... relativo à grafia das palavras com que pensamos, divulgamos ideias ou comunicamos.
Claro que não somos especialistas na língua, mas isto anda tudo ligado, e não são apenas as imagens - mais ou menos icónicas - que falam, mas as palavras, idem aspas, elas existem e têm o objectivo de permitir a comunicação.
Sabemos que as imagens precederam a palavra, e que as primeiras palavras dos primeiros homens deveriam ter sido onomatopaicas. