Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Out 17
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

... como acontece em Sintra, na Paisagem Cultural, que integra a lista da UNESCO (e da qual Monserrate faz parte). E em que a sua principal característica é ser, em simultâneo, obra do homem e da Natureza

Mas hoje o foco central é outro: Padrões naturais e artificiais.

 

Alguns padrões da natureza – dado seu desenho, e até a sua regularidade... - é impossível não nos fascinarem:

DSCN9467-alterado.jpg

Talvez por se parecerem com alguns outros que a geometria regular, e rigorosa, nos oferece? Ou até com desenhos que já fizemos?

arco-quebrado-mandorla-ovo-oval-d.jpg

Enfim, busca-se num «poço de imaginação», embora já não só das imagens apenas produzidas na mente, mas naquele que contém vários desenhos: por exemplo, os já trabalhados e riscados.

E assim, num ápice, quase se podem recriar ou interpretar as imagens da natureza (foi o que fizemos).

geométrico-e-natural.jpg

Que neste caso, como se prova, fomos buscar a ambientes, a contextos e a arquivos (pré-existentes, e não só os mentais...), que sabíamos onde estavam:

DSCN9464-b.jpg

(abaixo desenhos feitos para explicar a geometria do arco quebrado e outras formas que, frequentemente lhe foram associadas)

arco-quebrado-mandorla-ovo-oval.jpg

Pelo que surge uma questão dirigida aos Historiadores de Arte (especialmente aos profs do Instituto de História da Arte da FLUL): será que têm presentes, e têm em consideração, sempre ou quase sempre, os “processos mnemónicos” que as imagens proporcionam?

Como o pensamento abstracto (geométrico ou não), que está/esteve na origem da arquitectura, se interliga - e ora «liga», ora «desliga»? Como se fosse um jogo de ténis (e já alguém o descreveu assim)? Isto é, num jogo de ténis (entre as lógicas de) Aristóteles que passam para as de Platão, e depois vice-versa, voltam à base, para voltarem a ser conceptualizadas, tornando-se novas ideias e noções que vão entrar noutras ideias?*

Como toda a Arte parece ser - e no caso das obras visuais é claramente – uma permanente alternância entre esses dois pólos e processos conceptuais?

Terão presente os doutos do IHA-FLUL como funciona a corrente da consciência nos processos criativos? Como corre/flui, apoiando-se agora no mundo real, das experiências já vividas, para logo depois, por associações lógicas, se ir apoiar num outro mundo, muito mais feito de ideias, mais teórico e abstracto (mas que, forçosamente, na origem, nasceu no real)?

E que essas correntes que estão na base do «discurso imagético» (ou todo o encadeado visual de uma composição), por exemplo de um só autor, vão-se alternando, no decorrer da concepção dessa mesma obra?

E que assim, depois também deve acontecer o mesmo, na sua leitura, na interpretação ou a exegese que se faz das obras de arte - para se poderem compreender as referidas obras? PPara secompreender a história que integram e as motivações para ter sido assim? E que todas essas tarefas exigem muito mais conhecimentos do que podem proporcionar (apenas ou principalmente) as visitas à Torre do Tombo, ou asdescobertas dos registos de nascimento, de propriedades, de casamentos ou óbitos?

Perceberão que quando na Arquitectura as imagens (rigorosas) falam - as “effable shapes” como lhes chama George Hersey –; perceberão que a Gramática dessa língua visual, já longe das formas do mundo natural, foi a Geometria?    

Enfim, poderão aperceber-se (como está nas fotografiasacima) que tal como na natureza cada espécie obedece a ordens que configuram a posição, a disposição e organização de cada parte componente? Pois também nas obras de Arte, sobretudo nas mais antigas e tradicionais da cultura clássico-cristã, o mesmo se passou?  Que Niceia II, em 787, e Trento - na IIIª e última sessão, em 1563 - foram essenciais para moldar a Arte Ocidental, da Europa e Américas?**

Perceberão que, seguindo ordens, a grande maioria dos pintores, escultores ou ‘architectores’, se comportaram muito mais como instrumentos das lógicas existentes no tempo em que viveram; do que como agentes criadores, que de facto pudessem ter sido inovadores a partir do nada. Ou ex-nihilo, como é de facto muito mais fácil acontecer na actualidade?

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*Porque essa é, normalmente, a ordem lógica dos raciocínios, embora não a ordem temporal das vidas dos dois Filósofos...

**E consequentemente a Cultura Visual contemporânea, que é ainda hoje - não sempre mas muitas vezes -, sua herdeira.


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