Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
30
Mar 24
publicado por primaluce, às 13:00link do post | comentar

Nem sempre nas vidas de todos, mas nas de alguns...

 

Estava-se tranquilo, a vida seguia com os afazeres normais e o empenho máximo que alguns sempre têm, porém, grande surpresa, vem lá mais uma grande mudança!

Neste caso estamos a pensar no que nos aconteceu em 2001.

Em parte ainda bem que aconteceu, pois de 2001 a 2005, e perante o chamado Tratado de Bolonha [1], acabei por fazer um trabalho que é um dos pontos mais altos da minha vida profissional, por ter culminado na sua divulgação, ao ser publicado em livro em 2008.

Como se tudo o que já tínhamos feito antes - centenas de papéis ainda guardados, provam-no – não tivesse valor! (e bem ssim algumas "obras de pedra e cal" ).

Foi então, de 2007 em diante, quando deveria ter tido férias sabáticas para escrever o que se estava a descobrir nas investigações - e que estava muito longe de ser despiciendo -, que fomos postos de castigo.

Nós: isto é algumas dezenas de professores, acusados de não trabalhar por um “bando de arrivistas”, que não só tinham acabado de chegar, mas que, ainda por cima, ao abrigo de Bolonha – o chapéu de chuva que por «regra» (por eles inventada) - só iria servir para abrigar os novos, mas não para abrigar os mais velhos, já com décadas de trabalho, e de serviço... [2].

E foi assim que passámos a ser obrigados a estar na escolinha, o dobro do tempo. Mais: em horários que nunca tínhamos tido!

De castigo, dizemos nós, visto que nem úteis podiamos ser! Já que os alunos não sabiam que estávamos lá para eles, disponíveis para as suas dúvidas, e todos os questionamentos que quisessem, em horários que passaram a ser chamados de Horas Tutoriais [3].

Assim, agora ao abrir blocos e papéis (que temos a mais...) vemos que foram essas «horas parvas» as responsáveis por termos voltado ao desenho à vista, à mão e à (re)descoberta dos detalhes (que as tarefas de desenho, e também a fotografia, normalmente permitem notar):

Depois, já que fechada numa sala que era um fantástico miradouro sobre alguns dos trechos mais fascinantes da cidade, fazia todo o  sentido tirar partido da situação. 

(embora também tenhamos escrito, ou, volta não volta, «fugido para a biblioteca»!)

Image0108-F.jpg

(ampliar  - desenho que embora colorido com o paint não nos permitiu pôr na vertical o pára-raios do MNAA)

