... fotografar tectos que depois hão-de cair? É certamente a máquina fotográfica, que ao focar essas áreas as destrói? Só pode...
Muitos concordam, de certeza, com esta última asserção, a qual não é assim tão fácil de aceitar e compreender...
Porque claro que não é a incúria, demorada - pois leva tempo a ser absorvida pelas mentes dos responsáveis -, mas são sim as máquinas fotográficas, elas próprias as verdadeiras e grandes destruidoras de um Património Cultural que os Autarcas e responsáveis do Poder Central preferem sempre ignorar?
Sem dúvida, claro que são as máquinas fotográficas de quem aprendeu a diagnosticar o estado de conservação e as patologias construtivas, que quando apontam para alguma dessas patologias, são logo elas que danificam os estuques; que os enchem de água e que os fazem apodrecer; assim como às madeiras que os suportam.
Definitivamente são essas «ferramentas captadoras de imagens» as grandes maléficas que destroem os valores arquitectónicos, patrimoniais.
Tudo razões para que devesse ser proibido fotografar qualquer obra que esteja periclitante, e a um passo de ruir...
ou aqui, conforme lhe der mais jeito
É a página de um estudo dedicado ao Palácio de Monserrate, que fizemos há mais de 30 anos, e onde se pode ver um tecto de estuque da autoria de Domingos Meira: trabalho que se perdeu (por ter sido fotografado, claro, idem, também sem qualquer dúvida!).
Em baixo uma outra fotografia nossa que inexplicavelmente (?) foi aparecer num trabalho de Marta Ribeiro feito em 2014*, e dedicado aos Sarcófagos Etruscos que Francis Cook adquiriu para a «Capela de Monserrate».
E agora, anos e anos depois, e ainda sem nenhuma ironia, será que também em Portalegre, no Palácio Amarelo, nunca deveríamos ter fotografado alguns dos seus tectos mais bonitos e valiosos? Será que o movimento ou impulso (quase inconsciente) de fotografar, é de imediato um processo de diagnóstico: uma denúncia da ruína que vai acontecer?Quiçá o movimento originador de um micro-sismo?
Por muito ou pouco que possa ser ?, por nós continuaremos a trilhar os caminhos em que há anos estamos, por vontade própria, mesmo que uns calões muito pouco honestos tenham decidido boicotar e destruir os nossos trabalhos. Acontecendo que as horas da verdade estão cada vez mais perto:
Felizmente!
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