Dirão - os que gostam de segredos e de teorias da conspiração - que as 3 mandorlas foram camufladas entre folhagens e arabescos decorativos
Dizem-no, certamente, não haja dúvida! Porque incapazes de verem que os referidos ideogramas podem ter estruturado a obra...*
Mas, dizemos nós - o que é bem diferente das duas afirmações anteriores** (e talvez seja o mais correcto no caso em questão?) - que essas mandorlas foram inseridas num discurso e linguagem decorativa típica da época (barroca)
Na fotografia acima, numa Capela no Mosteiro de Tibães, a qual, segundo deduzimos, seria talvez para os monges rezarem, quem sabe à noite, ou de madrugada? Por ser ainda perto dos seus quartos (mas bastante mais longe da igreja do Convento); para ficarem, talvez, ainda protegidos do maior frio, em tempo de inverno ***
Ao certo não sabemos, e a distância à igreja, assim como o tamanho reduzido desta pequena área, talvez devesse levar à menção de um simples altar-oratório?
Seja o que for, os dois painéis laterais, como é aliás muitíssimo comum encontrar, são preenchidos com motivos e decoração onde, os designados arabescos proliferam.
Na ampliação seguinte, com setas indicam-se, para os que têm maiores dificuldades em notar/ver, as referidas mandorlas,
De dimensões diferentes, são três, como é habitual no cristianismo, mesmo muito depois de Joaquim de Flora ter vivido, e de ter tentado explicar, no tempo, e através da figura seguinte, a Trindade.
Ficaram os Entrelaçados, enfaticamentre desenhados por J. de Flora, como aliás já H.-I. Marrou tinha chamado a atenção, nas obras feitas a partir da Antiguidade Tardia
* Como acontece na Arquitectura, quase forçosamente, onde as formas, dificilmente, podem vir da natureza? A este propósito vale a pena ler Boulondrian?, de José R. Vaz, na Convocarte de Set. 2016 , Arte e Geometria, onde escreveu:
"Quando se lida com opções geométricas na pintura é sempre indispensável distinguir entre geometria como ferramenta de trabalho e geometria como ferramenta interpretativa. Como provavelmente numa esmagadora maioria dos casos não há documentos directos que garantam que a realização de uma pintura tenha pressuposto o uso de uma qualquer fórmula geométrica (embora possa haver provas indirectas), falar de geometria de uma pintura (ou numa pintura) é tomá-la quase exclusivamente na sua acepção interpretativa. Por outras palavras, geometria dessas designa um conjunto de hipóteses com que se interpreta uma imagem e, com isso, a intenção do seu autor.
Um dos problemas fundamentais de qualquer interpretação é saber parar..." (ver p. 109)