... e na sua artificialidade, vou procurando.
E logo depois vão chovendo - torrencialmente ("raining cats and dogs") - novas informações
Sim, e pergunto-me qual o autor em que li há tão poucos dias, sobre a taxonomia (à maneira das Ciências Naturais) imposta à História da Arte?
Só que, por vezes são/foram tantas as obras - leituras on line, em artigos ou em livros - que nos passaram pelas mãos e pelos olhos, recentemente, que é difícil conseguir lembrar...
Mas ontem, e ainda sobre a "intrigante Renascença", que nos foi posta à frente (de uma maneira tão desafiante), antes que esqueça aqui fica. Pois inclui, embora traduzido para inglês um livro de Jacques Le Goff cuja existência desconhecia.
No entanto é um livro que já diz muito, só pelo título, mas também pelo índice que logo a seguir encontrei e pude ler.
A imagem seguinte veio daqui exactamente quando estava em busca de uma frase - "...Michelet inventa la Renaissance..." (daquelas frases que oiço, via Canal Académie) - a qual nem sabia que era, mais ou menos, o título de um livro?
E assim como "quem procura sempre encontra" - este provérbio (nosso) que não sabemos se existe -, tornou-se muito real desde que em 2001 se começou a investigar em História da Arte na Faculdade de Letras, para grande azar de uns enormes doutores lá do sítio. Irritados, só pode (?), com a «desarrumação» que começámos a trazer às suas ideias:
Tão firmes, tão firmes e tão imóveis, como a terra nas descrições da Bíblia !
Hoje, na nossa procura veio mais uma catadupa de informação, e em boa verdade relacionada sobretudo com o Renascimento e a frase que inicialmente se tinha procurado.
Ou seja, apareceu a menção a um livro de (1950) Lucien Febvre intitulado: "Comment Jules Michelet inventa la Renaissance".
Assunto pelo qual nos começámos a fascinar, depois de Fernando António Baptista Pereira ter «levantado uma lebre» que a nós não nos ocorrera (nunca!*): "Glória! Não vai escrever uma História da Arte"!
Ora aqui para nós, no paralelismo, imenso, que se vislumbra entre Teologia e Arquitectura, no tempo em que se diz ter sido o Renascimento, de muito concreto, e que o justifique (ao Renascimento), não está lá nada! (enfim, é por isto que é intrigante...!)
E mesmo o Duomo de Florença, a obra de Brunneleschi que para alguns É a inauguração do Renascimento (!), se seguíssemos N. Pevsner, iríamos vê-la - pois é assim que a considera (numa visão tantas vezes, ou erroneamente global, da História da Arte) - como um fim/remate da época Medieval...
Mas essa, alguma transição que certos autores consideram notória, vai estar/iria estar, sobretudo depois do Concílio de Trento. Iria estar na questão da Reforma e da Contra-Reforma.
Mais: e se quiserem, mapeando geograficamente a Europa, na questão da diferenciação dos povos (e das nações) «descendentes» de Carlos Magno; ou dos bárbaros (de origem germânica) invasores, que ainda sentiam essencial marcar o seu, e muito próprio, património ideológico.
Enquanto no Sul da Europa, nas regiões latinas, ou de romanização mais antiga, prevalecia a vontade de continuar fiel ao legado romano, com marcas do tempo de Constantino, o Grande. Quando em contraponto, no Norte da Europa, era o legado germânico, e a herança de Carlos Magno que se pretendia afirmar de modo tão veemente quanto possível.
Nem todos os estudiosos põem esta problemática dos estilos como nós a colocamos - a de ter havido uma relação directa entre a Teologia por um lado e a Arte e a Arquitectura por outro lado. Porém uma autora como Dana Arnold insiste na origem (das diferenças estilísticas) nas variações geográficas, assim como no que foi designado Zeitgeist**.
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*É que o nosso fascínio ia, tão só, para a arquitectura e para os seus arcos nascidos em ideogramas de raiz abstracta/esquemática, que pretenderam traduzir ideias e dogmas do Cristianismo.
** Vindo este termo de Hegel, aplicado à Filosofia, na sua relação com a História, para significar "o espírito do tempo". É um assunto de que já escrevemos várias vezes, procurem por esta palavra, e um dos posts que encontram é este.Nem melhor, nem pior, mas na verdade a palavra Zeigeist lembra-nos sem dúvida uma evolução temporal: e essa é uma evolução que a Teologia também fez!