Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
25
Abr 19
publicado por primaluce, às 15:30link do post | comentar

Hoje quando se diz isto (ou seja, ao empregar a palavra "geringonça") está-se a tornar físico e mecânico, o que são programas e acordos entre ideologias...*

Certo. Sim ou não?

 

Há já várias décadas, talvez um século?, Émile Mâle provou (e foi aceite) que a Arquitectura Gótica foi a materialização - está plasmado nas igrejas e catedrais -, de uma grande série de ideias teológicas, e portanto também filosóficas.

SobreÉmileMâle.jpg

A imagem acima vem de La Lettre d'information, a última, com o nº 562 (ou newsletter) de Canal Académie, que, como habitualmente, começa com um EDITO:

"Chers amis, chers auditeurs,

L’émotion qui nous a tous saisis en découvrant le terrible sinistre qui a frappé la cathédrale Notre-Dame de Paris démontre, s’il en était besoin, l’intensité des sentiments que nous portons à notre passé médiéval.

Il est vrai qu’après avoir été longtemps dévalorisé, le Moyen Âge a fait l’objet d’un travail salvateur de réévaluation dont témoigne notamment l’œuvre de notre invitée de cette semaine. Professeur émérite d’histoire du Moyen Âge à l’université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, Claude Gauvard, auteur d’un livre de référence sur Notre-Dame de Paris (1), a récemment publié un ouvrage consacré à la façon dont étaient prononcées les peines capitales en France du XIIIe au XVe siècle (2)..."

Por aqui tivemos a sorte, ao estudar Monserrate, de aprender a valorizar a Idade Média, o muito que «fabricou» e nos deixou**.

E Émile Mâle - acima chamado Champollion das Catedrais - é sem dúvida o autor que melhor explicou a correspondência entre as ideias e as formas que as traduziram, a ponto de as catedrais serem vistas como Bíblias de Pedra.

