Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Fev 16
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

... vimo-la crescer, quando passávamos de comboio.

 

Continuando o post anterior (20.02.2016) veja-se o que conseguimos confirmar nalguma bibliografia sobre um edifício que conhecemos bem e a cuja construção fomos assistindo de longe*.
É que, por «razões várias» é frequente conversar-se e nessas conversas podemos perceber que as pessoas desconhecem inúmeros factos e informações que nos parecem óbvias. Será que são para nós óbvias porque as vivemos e eles não? Ou porque não lêem directamente os cenários onde vivem, os edifícios onde estão? Não os sabem interpretar? 

Francamente é uma imensa dificuldade com que nos deparamos muitas vezes: a percepção de que a maioria das pessoas (muitas delas profissionais como nós) não compreende o que está dentro dos edifícios, sob as capas e as superfícies aparentes daquilo a que é costume chamar acabamentos. Mas também pavimentos falsos, flutuantes, tectos suspensos, sub-tectos e tectos falsos (tantas são as designações); ou ainda, paredes cortina, paredes amovíveis, etc., etc.

Sim, é verdade que estes itens são característicos da nossa profissão e dos nossos conhecimentos, mas, os que têm a mesma profissão não têm igualmente estes conhecimentos e informações, onde andaram (ou deveriam ter andado)? Não aprenderam?    

Bom, as perguntas são a propósito do "Edifício da D. Carlos I" da autoria de Tomás Taveira.

Leia-se o que está no Livro de José Bártolo e Maria João Baltazar, da Quidnovi, Col. Arquitectos Portugueses, sobre Tomás Taveira, na  pp. 59 e seguintes:

"Este edifício foi projectado em 1973, e havia a intenção de ser construído em aço. Foi projectado para se relacionar com a paisagem industrial onde fica situada, e em diálogo com a imagem do rio Tejo. Esta intenção não foi realizada porque a revolução politica de 1974 alterou as condições económicas. Como resultado, o edifício teve de ser construído em cimento. No entanto, a imagem criada é semelhante à concepção original."

E os autores José Bártolo e Maria João Baltazar remetem para Tomás Taveira, Architectural Monographs, nº 37 (Academy Editions, London 1994, p. 28) onde leram em inglês e traduziram.

Acontece que esta pesquisa foi muito generosa e, como de costume, vieram outras informações deveras interessantes: pois ao ler Tomás Taveira fica-se a saber que o Românico e o Gótico, segundo o autor - mas não para a cruz em aspa que é o «mote visual» adoptado na fachada poente do edifício da Av. D. Carlos I (no que lemos não existe esta referência específica, mas a cruz está lá...) -, esses estilos também o inspiraram.

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*Devendo acrescentar-se que, temos uma vaga ideia de ter lido mais com outros detalhes e informações nalgum outro livro. Incluindo talvez também sobre as bancadas (?) colocadas na periferia do edifício, junto às janelas, e da empena. Com o objectivo de completar a habitabilidade do open space: i. e., a referida bancada terá sido estudada também ergonomicamente, para completar o equipamento móvel, fornecer energia ou ligações eléctricas e de telefone, ainda o AVAC- ao incluir grelhas de insuflação e de extracção. Mas não ligações informáticas, que à data não existiam. Tudo isto junto aos vãos, que em princípio permitiam limpar os vidros a partir de dentro, já que a climatização era artificial, e as janelas não seriam para estar (normalmente) abertas.

Por fim lembre-se que pela data do projecto não deveriam ser ainda sensíveis os efeitos que depois, se agravaram imenso, da 1ª Crise Petrolífera. Dados que as gerações actuais estão longe de conhecer, ou ter experienciado as consequências, na medida em que, por exemplo, nunca terão posto gasolina nos seus automóveis a 2$80 ou a 5$60/litro

Em breve a Fábrica da Valentim de Carvalho


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