Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Out 23
publicado por primaluce, às 10:00link do post | comentar

Dirão - os que gostam de segredos e de teorias da conspiração - que as 3 mandorlas foram camufladas entre folhagens e arabescos decorativos

IMG_20230818_115456-altar-tibães-3.jpg

Dizem-no, certamente, não haja dúvida! Porque incapazes de verem que os referidos ideogramas podem ter estruturado a obra...*

Mas, dizemos nós - o que é bem diferente das duas afirmações anteriores** (e talvez seja o mais correcto no caso em questão?) - que essas mandorlas foram inseridas num discurso e linguagem decorativa típica da época (barroca)

Na fotografia acima, numa Capela no Mosteiro de Tibães, a qual, segundo deduzimos, seria talvez para os monges rezarem, quem sabe à noite, ou de madrugada? Por ser ainda perto dos seus quartos (mas bastante mais longe da igreja do Convento); para ficarem, talvez, ainda protegidos do maior frio, em tempo de inverno ***

Ao certo não sabemos, e a distância à igreja, assim como o tamanho reduzido desta pequena área, talvez devesse levar à menção de um simples altar-oratório?

Seja o que for, os dois painéis laterais, como é aliás muitíssimo comum encontrar, são preenchidos com motivos e decoração onde, os designados arabescos proliferam.  

Na ampliação seguinte, com setas indicam-se, para os que têm maiores dificuldades em notar/ver, as referidas mandorlas, 

IMG_20230818_115456-altar-tibães-2.jpg

De dimensões diferentes, são três, como é habitual no cristianismo, mesmo muito depois de Joaquim de Flora ter vivido, e de ter tentado explicar, no tempo, e através da figura seguinte, a Trindade.

Ficaram os Entrelaçados, enfaticamentre desenhados por J. de Flora, como aliás já H.-I. Marrou tinha chamado a atenção, nas obras feitas a partir da Antiguidade Tardia

* Como acontece na Arquitectura, quase forçosamente, onde as formas, dificilmente, podem vir da natureza? A este propósito vale a pena ler Boulondrian?, de José R. Vaz, na Convocarte de Set. 2016 , Arte e Geometria, onde escreveu:

"Quando se lida com opções geométricas na pintura é sempre indispensável distinguir entre geometria como ferramenta de trabalho e geometria como ferramenta interpretativa. Como provavelmente numa esmagadora maioria dos casos não há documentos directos que garantam que a realização de uma pintura tenha pressuposto o uso de uma qualquer fórmula geométrica (embora possa haver provas indirectas), falar de geometria de uma pintura (ou numa pintura) é tomá-la quase exclusivamente na sua acepção interpretativa. Por outras palavras, geometria dessas designa um conjunto de hipóteses com que se interpreta uma imagem e, com isso, a intenção do seu autor.
Um dos problemas fundamentais de qualquer interpretação é saber parar..."
(ver p. 109)

** Na primeira afirmação está implícita a ideia de terem sido "segredos escondidos" (como gostam de dizer os actuais maiores conhecedores da História da Arte). Na segunda afirmação, nossa, mencionam-se "ideogramas a estruturar a imagem" (compósita) resultante. Provavelmente, nem uma, nem outra estarão completamente certas? Sobretudo, se aplicadas às composições parietais, como pintura e escultura: por exemplo, para além da pintura, também em retábulos (sejam eles de madeira ou de pedra)

*** Quem sabe (mas escrever isto é quase uma heresia) preparados para voltar para o quentinho da cama?


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