... apesar de sempre atrasada.
Depois que percebemos o imenso manancial de informações - o potencial (se se investigar mais) e o vindo logo directo, da leitura da arquitectura victorian. Informações que temos à mão, já disponíveis, ou ainda a precisar de mais trabalho. Apesar disto que não é pouco, também não foram poucas as constatações feitas, e ainda o reconhecimento dos muitos erros cometidos (num excesso de boa-vontade) pela nossa geração, enquanto professores .
Sabendo das dificuldades porque passei, e todos passámos, todos usámos (e abusámos) da tolerância, sendo bonzinhos de mais - se é que isto se pode dizer? - como nunca ninguém a teve ou a usou connosco. Tolerância que, como se vê, também não leva a lado nenhum. Quando muito dá prestígio às escolas, que poderão dizer (ou «gabar-se» ?) que não chumbam e não têm REPs. nas suas pautas.
E por exemplo - devendo perguntar-se se isto é defeito ou uma nova qualidade... - como foi possível fabricarem-se «regras metodológicas» aplicáveis à Ciência, no ensino (isto é nas tarefas de pesquisar, encontrar pistas, formular hipóteses e depois provar ou concluir*1), regras que foram «hiper-adaptadas» a esses que afinal tratámos como «limitados», e a quem, também por isso se lhes exigiu tão pouco? Porque se inventaram novas regras metodológicas, tanto, tanto à sua medida?
Regras que assim se tornaram demasiado normalizadas e tão exclusivas para usos muito específicos, que, consequentemente, tornaram exíguas e estreitaram todas as portas por onde a inteligência (e depois as aprendizagens) pudessem passar...
Ainda outro exemplo (um caso que já comentámos em 2012) :
“...relativizações e tolerâncias que nunca deveriam ter existido, da parte dos mais velhos; que conhecem e sabem que estão a compactuar com percas sucessivas das gerações abaixo da sua.”
Vindo de: http://primaluce.blogs.sapo.pt/110616.html
Será que o fizemos por eles (os alunos) serem artistas?
Re: Talvez sim! Pois sempre que esta questão me ocorre, também me lembro, e vejo o filme, de no fim de uma reunião de profs. (para dar notas, talvez em 1978, ou por aí...?), ter explicado a uma colega mais nova, prof. de História, vinda da Fac. de Letras, que não podia usar dos mesmos critérios e graus de exigência a que estava habituada... *2
Mas o tempo passou, e décadas depois disto, a Cristina P., antiga aluna, fez um trabalho fantástico, que em vários posts já divulgámos*3.
Que tivessem tido esse nível os mestrados, e depois sobretudo os doutoramentos, dos nossos antigos alunos! Mas...
Infelizmente os casos bons ou óptimos foram raríssimos. E, que me lembre - os que têm qualidade - são os trabalhos de mulheres. Já que aos homens cabem (e couberam), sempre, todos os direitos: como o de aceder a graus sem a qualificação necessária, ou até, indo, mais commumte, pela via desonesta...
E se há quem não saiba disto, ou é ingénuo ou faz por isso...? Porque é «toupeirando», sempre, que se atinge o lugar e o posto almejado
Mais (no nosso caso que é completamente diferente): Se alguma coisa (nós) poderíamos ter almejado, apesar do aparente atraso de vida que nos impingiram, não sabíamos que iria ser uma situação fantástica como esta é. A de poder ler, compreender e estar de acordo com Hugues de Saint-Victor, que no século XII escreveu:
"...si on a du temps libre, on peut étudier les autres sciences, puisqu'on trouve parfois davantage d'agrément dans les amusements qui se mêlent aux choses sérieuses, et que la rareté fait le prix de ce qui est bon. Ainsi nous retenons quelquefois avec plus d'intérêt une pensée quand nous la découvrons au beau milieu d'une fiction." (*4)
E aos atrasos que nos impuseram (mas que afinal são os da instituição «impustora» e seus agentes), nós contrapomos as alegrias, o prazer e o interesse nascido "au beau milieu d'une fiction..."
Neste caso, e sem dever nada a ninguém, bem pelo contrário, transformando imagens (nossas) de Monserrate: A ficção verdadeira e o sintagma perfeito
Aqui e ali, mas não sempre, de uma enorme beleza!
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*1 - Como sucede no Método Cartesiano , que depois é aplicado a diferentes disciplinas, e inclusivamente nos processos projectuais, sejam eles projectos de Designers ou de Arquitectos; ou até os de investigação na medicina, sociologia, química ou muitas outras áreas do conhecimento.
*2 - Culpa nossa, quem sabe (?) nalguma a ajuda que poderemos ter dado para a criação desta «espécie de monstruosidade»? Ter-se contribuído para um relativismo incrível, quase sofismo, em que a plasticidade possível, das ideias e dos conceitos é tão grande, que não há rigor nenhum, em nada! Uma fluidez que, de tão «artística», corresponde a nada e gera quase nada!
*3 - Considerando aliás que deveria integrar o corpus de uma bibliografia nuclear para a área de Design
*4 - Ver em Didascalicon, Introcduction de Michel Lemoine, p. 30, ed. Sagesses Chrétiennes, Cerf, Paris 1991.