Sim, escrevemos "doodling", e não "rabiscos", como alias está nesta entrevista a Marco Hernandez do Asia's Newspaper Design, em Lorem Ipsum, Facebook de Ana Serra
E apesar da explicação a seguir ser relativa a infografias, a design e a desenhos muito característicos deste tempo, feitos para informar com imagens, pela nossa parte também já usámos - várias vezes - o verbo to doodle *. A tentar explicar, praticamente o mesmo:
O que terá acontecido, frequentemente, a muitos outros autores e estudiosos, desde há milhares de anos; e até ainda, quando papel e lápis eram raros ...**
Leiam a explicação sobre a necessidade de imagens, que ajudavam a que, ideias mais ou menos difíceis, se tornassem mais entendíveis:
"We all enjoy doodling"
"At the age of +4 most of us were able to grab a pencil to go crazy expressing our thoughts and imagination. That’s evidence that by nature we want to communicate something, express ourselves and at the same time appreciate it.
I believe doodling is natural to everyone. The main difference is the judgment of others, no one enjoys feeling silly if they can’t make their doodle understandable.
Frustration is an incredible brake, maybe you have an idea in your head but you don’t know how to show it visually, but hey good news, absolutely no one was born Da Vinci. It is kind of like learning how to ride a bike, yeah you may end up in the bushes a few times, but I guarantee you will feel it natural later.
Try to make your colleagues not to feel silly, share your worst doodles too, make the environment feel natural just like it was when you were about 4 years old.
The power of doodling will make you think differently, no matter if you are working with heavy data, politics or any other topics. There’s always a way to doodle it, then the brain wires this way of thinking.
Said all that, many people just don’t want to go back to being a 4-year-old. So leave them be, you can’t save them all."
Doodling que nos aconteceu numa reunião de trabalho, na FLUL, para explicar à orientadora (do mestrado, entre 2001-2) exactamente o «processo de pensamento desenhado» em que as imagens - ou chamemos-lhes doodles (às imagens seguintes) - têm/tiveram um papel fundamental.
E o que pode parecer caso raro, ou único, em boa verdade constata-se que os melhores professores também eles passaram por estas problemáticas, detectaram-nas, e ainda escreveram sobre elas. E assim sabemos que, pelo menos parcialmente, eles as entenderam.
Alguns são/foram inclusivamente «super-especialistas» no tema como Noam Chomsky (linguista) e Christopher Alexander (arquitecto, m. Março 2022).
Rudolph Arnheim que estudou Psicologia da Visão ("He learned Gestalt psychology...") é autor da primeira página (seguinte):
E André Grabar - historiador de arte - autor desta segunda página:
Repare-se como são diferentes as suas formações e as áreas cientificas em que trabalharam. Chomsky e Christopher Alexander; Rudolph Arnheim e André Grabar, no entanto, cruzar o que escreveram, revela-se da maior utilidade. Com R. Arnheim a aperceber-se que nem sempre os que usam as imagens para pensar, têm plena consciência de como se processa o seu pensamento. Ou, como imagens e palavras se complementam!
Já o autor (nascido ucraniano) - André Grabar -, pelo contrário, mostra-se totalmente ciente da ajuda que as imagens, mesmo que abstractas, trouxeram à compreensão das ideias e dos conceitos, que assim passaram a ser de muito mais fácil transmissão.
Enfim, é imensa, infindável diríamos, a informação que existe sobre esta temática. Podendo afirmar-se que os sinais a que chamamos ideogramas - muitos deles inventados na Antiguidade Tardia - com o tempo foram-se tornando não-significantes; porque se esqueceram os seus sentidos iniciais. No entanto, por exemplo os arquitectos vitorianos defenderam que a arquitectura era (e tinha sido) falante.
Como registámos neste post de 2011.
Quanto aos doodles são vários os nossos posts em que se referiram ***
Por fim, vale a pena ler um excerto crítico, relativo ao trabalho de Mary Carruthers, autora que foi Prof. de Literatura, numa universidade de Nova York; também ela captou a grande complementaridade entre palavras e imagens:
(para ampliar abrir noutro separador)
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* Apesar de um motor de busca nos trazer isto (os doodles), como se fossem apenas desenhos "feitos sem pensar".
Scribble absent-mindedly. "he was only doodling in the margin"
** Marco Hernandez na entrevista também se refere a imagens com mais de 2000 anos, só que, diz ele, seriam apenas para as altas esferas do poder: "... those were very exclusive documents, intended for only a few in high spheres of political influence. "
Engano (dele!), porque se ainda hoje ninguém sabe da sua proveniência, nem lhes descobre os sentidos, na verdade vemos como muitos desses doodles passaram a, e ainda estão bem visíveis e notórios, nos pavimentos (ditos) romanos:
E, a acontecer, concretamente, na portuguesíssima Conímbriga, como há dois dias se voltou a mostrar.