Um assunto que, inopinadamente (2001-2002, na Faculdade de Letras de Lisboa) nos passou a interessar e a entusiasmar, imenso. Ao termos percebido, tal como Champollion para a escrita hieroglífica, algumas das suas lógicas mais específicas. 

~~~~~~~~~~~~~~~~

*Diferentes ideologias (para governar) dos partidos políticos que actualmente estão a suportar o governo...

**Materiais que ainda agora estão bem vivos, ou dentro de todos nós. E, se os soubermos procurar (usando metodologias inovadoras e fora da caixa), encontra-se e não é pouco!


21
Abr 19
publicado por primaluce, às 21:59link do post | comentar

... aqui gostamos de lembrar


19
Abr 19
publicado por primaluce, às 14:00link do post | comentar

Há cerca de um mês, em casa que não era a minha*, pude comparar versões diferentes de tradução da Bíblia:

 

Era o Novo Testamento, o Evangelho de João, sendo curiosíssimo que onde na tradução dos Capuchinhos consta a palavra Alegoria, para essa palavra Frederico Lourenço tenha explicado (e assim usado) que no original consta a palavra grega é paroimía que significa "Pensar-para-além-de".

Ou seja, uma Alegoria, tal como um Símbolo - visual ou outro - é uma substituição metafórica, ou uma correspondência (que pode ter sido pré-estabelecida, convencionada, e ser até conhecida de todos) , em que uma das realidades é mais do que aquilo - o tal "pensar-para além-de" - que se refere no discurso que tenha sido feito. Ou, do que aquilo que simplesmente aparenta ser, no caso de ser um texto ou uma imagem que se vê.

Até à Páscoa achei que ia desligar: portanto adeus blogs e facebook, porque há muito mais!

E há, só que também esse tempo gera reflexões, que então podem vir para aqui, porque afinal depois do incêndio de Paris, Notre-Dame aparece-nos como o verdadeiro "Pensar-para-além-de":

Ou seja, por um lado, quase directamente, está a ser usada como alegoria e metáfora. Mas é ainda, por outro lado, muitíssimo mais do que isso. É algo que, explicitamente, poderia não aparecer, mas que, ao lembrarmo-nos do sucedido - de maneira recorrente (como é típico de tudo o que entristece) -, e por se tratar de uma das mais importantes referências da Cultura Cristã e do Ocidente; ao pensar em Notre-Dame, pensa-se para além dela. Já que a esse propósito alguns vão reagindo, e a pouco e pouco, uns e outros vão-se lembrando (e portanto nós somos lembrados por eles) do muito mais que sempre esteve interligado. Thanks God!  

Do Expresso de hoje alguns excertos da crónica de Henrique Raposo. E apesar de não estarmos de acordo com tudo o que escreveu, a tónica que põe ao alertar para o valor da arquitectura, dos monumentos e do cristianismo - como "uma abóbada (celeste - dizemos nós) por cima dos vinte e sete solos...", na verdade este é exactamente o mesmo assunto que nos move desde 2004**, quando estudámos Monserrate, e nos apercebemos de uma «historiografia de pernas para o ar»!

doEXPRESSO-19.04.2019.jpg

E porque desde então se tenta divulgar o que essa historiografia mainstream - na sua acção deturpadora da Cultura (geral ou particular a que temos todos direito) - continua, activamente, a preferir esconder. Pelo que se pergunta, não haveria uma outra maneira, mais positiva, de actuarem?

Ajudando a que saiba bastante mais e melhor, em vez de quererem esconder, debaixo do tapete? 

Só que, pelos vistos, é o que há! Fazendo com que uma crónica num jornal semanal (nos) possa aparecer, e ao grande público também, com um texto inovador. Como se nas universidades (e noutros locais próprios para a divulgação do Conhecimento) isto não passasse***:

"(...)

As invasões que destruíram o império romano re­presentaram mesmo a destruição apocalíptica da civilização. Quem é que levantou o Ocidente das cin­zas? Ou seja, quem é que inventou a "Europa"? O clero gótico da igreja representada pela Notre-Dame. Esta realidade histórica transformou-se num tabu, porque os séculos XIX e XX foram dominados por duas correntes intelectuais que (ainda) fazem gala do seu anticatolicismo vulgar: o racionalismo ateu e francês à Voltaire, o protestantismo anglo­-saxónico à Milton. Mas, lamento informar as almas mais sensíveis, as bases da civilização ocidental foram mesmo lançadas pela igreja medieval: as universidades, a tensão cria­dora entre direito natural e direito positivo, a divisão de poderes entre o espiritual e o político, a caridade enquanto princípio social e político. Dante representa o pináculo desta civilização que reconstruiu o nosso mundo, que seria novamente ameaçado pelos bárbaros modernos dos séculos XIX e XX.

Conscientes desta realidade, escritores "modernos" como T. S. Eliot, Chesterton ou Tolkien defenderam um regresso da Europa à cristandade. Mais do que nunca, urge ouvir esse apelo. A Europa de, hoje é de uma beleza arquitectónica notável. No entanto, à semelhança de tantos edifícios belos, a UE é oca no campo espiritual e narrativo. A sua beleza é só racional, falta o resto, falta o essencial: o sentimento de pertença histórico e metafísico. E esse sentimento só pode ser dado pelo cristianismo. Sem o chão comum de São Paulo, a Europa cairá no pesadelo pagão, secular e relativista (...)

Olhando para cima, para a transcendência, a cristandade é a única metafísica capaz de criar uma abóbada por cima dos vinte e sete solos.

(...) Em 2019, a lamentação já não chega. Ser europeu não pode ser só a negação de um mal absoluto praticado pelos nossos bisavós. A identidade europeia precisa de uma substância concreta, de uma meta, de um ethos. Como tem dito a nova e jovem direita francesa (emparedada: entre o pragmatismo libertário e secularista de Macron e o nacionalismo igualmente secularista de Le Pen), esse ethos é o cristianismo.

(...)

~~~~~~~~~~~~~~~~

*Temos livros a mais, mas a tradução de Frederico Lourenço, pelo espaço e pelo custo, ainda não consta... Vai ficar para o Dia Mundial do Livro.

**Depois de estudar Monserrate e de ter percebido como o cristianismo (todo) ficou plasmado na arquitectura antiga e tradicional do mundo dito ocidental. O que aconteceu por várias razões, quer as religiosas quer porque os políticos (reis, príncipes ou até os doges das repúblicas de Itália) quiseram mostrar onde residia a fonte do seu poder (de origem divina).

Um dos pontos em que discordo de Henrique Raposo é exactamente a primeira frase, pois são várias as obras, e os ideogramas nelas empregues (ou os ornamentos plasmados nessas mesmas edificações) que demonstram a vontade de adesão ao cristianismo dos designados bárbaros invasores: Que chegaram, por que quiseram, a um vasto território onde iriam permanecer, adoptando muitos dos valores aí existentes. Por isso existem - embora pouco divulgadas - algumas designações (supostas meramente artísticas/decorativas) como são as bandas lombardas, as arcadas normando-góticas, etc., etc. Ou seja, esses ornamentos foram sinais de povos que quiseram ficar nos territórios do antigo império romano, mas que, em simultâneo também quiseram marcar, distinguir de algum modo, a identidade das obras feitas.

