Nem sempre nas vidas de todos, mas nas de alguns...
Estava-se tranquilo, a vida seguia com os afazeres normais e o empenho máximo que alguns sempre têm, porém, grande surpresa, vem lá mais uma grande mudança!
Neste caso estamos a pensar no que nos aconteceu em 2001.
Em parte ainda bem que aconteceu, pois de 2001 a 2005, e perante o chamado Tratado de Bolonha [1], acabei por fazer um trabalho que é um dos pontos mais altos da minha vida profissional, por ter culminado na sua divulgação, ao ser publicado em livro em 2008.
Como se tudo o que já tínhamos feito antes - centenas de papéis ainda guardados, provam-no – não tivesse valor! (e bem ssim algumas "obras de pedra e cal" ).
Foi então, de 2007 em diante, quando deveria ter tido férias sabáticas para escrever o que se estava a descobrir nas investigações - e que estava muito longe de ser despiciendo -, que fomos postos de castigo.
Nós: isto é algumas dezenas de professores, acusados de não trabalhar por um “bando de arrivistas”, que não só tinham acabado de chegar, mas que, ainda por cima, ao abrigo de Bolonha – o chapéu de chuva que por «regra» (por eles inventada) - só iria servir para abrigar os novos, mas não para abrigar os mais velhos, já com décadas de trabalho, e de serviço... [2].
E foi assim que passámos a ser obrigados a estar na escolinha, o dobro do tempo. Mais: em horários que nunca tínhamos tido!
De castigo, dizemos nós, visto que nem úteis podiamos ser! Já que os alunos não sabiam que estávamos lá para eles, disponíveis para as suas dúvidas, e todos os questionamentos que quisessem, em horários que passaram a ser chamados de Horas Tutoriais [3].
Assim, agora ao abrir blocos e papéis (que temos a mais...) vemos que foram essas «horas parvas» as responsáveis por termos voltado ao desenho à vista, à mão e à (re)descoberta dos detalhes (que as tarefas de desenho, e também a fotografia, normalmente permitem notar):
Depois, já que fechada numa sala que era um fantástico miradouro sobre alguns dos trechos mais fascinantes da cidade, fazia todo o sentido tirar partido da situação.
(embora também tenhamos escrito, ou, volta não volta, «fugido para a biblioteca»!)
(ampliar - desenho que embora colorido com o paint não nos permitiu pôr na vertical o pára-raios do MNAA)
Ao fazê-lo o que mais me fascinava era o tamanho dos veículos em cima da ponte!
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[1] O Tratado de Bolonha foi firmado em Junho de 1999 na cidade italiana de Bologna. Na realidade, o nome usado oficialmente é Declaração de Bolonha por se tratar de um acordo e não de uma lei. O acordo foi firmado entre os ministros da educação de 29 países europeus com o objetivo de fortalecer e fomentar a educação superior na Europa. Informação vinda daqui
[2] Contrariando exactamente alguns dos propósitos e disposições dos referidos «acordos de Bolonha».
[3] Culminando ainda, anos mais tarde, alguns de nós a sermos TUTORES. O que, mais uma vez, pretendia «desgraduar» esses profs. Porém, a azelhice era tanta, que alguns de nós (como se chegou a constatar), com esse titulo seriam vistos em escolas normais, como os mais habilitados, e os mais capazes para exercerem essas funções. O que era uma honra e não um castigo.
Pouco lhes importando os trabalhos recentes ou os planos de estudo na designada progressão na carreira dos docentes mais antigos...
... os ditos arrivistas, que nem sequer tinham ido a eleições, queriam instalar novas regras: as que lhes conviessem, bloqueando quem estava há mais anos na instituição.
Porque, se esses adquirissem mais habilitações, ou fossem reconhecidas as que tinham de acordo como Tratado de Bolonha, obviamente, teriam sempre prioridade...