitectónicas”, uma Enciclopédia de Arquitectura, como pretendeu concretizar William Chambers, em Kew Gardens.

William Chambers (1723-96) era um arquitecto eclético que viajara até à China; a partir de 1759 ficou encarregue de fazer os Jardins de Kew para a princesa Augusta, que assim dava continuidade ao trabalho da sua antecessora Caroline. A William Chambers foi dado também o cargo de Architectural Tutor To The Prince Of Wales (o futuro George III). (ler . 18)

À semelhança da “variedade enciclopédica” de todos conhecimentos reunidos, com esse espírito – o da colecção dos conhecimentos que iam surgindo da ciência e técnica, mas também a das espécies botânicas antigas e novas, que se classificavam – agora seria também a vez de juntar “arquitecturas”. Incluindo a diversidade arquitectónica vinda de mundos distantes. Foi esta ideia eclética que presidiu à Enciclopédia de Arquitectura, que Chambers como projectista-coordenador, tentou realizar em Kew.

Como se trata adiante, Horace Walpole (1717-97), que era filho de Robert Walpole, ficou para a História pelos contributos que deu ao Revivalismo do Gótico; mas não só. São vários os autores que citam opiniões suas - o que ao longo da vida foi sempre fazendo, sobre “bom e mau gosto" - por isso também como alguns escreveram, foi o maior opinion maker do século em que viveu[5]. (ler na p. 19)

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

[1] Extractos das primeiras páginas do nosso estudo dedicado ao Palácio de Monserrate. Quando se tornou essencial explicar (para quem um dia o viesse a ler...) a passagem da descoberta/constatação da existência dos diferentes estilos - e o seu registo enciclopédico – à sua reunião, inovadora, num único edifício. Como por exemplo fizeram os Arquitectos James T. Knowles na «composição arquitectónica» que é o Palácio de Monserrate. É o hibridismo das «misturas» que foram feitas, que justifica que se diga "Estilos Ecléticos" (no plural).

[2] Ver em François LAROQUE, Shakespeare o teatro do mundo, Quimera Editores, Lisboa 2003, p. 99.

[3] Sir John Vanbrugh (1664-1726), também autor de importantes obras de arquitectura. Blenheim Palace do 1º Duque de Marlborough é obra sua. Alguns autores vêem na skyline de Blenheim Palace, sinal da admiração que tinha pela arquitectura medieval e a do tempo de Isabel I.

[4] Ver em Roy STRONG, Royal Gardens, BBC Books, Contan Octopus, London 1992, p. 39.

[5] Ver o primeiro capítulo de La Época De Los Tres Jorges a través de la correspondencia de Horace Walpole, Colección Historia, Imprenta Moderna, Barcelona 1943, cujo título é exactamente – Vida y opiniones.


04
Jun 24
publicado por primaluce, às 14:30link do post | comentar

Se há trabalho que nos deu prazer fazer, foi este:

 

Estudar Monserrate, mais ainda todo o tempo com que desde, aproximadamente 1985, nos ocupámos com esta obra magna da arquitectura inglesa, foi sem dúvida um dos maiores privilégios da minha vida profissional.

E não parou de nos retribuir, como bónus, imensas informações. Continuando até hoje, e de várias maneiras...

Assim, ficam duas páginas - a primeira e a última - de um artigo escrito para a ARTIS, nº 5, da FLUL.

artis-p.367.jpg

ampliar

artis-p.379.jpg

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E fica ainda a chamada Planta de Encarnados e Amarelos, já apresentada no post anterior.

EncarnadosEAmarelos-Monserrate-c.jpg

Por fim, uma referência à Conferência da Gulbenkian {O Poder da Palavra V - Museu Calouste Gulbenkian}, que foi na última segunda-feira de Maio.

É que podemos - sem dúvida - associar a referida conferência, e a exposição que ainda não pudemos ir ver, ao suposto «Orientalismo»  do palacete inglês de Sintra.

Já que, nos dois casos, estamos perante Arte Oriental e Arte Islâmica que tem ainda, muito (ou quase tudo?) para se descobrir ... e ser melhor conhecida!

Mas também para se fazerem algumas distinções, e aprender com elas!


01
Jun 24
publicado por primaluce, às 15:30link do post | comentar

Não por acaso, alguns livros têm nos seus títulos a expressão NOVA HISTÓRIA.

Pois em geral são de autores que já conseguiram olhar para trás - vendo o tempo de que estão a escrever - com outros olhos, com outras ideias e também com outros métodos!