***Sim passa, mas há quem esconda. Porque escondem? Seria a pergunta. Mas a resposta eles não a dão, obrigando-nos a interpretar o que os motiva. Será porque os mais poderosos, os chefes, os catedráticos... têm que ter lugares cimeiros, mesmo que não os mereçam? 

A tal da cultura de mérito que por cá, ainda, não é moda...


17
Abr 19
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Mas porque tem sido uma obra celebradíssima - a tal da fortuna crítica - até que seja reconstruida, neste interim em que é preciso aguardar, há apesar de tudo muito para reviver e lembrar:

https://www.franceculture.fr/emissions/la-compagnie-des-auteurs/victor-hugo-24-notre-dame-de-paris-un-roman-cathedrale

 


15
Abr 19
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

E penso , e penso, muitas vezes no mesmo.


Obsessão?

RE: Sem problema… Thanks God!
Hoje penso em padrões decorativos que usamos nos nossos trabalhos (manuais, artesanato, design) mas que nasceram de Ideias que os Filósofos e os Teólogos - por um sistema de correspondências directas de que tanto tenho escrito (e querido ensinar…, mas há quem não deixe!*).
Portanto penso, e repenso, felizmente, em obras de arquitectura contemporânea que usam, como vemos, alguns dos padrões que temos estudado, e nalguns casos têm milhares de anos.

Este é um desses exemplos, o caso da fachada da Biblioteca de Birmingham de onde retirámos as imagens seguintes, via wikipedia:

fachadaBirmingham.jpg

fachadaBirmingham-2.jpg

Um padrão que a que chamamos Quadrifolios ou também Culots. Embora se deva dizer, que o fazemos sem uma regra (totalmente) rigorosa. A depender, em geral, da forma como se lê: Isto é, se predomina a visão da forma, ou se é mais marcante a visão do fundo em que existe

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Não deixe ou não queira, porque, quem sabe (?), tal revelação, a saber-se, o há-de apoucar, diminuir, reduzir, menorizar...?

Um post nosso do facebook, de ontem, e que aqui foi ampliado, mas que é um assunto que tem «imenso pano para mangas», pois já várias vezes desenhei quadrifolios e culots - um ideograma que os cistercienses tanto usaram (para uma tradução visual, muito específica, da estrutura divina). E que podem ver também num folio de Villard De Honnecourt, a que já nos referimos


10
Abr 19
publicado por primaluce, às 11:00link do post | comentar

ASSUNTO QUE VAI DESDE FRONTEIRAS VIGIADAS (e com arame farpado!) à SOPA DE CASA DA MÃE…


No passado a Scientia era o Saber e foi sobretudo uma disciplina. Porque exigia lógica - ou as lógicas inerentes ao saber (geral ou mais especifico) -, e, portanto, exigia também aprendizes ou alunos disciplinados; quer dizer, muito empenhados e esforçando-se por conhecerem
Mas hoje (cada) CIÊNCIA - ou ÁREA CIENTíFICA na classificação da A3ES -, não é mais do que um Core (ou Núcleo Duro), porque mais nada interessa, que esteja à sua volta, nem sequer se estiver próximo...
Melhor, diríamos que é um verdadeiro hard core, hiper-delimitado, com fronteiras vigiadas e intransponíveis. E ai de quem as queira atravessar!
Acontece que Uma muito tonta – arqui-tonta, por-tanto – se lhe passar pela cabeça viver na Ciência designed by A3ES, e não como sempre fez, na forçosa e obrigatória interdisciplinaridade em que se licenciou (a arquitectura); então, a dita Archê - que é o mesmo Arqui do prefixo – essa tal arrisca-se a contactar o arame farpado, e aos seus danos que podem ser profundos.
Mais: e ainda, ao tiroteio dos super-zelosos, que são os guardas fronteiriços!
Como se pressente não é uma história com Happy End , apesar de, felizmente, aqui inspirada pelo optimismo de Leibniz. E no qual se acrescentam, por serem o cenário de fundo, os Affectus de Espinosa.
Isto é, do «Cientista» que António Damásio estudou, e ensina a conhecer - mas não como é mais divulgado (e muitos sabem): que foi Filósofo ou “…o arquitecto político, o pensador que descreve as características de um estado democrático ideal, habitado por cidadãos responsáveis e felizes.”
Num dos seus livros*, para António Damásio o que lhe interessou, verdadeiramente, foi Espinosa o “protobiologista”.
Só que a nós, nem tanto ou apenas um pouco (e até mesmo, em quantidade, quase nada...), interessam-nos António Damásio, e Espinosa, quando se pensa no sentir a Arte, e muito particularmente no gostar da Arquitectura**.
Mas neste tempo, em que agora todos estão tão felizes - tão cheios de likes e de gostosuras -, não valerá a pena perceber porquê:

geométrico-e-natural.jpg

Onde estão as razões para gostar da Arte que é a Arquitectura? ... Ou até da Sopa de Casa da Mãe?