Ao fazê-lo o que mais me fascinava era o tamanho dos veículos em cima da ponte!

~~~~~~~~~~~~~~

[1] O Tratado de Bolonha foi firmado em Junho de 1999 na cidade italiana de Bologna. Na realidade, o nome usado oficialmente é Declaração de Bolonha por se tratar de um acordo e não de uma lei. O acordo foi firmado entre os ministros da educação de 29 países europeus com o objetivo de fortalecer e fomentar a educação superior na Europa. Informação vinda daqui 

[2] Contrariando exactamente alguns dos propósitos e disposições dos referidos «acordos de Bolonha».

[3] Culminando ainda, anos mais tarde, alguns de nós a sermos TUTORES. O que, mais uma vez, pretendia «desgraduar» esses profs. Porém, a azelhice era tanta, que alguns de nós (como se chegou a constatar), com esse titulo seriam vistos em escolas normais, como os mais habilitados, e os mais capazes para exercerem essas funções. O que era uma honra e não um castigo.

Pouco lhes importando os trabalhos recentes ou os planos de estudo na designada progressão na carreira dos docentes mais antigos... 

... os ditos arrivistas, que nem sequer tinham ido a eleições, queriam instalar novas regras: as que lhes conviessem, bloqueando quem estava há mais anos na instituição.

Porque, se esses adquirissem mais habilitações, ou fossem reconhecidas as que tinham de acordo como Tratado de Bolonha, obviamente, teriam sempre prioridade...


21
Mar 24
publicado por primaluce, às 11:00link do post | comentar

JN - 21.02.2014 - LUÍS MONTENEGRO dixit 


Para quem só se lembra vagamente, reler aqui 

Montenegro-2.jpg


E claro, desejando todos nós que a lucidez com que esta frase foi dita não o abandone.

Porque para bem de todos, deseja-se que a vida das pessoas acompanhe a do país, melhorando mais e mais, sempre.

Que isso seja possível!

Que fiquem longe as arrogâncias, como aquela do - "Vão ser quatro anos, habituem-se!".*

 

Ressaltando ainda, do que disse em 2014 

"Em declarações ao Jornal de Notícias (JN), Luís Montenegro confessou que o próximo dia 17 de maio – data em que Portugal cessa o programa de ajustamento – não será “um dia especial de festejo”, mas sim “um dia especial de memória”.

Porque sim! Todos queremos que os «festejos» sejam substituídos por memórias: chamada "memória histórica", que também serve de aviso...  

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Que não esqueçam, as histórinhas e figuras ridículas que fazem (PMs, ministros arrogantes e quejandos da mesma laia) frente ao povo, que não os elege para espectáculo, ou para fazerem figuras tristes;  mas para se elevarem, e serem elevados! 


19
Mar 24
publicado por primaluce, às 15:00link do post | comentar

... não pelo que escreveu, mas pelo que promoveu. 

Claro que há memórias na mente, estão ainda nalguns escritos e em casa; havendo também  álbuns e fotografias. Mas, acontece-nos por vezes, ser na Villa, ou até nos arrabaldes de Cascais, que mais nos lembramos daquilo que foi, e o que fez. 

 

A começar por estes livros (editados pela CMC - lista no fim do post),  e em geral pela forma como actuou, delineou ideias e projectos. Também como soube ouvir, nunca acriticamente - porque me lembro, e bem - sei, vejo-o, o meu pai «ficou por cá».

Muito do seu trabalho está por aí, e à vista de todos...

Por isso, com enorme frequência, deparamo-nos com vários sinais dessa sua passagem.

Image0091-C-390PPP.jpg(ampliar)

A imagem acima, com algumas diferenças (que vemos), corresponde ao verso "...da medalha da autoria do escultor João Fragoso mandada cunhar na Casa da Moeda pela Comissão executiva das Comemorações"  (ver em Discursos e Documentação Fotográfica, Edição da Câmara Municipal de Cascais, 1964). 

Image0091-2.jpg

(ampliar)

A bibliografia mostra-o, quer em livros que terão saído ainda em 1964, quer posteriormente.

Mas se também o provam obras materiais - como é a estátua de D. Pedro, junto à sede do Concelho. 

Idem,  ficaram ainda vários eventos, e festas, que anualmente celebram Cascais, e/ou, «atraem a turistada».

A ponto de hoje, muitas vezes apetecer dizer que os seus seguidores empolaram, demasiado, a ideia de que era preciso atrair turistas...

Image0089-C.jpg

(e desta, oh se me lembro!, por exemplo da importância que terá tido a escolha de um granito rosa, da região de Viseu, para se construir o pedestal da estátua. )

Image0092-B.jpg

E no mesmo livro da autoria de Ferreira de Andrade, Cascais - Vila da Corte, Oito Séculos de História, deparo-me (só agora!), com este desenho de Mestre Lapa. A quem teria perguntado - se o tivesse visto há 45 anos - como fez para dar «tanto realismo» ao retrato de D. Pedro I?

Claro que as memórias são imensas, materiais e imateriais: mais ou menos presentes, ou que, facilmente se avivam quando se vêem e lêem os registos e documentos, que os há, alguns feitos propositadamente, para memória futura.

E estes, exactamente por essa intenção com que foram feitos, a precisarem de ser lidos e entendidos, com o conhecimento dos contextos, temporais, em que foram produzidos.   . 

Image0095-b.jpg

(ampliar)

E ainda hoje, por estranho que possa parecer (!), as que foram as Festas dos Pescadores,  celebradas agora como Festas do Mar, nos lembram os 600 anos da Villa de Cacais. 

E, forçosamente, quem tanto se empenhou nessas celebrações *.  Porque, tal como a Feira do Artesanato, tenho para mim que foi ele quem as inventou... ? **

Image0094-2.jpg

Ler em Resultados da pesquisa por “Festas do Mar” – SINTRA E CASCAIS (wordpress.com), onde se diz: 

"Remontando a 1 de Setembro de 1964, as Festas dos Pescadores de Cascais, posteriormente designadas Festas do Mar, surgiram associadas às comemorações do VI centenário da vila (...)"