 

Em 2008 fizemo-lo propositadamente, com a plena concordância de Rogério Mendes de Moura que foi nosso editor (*).  Nada arrependida já que chegar àquele título, que parecendo óbvio, nos obrigou a algum trabalho de pesquisa; porém, cada vez mais, tem-se a noção de que valeu a pena ter gasto tempo com essa tarefa.

Monserrate traz de facto uma Nova História, como por exemplo se pressentiu na Conferência na Gulbenkian, na passada segunda-feira. Embora ali, e pelo que ouvimos - apesar de sobretudo virada para a Ciência, Cultura e Arte Islâmica - ainda estão na Pré-História (dizemos nós...) !

O tema é novíssimo, e houve participações em que nos teria apetecido intervir, para (lhes) explicar melhor aquilo que ainda está, para os vários estudiosos e apresentadores dos Papers dessa Conferência, verdadeiramente, dizemo-lo, ao nível de quem ainda vai muito «em palpos de aranha». 

Mas, «em palpos de aranha» também se percebe que estão os actuais responsáveis de Monserrate. É que afinal de contas, e depois de todas as «tropelias», para não lhes chamar outros nomes (piores que muito feios); apesar dos tratos de polé que nos impuseram (**), hoje - ou à Rádio Observador há alguns dias -, a versão que contam da história do palacete de Sintra é a nossa:

Concretamente a minha, a da Glória Azevedo Coutinho. Que nesse trabalho de investigação, e para os resultados atingidos, se serviu de métodos da sua profissão.

Metodologia da Arquitectura, para provar as obras que foram do atelier dos arquitectos Knowles (do século XIX). Assim como - talvez não escrito mas conversado com vários dos Amigos de Monserrate... - sobre as soluções que estavam no projecto (vindo de Londres, onde terá sido feito) e tiveram que ser alteradas, na adaptação ao local e ao terreno, na obra em Sintra.

Claro que, se os responsáveis por Monserrate (os de hoje) soubessem/pudessem olhar atentamente, para esses desenhos; se soubessem mais da arquitectura inglesa contemporânea da obra de Monserrate, talvez pudessem ir mais longe quando falam da Casa?

arquitectosIngleses-2.jpg

(ampliar)

Mas quando simplesmente se tomam como nossos os raciocínios, e as lógicas alheias (como fazem os plagiadores, que papagueiam as nossas ideias), que nem sempre compreendem, o que fazem é apanhar o pacote completo, sim, mas não entendendo aquilo que contém...

No desenho seguinte, o que é chamado planta de encarnados e amarelos,  que se faz em projectos, propositadamente, para registar e comunicar à obra as alterações projectadas/pretendidas executar. 

EncarnadosEAmarelos-Monserrate-c.jpg

Neste caso a planta foi feita em 1988, para o IPPC. Portanto alguns anos (12-13) antes de termos ido à FLUL estudar, bastante melhor, a Casa de  Monserrate.

Desde essa data tem a legenda abaixo, para explicar o objectivo com que foi feita a partir de um desenho - um Levantamento de 1841 - assinado por Nicolau Pires (***). 

EncarnadosEAmarelos-Monserrate-d.jpg

 (ampliar)

No próximo post continuaremos a escrever sobre Monserrate, para evidenciar como aquilo que a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa deitou para o lixo é fundamental para a empresa Monte da Lua.

A Empresa que dá foros de cidadania ao nosso estudo, sem o esconder (mas a silenciar a autoria... o que parece muito feio!)

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

(*) Fundado da Livros Horizonte. Depois de vários avanços e recuos, pude perceber que foi para ele como que uma questão de honra; tendo publicando «o nosso Monserrate» no ano da sua morte. Diferentemente da actuação da FBAUL, concretamente de Fernando António Baptista Pereira que nunca quis publicar nada do que estávamos a produzir entre 2006 e 2012, na FBAUL sob a sua orientação. Embora entretanto, ele mesmo tenha feito PPTs (ou outros docs.?) em que se percebe que são os nossos estudos que está a mencionar...

(**) Impuseram, malfeitores de três instituições de Ensino Superior. E quem ler poderá achar que, oh logo três!, talvez não seja culpa desses, mas dela! Só que, infelizmente, estamos num ambiente de imensa perca científica e cultural, fazendo com que, jovenzinhos demasiado ambiciosos, e nada honestos, menos vividos, ou sequer com experiência de vida, se queiram enfiar nos sapatos alheios: nos que já foram muito calçados e descalçados, há tempo, muito mais formados (e deformados), e onde se querem meter à viva força: 

Sapatos que já são do tempo em que eles - os pobres jovens descalços de hoje! - ainda só usavam botinhas de lã em tricot, e para bebés

(***) Um arquitecto (amador?) que se supõe ter trabalhado para D. Fernando II


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