Haverá analogias?

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Ao Encontro de Espinosa, As Emoções Sociais e a Neurologia do Sentir. Publicações Europa-América, Forum da Ciência, 2003. Ver op. cit., p. 29.

**Mary Carruthers em Machina Memorialis refere-se a António Damásio, e às emoções. No entanto, para acaber este post interessa-nos sobretudo uma ideia de Rudolph Arnheim (de que já se escreveu) ; uma ideia que deduzimos, fortemente ligada aos ideogramas, e em geral a todo o «formulário» da arquitectura antiga e tradicional do Ocidente: "Thinking calls for images and images contain thought. Therefore the visual arts are a homeground of visual thinking..."


08
Abr 19
publicado por primaluce, às 18:00link do post | comentar

...  Ou ainda, será que não sabem o que é o «Ph» de um Ph.D ?

Mais: não é por acaso que nos temos visto na necessidade de apregoar - o que não nos fica rigorosamente nada bem (mas é preciso fazê-lo*) - sobre a relevância das nossas descobertas

 

E também sobre a aplicabilidade dessas mesmas descobertas**, em que um dos pontos mais interessantes (ou o de maior utilidade), é mostrar a relação, que há muito achamos óbvia e sabemos ter existido, entre as Neurociências e a Arte.   

E é a partir desse nosso conhecimento - o sabermos da relação directa entre Arte e actividade mental/produção linguística (mesmo que feita a partir de formas julgadas abstractas) - que passámos a conhecer e a valorizar, tendo agora grande interesse pelos diferentes artigos que, uns e outros vão escrevendo***, dedicados a esses temas.

Como é este sobre:  La Beauté dans le cerveau : vers une “neuroscience de l’art
Entretien avec Jean-Pierre Changeux, membre de l’Académie des sciences

