Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Mar 18
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Comece-se pela frase abaixo (ver nota*1), referindo-se uma Professora da Faculdade de Letras - que por acaso é Maria João Baptista Neto, que foi nossa orientadora de Mestrado:

"Esta professora da Faculdade de Letras está há sete anos a estudar o palacete no tempo da família Cook, encabeçada por um homem de negócios “recatado, pacato”, que só em 1886 recebeu um título no Reino Unido, o de baronete (D. Luís I deu-lhe o de visconde de Monserrate)."

Pena que o jornal O Público não tenha querido informar-se melhor para fazer um trabalho de mais qualidade (como também não fez a RTP): concretamente da «originalidade» que pode ser crime, e tem nome: Plágio. Que é os Professores da Faculdade fazerem-se donos dos trabalhos dos seus (ex-)alunos. E se nalguns casos pode vir a haver avanços científicos úteis, noutros, também há recuos e incompreensões, do que eles supõem estar a desenvolver (?).

Ou, também porque deliberadamente, passaram a querer marcar como propriedade intelectual sua - o que, em parte, ou no todo, nem sequer compreenderam! Sobretudo, e enfim, o que eles conseguem é baralhar, porque «no seu copiar», apenas estão a desvirtuar e a degradar o trabalho original...

Mas, passemos ao que de facto aconteceu, e há muito mais do que os "7 anos" do jornal O Público:  

Na verdade desde 2001 que Maria João Baptista Neto acompanhou o nosso trabalho, que, sempre quisemos fosse sobre Monserrate. Apesar do que também começámos a descobrir, quer sobre "As Origens do Gótico", sob a «sua batuta», evidentemente, de um tema que era seu e nos impingiu*2: matérias que ficaram no Capítulo I (mas a um nível já razoavelmente desenvolvido, e sem dúvidas sobre o que foram de facto as tão badaladas Origens do Gótico - que M.J.N. não largava!).

Quer depois, no Capítulo II - continuando a aparecer ligações e ideias de que não se tinha desconfiado. Capítulo que por isso também se desenvolveu com razoável originalidade (face ao que até então existia), relativamente à importância e a influência do Aqueduto das Águas Livres sobre a Arquitectura Inglesa.

[E aqui também, foi este capitulo motivo para Vítor Serrão incomodar e pressionar, para que escrevêssemos e estudássemos «de preferência» o Aqueduto, como registámos no nosso trabalho. Chegando a querer que o seu Barroco,  de um dos «guias da Presença», fosse a nossa bíblia; mas onde aí, vários «errozitos» serviram apenas para nos desinspirar do referido tema. Pois o Aqueduto, comparado com a riqueza da composição (sintagmática)  dos Knowles, é apenas colossal. O que, para jóia arquitectónica, comparando com a delicadeza da casa de Monserrate, achámos curto!]

Finalmente no Capítulo III do nosso estudo - que está publicado -, também abrimos caminho e colocámos questões inovadoras (principalmente para Portugal e não para os ingleses que há muito tempo sabem disso*3): sobre a influência, claríssima, da Arquitectura Italiana que os ingleses viajantes do Grand Tour, e depois os amateurs (arquitectos), romanticamente importaram para o seu país. Designando até essas obras com a palavra Italianates.

Porém, PARA NÓS, no artigo do Público são igualmente muito curiosas outras frases (assim como os seus autores):

“A nossa ideia é reconstituir, tanto quanto possível, o interior da casa quando os Cook aqui passavam férias. Queremos fazer deste palácio um museu, à imagem da Pena”, diz ao PÚBLICO António Nunes Pereira, que acumula a direcção de Monserrate com a do palácio sonhado pelo rei D. Fernando II, marido de D. Maria II.

CasaDeJantar-Monserrate-cadeiras.jpg

(excerto da casa de Jantar de Monserrate*4)

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*1 - Como chegar às informações vindas do Público: 

https://www.publico.pt/2017/12/01/culturaipsilon/noticia/monserrate-a-casa-de-um-milionario-ingles-que-quis-ganhar-ao-rei-de-portugal-1794585

*2 - Só que depois, ficando verdadeiramente aflita com o que se descobriu «mandou-nos» esconder e pôr para trás, no próprio trabalho. E assim aliás, ficou na publicação - tirando nós partido da lógica da sequência de imagens (que em Arte é a melhor forma de abordar as questões). Bem diferente do que sempre se faz na Faculdade de Letras, mesmo em História da Arte! Porque, o conhecimento e a disciplina mais básica, em Arte, e para todas as imagens, chama-se Geometria. Assunto que na Fac. de Letras de Lisboa corresponde à brancura total das mentes (ou a uma completa ignorância no tema....)

*3 - Curioso é que Maria João Baptista Neto que acompanhou o nosso trabalho, como mais ninguém, de 2001 a 2005 (podendo até dizer-se que esteve quase «dentro da nossa cabeça»...). Como é que alguém que teve esse «espectáculo», até o privilégio de assistir de perto e por dentro, tendo visto a maioria das ideias a nascer..., vem dizer agora que provámos - "será pelo mérito de ter dois olhos treinados no ver"...? - que a cúpula de Monserrate provém do Duomo de Florença? De facto é verdade. Sim pusemos as duas cúpulas lado a lado (talvez em 2003-4?). Mas, anedoticamente, ficámos agora a ter que saber (porque o escreveu) que pouco conhecia da influência da Itália romântica sobre a Arquitectura victorian. Como também não sabe, o muito mais que continuámos a encontrar: De onde vêm (num trabalho quase arcaico), os  vãos bífores que são agora as janelas deste palácio sintrense...

*4 - Imagem que em 2004, na FLUL, nos fez ouvir um tão estranho remoque (mas que actualmente está explicado): "Porque é que ainda antes, ninguém tinha visto isto?" E desvalorizando o trabalho da aluna (do qual, formalmente é co-autora, embora se comporte como quem nada tem a ver com essa autoria), lá foi à procura de quem, muito mais antigo - e não a aluna que destacou esse pormenor, para não ter que lhe dar razão... -, explicasse o motivo de os Cook terem suspenso, sobre a mesa de refeições, um enorme pano?! Porém, o pano é mera e a mais simples solução para um problema acústico Como no IADE durante 30 anos adorei ensinar (para o bom design ambiental de um espaço de refeições, de modo a que não «virasse cantina»!). 

Por fim, o que se pode aconselhar, que é ensinar: Leiam e informem-se, para com algum esforço e menos plágio conferirem consistência ao que «lhes aparece feito»...

 

T. HUNT-Primaluce.jpg

de Tristram Hunt - Building Jerusalem, The Rise and Fall of the Victorian City


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