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Quando se vêem os vários livros publicados pela CMC - a propósito e a partir do VI centenário - não faltam referências (assim como fotografias) em que está também o Vice-Presidente D. António Castello Branco

** Claro que, como em todas as invenções (sabemos disto) há quase sempre antecedentes que se encontram: factos e obras que podem ter tido influência para o aprofundar e desenvolvimento de certa ideias e projectos. Muitos deles, dificilmente teriam visto a luz, se não fosse a colaboração fantástica que terá existido (dizemos nós, com base em tudo o que nos lembramos !) entre as duas primeiras figuras que então estiveram na presidência da CM de Cascais. 

Image0097-b.jpg(ampliar).  Note-se que alguns títulos, podem ter sido alterados posteriormente e não estarem certos, como se passa com o Cascais Vila da Corte 


12
Mar 24
publicado por primaluce, às 16:00link do post | comentar

Uma imagem re-encontrada*.

Obra de Eduardo Nery, que já nos levou a obter mais informações sobre a «Geração Angustiada»: numa designação de Alain Besançon, que facilmente se adoptou.

E.Nery.jpg

POST dedicado a Vitor Serrão, a Maria Joâo B. Neto e Fernando António Baptista Pereira de quem forçosamente nos lembramos, sempre que encontramos este tipo de iconografia.
 
Espantosamente a representação do Infinito, geralmente um "8" colocado ao baixo, que na Idade Média representou a DUPLA PROCEDÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO", designado FILIOQUE, aqui, tratado por Eduardo Néry. Como se constata recebeu uma interpretação ainda mais fascinante, do que é mais comum.
 
Veja-se como os núcleos dos círculos, que representam Deus, o Pai e o Filho, são sublinhados cromaticamente, com uma troca de cores, que (enfaticamente também) alude, a uma outra visão teológica chamada PERICORESE.
 
Enfim, desde 2002, até agora, é um enriquecer permanente (com a FLUL vergonhosamente calada...)
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Reencontrado este post . Ver  em: Basílica de Fátima, Capela de S. José, 1993 - Eduardo Nery - WikiArt.org


09
Mar 24
publicado por primaluce, às 20:00link do post | comentar

Foi um dos nossos estudos que precedeu a tese do mestrado, feito na FLUL (2001 a 2005) a propósito do Palácio de Monserrate

 

Esse estudo fez-nos ir a Afife, tentando conhecer uma oficina verdadeira, de estucador.

Muito se passou de então (2002) para cá, mas não me esqueci de Domingos Fontaínha, que entretanto desenvolveu ainda mais a sua Arte, e a sua posição na profissão, como há tempos encontrámos, em noticias de 2021 no Afife Digit@l.   

Só esse nosso trabalho do mestrado - Os Estuques de Monserrate - tem 70 pp. as quais, em grande parte, entraram na tese*. Já que como explicámos as intenções decorativas - ou seja, o Programa Estético -, são como uma pele em gesso, que ficou impressa/plasmada nas paredes do Palácio de Monserrate 

E dessas 70 páginas ficam aqui apenas as três seguintes (com a respectiva legenda como ficou no trabalho feito em 2002):

oficina-afife-0B.jpg

"Aspectos da oficina de Afife, que visitámos. Na mesa de trabalho, imagem superior, está um caso exemplificativo da forma de esculpir. De início em barro. O artista-estucador - Domingos Fontainha - explicou-nos como faz.

Para a imagem inferior, pretendia obter o simétrico. Segundo ele não faria sentido responder à encomenda, com quatro meninos, nos cantos do tecto, a olharem para o mesmo lado. Eles devem, todos, dirigir-se para o centro da sala. Era para ele difícil, construir a imagem simétrica. Tentámos ajudar, sugerindo o uso de um espelho, ou de imagens fotográficas (slide), projectadas do avesso..."

Foram talvez sugestões ingénuas as nossas, próprias de quem tem sempre soluções (e visões) teóricas? Mas falhando o lado prático, que tendemos a supor, facilmente realizável... 

oficina-afife-6B.jpg

"Exemplos, de modelos de peças, que podem ser repetidas e posteriormente fundidas nas superfícies em que se queiram aplicar.

Neste conjunto de fotografias, feitas na oficina, parece-nos estar bem explicitada, esta forma de trabalho, em que os estuques não são esculpidos “in situ”, mas sim previamente moldados, e integrados posteriormente no local da obra."

Segue-se depois uma das últimas paginas do trabalho. 

Estuques_Monserrate-2bB.jpg

"Nesta imagem pode-se ver o Hall Nascente, quando aqui se guardaram (1988) os túmulos Etruscos que Francis Cook, trouxera para a capela do jardim.

O Pavimento deste espaço, em traços largos repete, o desenho do tecto da Sala de Musica. Nas paredes o revestimento a estuque, é o motivo de círculos que se cruzam, segundo uma malha quadrangular, e que designamos por tetrafolio.

Foi o tecto desta sala que ruiu, estando actualmente transformada em estaleiro de obra." **

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Deste trabalho entrou na tese tudo o que era relativo a Monserrate, ficando de fora (não publicado) a parte relativa a uma breve história dos estuques 

** O "actualmente" era relativo a 2004. As duas últimas fotografias tem algum valor documental. A do tecto, porque provavelmente existem poucas ou até nenhumas (?) deste trabalho que era fantástico. E a da zona inferior e pavimento (do Hall nascente), por provar que em determinada data os túmulos etruscos que Francis Cook tinha trazido de Itália - e que actualmente integram o espólio do Museu de Odrinhas -, estiveram resguardados no Palácio depois de um forte temporal...


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