Que se passe-t-il dans notre cerveau lorsque nous écoutons une symphonie de Mozart, que nous contemplons une toile du Caravage ou une sculpture de Rodin ? Comment expliquer les vives émotions qui nous submergent, à l’instar de Stendhal qui, après avoir admiré les Sibylles de Volteranno dans la basilique Santa Croce de Florence, « marchait avec la crainte de tomber » ? C’est à ces questions et à bien d’autres que répond le neurobiologiste Jean-Pierre Changeux dans un livre fruit de plusieurs décennies de travail : La Beauté dans le cerveau. Ouvrage de scientifique autant que d’amateur et de collectionneur d’art, il lève le voile sur la relation singulière des êtres humains à la beauté et ébauche le programme d’une future « neuroscience de l’art ». Que l’on se rassure toutefois : comme en témoigne la passion intacte de Jean-Pierre Changeux pour la peinture, ce progrès des connaissances n’enlèvera rien à l’émotion que nous procure l’art, bien au contraire !

~~~~~~~~~~~~~~~~

*Fazê-lo primeiro por convicção, e logo depois como defesa em causa própria. Dada a relevância enorme de se ter percebido que a Geometria foi o equivalente a uma Gramática aplicada às Formas.  Ou, formulado à maneira de António Quadros - que se referiu a um Champollion da escrita ibérica -, podemos dizer ter «apanhado» o funcionamento dessa escrita. Porque é uma escrita que está patente, a três dimensões (mas primeiro era desenho, bidimensional, como acontece no CAD) em toda a Arquitectura do Ocidente. Quer se tratem dos estilos  cristãos «mais puros» (casos do Românico e do Gótico); quer sejam as misturas desses vocábulos cristãos com o formulário das obras clássicas, de origem greco-latina. E neste último caso, percebem que nos referimos às Arquitectura do Renascimento - Maneirismo, Barroco. Assunto que podem encontrar em Monserrate uma nova história (op. cit., p. 116, em NEOCLÁSSICO VERSUS NEOGÓTICO)

Por fim volta-se a sublinhar a questão da convicção: se não somos nós, convictamente, a defender o nosso trabalho, quem é que o fará? Quem explica e põe em evidência o valor do que se encontrou? Os nossos orientadores? Re: Tem-se visto...

**Se nos tivessem apoiado em vez das perseguições e das declarações de guerra permanentes sobretudo na fase de maior entusiasmo que naturalmente tivemos...

*** Artigos que nos chegam via Canal Académie, neste caso de https://www.canalacademie.com/ida11443-La-Beaute-dans-le-cerveau-vers-une-neuroscience-de-l-art.html


05
Abr 19
publicado por primaluce, às 14:00link do post | comentar

As fotos escolhidas, com mais de 5 anos, fazem parte do nosso arquivo, do que seria um doutoramento em Ciências da Arte na FBAUL. Tendo como objectivo evidenciar, e provar, as relações entre imagens e ideias teológicas.
Ou o que Robert Adam - arquitecto inglês, contemporâneo, "An important figure in the New Classicism...", como escreveu James S. Curl* - designou “The faith-based architectural styles”. Assunto de que já escrevemos  aqui, como se pode confirmar.

Pela pressão imobiliária dos últimos anos, alguns dos edifícios acima podem entretanto ter sido restaurados, ou não? Bem ou mal restaurados? As madeiras substituídas por alumínios, com a expressão inicial alterada? Sabe-se lá...  Porque, diga-se em português, ou em inglês - a "Street Art & Urban Creativity" - que é moda e se faz agora com latinhas de spray, noutros tempos, também se fazia, e com cor, mas aplicada à madeira, ao ferro, nos estuques e argamassas; ou vinda da pedra e materiais naturais.
Assim, algumas zonas das cidades, como acontece no Porto, constituem verdadeiros Museus Sem Tecto. É  Arte verdadeira, ao ar livre. Tendo a capacidade de fascinar os estrangeiros e os turistas (que agora nos descobriram); mas que os nacionais, a maioria, durante décadas, todos, arrogantemente, têm desprezado. 

Como é sabido, desde o Império Romano, o EDI, de Edilidade, tem a ver com o verbo EDIFICAR; tem a ver com o edificado das cidades. Etimologicamente é isso que está também na origem da palavra Édito (decidido pelos governantes): pois era nas urbes que se faziam os avisos** à «cidade e ao mundo»: Urbi et Orbi.
Este preâmbulo é de alguém que estudou e conhece várias das questões inerentes aos edificados; particularmente os citadinos (e sem que a dita "Street Art & Urban Creativity" nos deixe boquiabertos, ou siderados com tanta criatividade, pois nada tem de novo!)
É também o de quem sabe que os geógrafos, os urbanistas, os sociólogos; ou ainda os paisagistas, os arquitectos, os historiadores da arquitectura, os poderes locais – chamem-lhes Edis ou Autarcas – têm que se sobrepor, com os estudos nas áreas em que são especialistas, às decisões do Poder Central que inventou os Vistos Gold.  O que, como é notório, foi feito em total descoordenação com o país que se pretende organizar (e não apenas «recapitalizar»).
País que é vítima das negociatas dos bancos, e da corrupção; em que certas Clientelas do Poder, mais o próprio Poder, todos eles são Mestres.
Só que não há direito, não pode haver, que sejam os mais frágeis a pagar toda esta descoordenação***: i. e., a incapacidade de todos juntos (ninguém quer ditadores) organizarem e administrarem o país.  

Não há direito que sejam os mais frágeis a terem que pagar por todas as adaptações que não foram feitas no devido tempo (desde há décadas que são necessárias), e que na actualidade surgem como a máxima urgência dos tempos em que vivemos. 

Para as cidades e para o país, os autarcas, os poderes regionais e centrais, têm que ser os principais Reguladores. Urgentemente, porque são estes, e não os agentes ou os funcionários das imobiliárias, os protectores dos cidadãos desprotegidos.  

Têm que ter mecanismos de regulação, concretamente para as Cidades, das actividades financeiras, altamente lucrativas, que o Pós-Crise veio criar.

A cidade tem de tudo um pouco: espaços livres, edificados, jardins, comércio, trabalho - do sector terciário, se a indústria quase desapareceu; escolas e ensino, algum artesanato, recintos desportivos; espaços de hotelaria, restauração, transportes e os seus canais. Etc., mas também tem habitação. Só que esta, sempre se soube, tem particularidades:

Já que a Habitação é, tem que ser, pilar fundamental das políticas sociais

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ 

 * Não confundir com Robert Adam que viveu no século XVIII, entre 1728-92. 

**De valor legal, eram como leis.

***O que lembra, ou faz parte do "Vão-se embora, emigrem!" de Passos Coelho.


01
Abr 19
publicado por primaluce, às 18:30link do post | comentar

Um post que escrevemos que continua muito mais do que actual


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