Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Jul 17
publicado por primaluce, às 13:00link do post | comentar

Mas, insistindo na afirmação de que esses sinais, ao contrário das letras do alfabeto - cuja leiturabilidade interessou e ocupou a Cristina Pinheiro (ver posts anteriores); esses sinais, repete-se, não serviram para registar sons, mas sim Ideias.

Por isso, temos escrito nos nossos blogs, frequentemente, sobre «arquitecturas falantes». 

 

E agora, num tema que em geral não queremos abandonar - porque os nossos estudos se centram nos significados da arquitectura (que não era muda, pois falava ideograficamente)  -, aqui está mais um post sobre o mesmo assunto:

Recapitulando, no post de 26 de junho passado, insistimos em explicar que uma série de imagens, ou sinais, foram portadores de ideias, sentidos ou significados que acrescentavam (ou adjectivavam - de um modo visual, muito decorativo) às obras onde eram aplicados .

Posteriormente, no post de 29 de Junho, publicámos uma série dessas imagens. O que não nos deu, praticamente, nenhum trabalho, porque vindas, todas juntas, de um livro de Joaquim de Vasconcellos (ao qual podem aceder indo por aqui). Imagens que esse autor se atarefou a reunir, como o próprio escreveu, "desde 1877".

Para quem quiser ler, está nas pp. 21-22 do livro (e não do PDF da Biblioteca Nacional), de que citamos alguns excertos que parecem mais relevantes:

"Já escrevi e demonstrei em outro logar em 1908 (...) que ainda hoje se revelam na admiravel e variadissima decoração dos nossos jugos nas provincias do Norte e nos artefactos ceramicos das mesmas provincias (...) que se baseia no confronto de numerosas illustrações minhas, ineditas e em exemplares das artes domesticas, e das alfaias rusticas, colleccionados desde 1877 e comparados n'um estudo historico, impresso em 1879".

E apesar desta citação ficar por aqui, aconselha-se logo depois a leitura do parágrafo seguinte: onde a iconografia dos jugos (de bois) volta a ser mencionada. Pois para o autor ela lembra-lhe a existência de ornamentos, quase iguais aos que se empregavam na arquitectura.

Tema que em 2016 nos interessou especialmente, porque o MUDE lhe dedicou uma exposição, da qual também escrevemos.

Enfim, é este post mais um registo daquilo que grassa pelo país; tentativa de demonstração que o Conhecimento e a Cultura actuais estão (para estar) em decadência acelerada.

Na contracapa do livro de Joaquim de Vasconcellos, talvez na sua edição mais recente (Edições Dom Quixote) está uma súmula/elogio de Artur Nobre de Gusmão, em que diz que o trabalho de Joaquim de Vasconcellos é ainda válido e merecedor de atenção.

Contracapa-ArteRomanicaPortugal.jpg

Connosco aconteceu-nos ter percebido, ao escrever sobre Monserrate, que as informações de Vergilio Correia sobre a cultura visigótica suplantavam, em muito, as dos autores mais recentes.

Será talvez  o que Pierre Nora admitiu numa entrevista ao Canal Académie(?). Há um afastamento crescente entre Memória e História. Como se a História que foi feita há mais tempo, i. e., escrita mais próximo dos factos que quer relatar, estivesse ainda imbuída do espírito e dos contextos em que esses factos decorreram; e desse modo conseguiu ter uma maior capacidade de os entender e de os relatar.

Porque, estando menos «infectada» pela mentalidade que posteriormente se desenvolveu e ampliou, ainda conseguiu explicar os episódios e os fenómenos ocorridos, pela memória da sua origem e suas causas, e não simplesmente por factos aleatórios, apontados por quem já escreveu e relatou, a uma grande distância temporal.

Também hoje, quando se escreve ou fala da arquitectura antiga - inserida nalgumas das disneylands em que as nossas cidades e suas zonas patrimoniais (ou as mais «musealizadas») se estão a transformar - em geral já ninguém percebe - fala ou escreve -, daquilo que precedeu essas obras, ou o que lhes deu forma:

Portanto, o porquê das formas concretas que as obras patenteiam...?


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