Este post é o dar atenção hoje, publicamente, a um assunto que sempre nos ocupou.
Porque quer a ensinar, quer a trabalhar sempre tivemos a noção da importância da postura corporal, depois dos equipamentos e finalmente das características dos espaços onde se trabalha.
Certo mesmo é que para nos concentrarmos na leitura de textos, ou a escrever e a desenhar; o mesmo se passando para as muitas horas que na actualidade é necessário estar frente a um ecrã, usando as mãos e os dedos, na manipulação do mouse ou a dactilografar num teclado. Para estes movimentos corporais que implicam estar com a cabeça e os olhos a cerca de 40 cm de um painel - plano de trabalho (luminoso no caso dos ecrãs onde se localiza a tarefa visual a desempenhar); para este efeito todo o corpo tem que estar em posição tal que fique confortável, e ao mesmo tempo se possam fazer alguns movimentos (geralmente pequenos) e gestos, de acomodação e relaxação muscular, enquanto se vai continuando a trabalhar.
Ora dado o tempo, longo, que algumas das tarefas podem demorar, e não havendo grande possibilidade de trabalhar de outro modo (ou de haver alguma variação entre tarefas umas mais físicas e manuais, e outras mais intelectuais, alternando). E já que «a nossa civilização» parece ter encontrado no computador o modo quase único de produção, então há que procurar melhorar a postura corporal, no tempo que têm que durar as tarefas laborais.
Lembro-me aliás de algumas vezes o dizer aos alunos, chegando ao ponto de lhes lembrar que até a desenhar, por exemplo se quero desenhar curvas largas - traçadas com amplos gestos -, ou zonas minúsculas (em que o corpo vai estar em enorme tensão, para procurar o rigor e a precisão), nesses casos tenho que ter o corpo em equilíbrio, rodar a cabeça, etc. E, frequentemente, se estamos sentados, ter os pés muito bem apoiados, é essencial.
Pessoalmente, e por precisar de estar várias horas ocupada com tarefas que exigem atenção, rigor, precisão de movimentos, para tudo isto os antigos estiradores e os seus banco altos, ou as cadeiras desenhadas por Sena da Silva para a Olaio - desde que possa variar, ao logo do dia - podem ser boas soluções. Por exemplo, ter o plano de trabalho a 105 cm de altura, e um banco alto de apoio, para por momentos (ou minutos) descansar as pernas
Ou também ainda, em alternativa, usar um banco (adaptável), em que o apoio se distribui, e se faz mais pelos joelhos do que pelos pés. Mas neste caso, talvez o plano de trabalho sobre o qual se coloca, por exemplo o computador, já terá que estar mais baixo (80 cm).
Por fim vem aquilo que não deixa de ser, talvez (?), o mais importante:
O Design pode e deve investigar, como mostra o pequeno artigo da Revista Proteste da Deco, nº 137, Fev.-Mar. 2019 que lemos. Estando ao seu alcance - é aliás para isso que existe - a criação de novos modelos ergonómicos.
Isto é: novas relações de antropometria, entre os equipamentos e quem os opera (também para os livros e revistas que lemos), nos locais de trabalho. O que pode vir também a obrigar a uma redefinição dos espaços de trabalho: mais concretamente das fábricas e dos escritórios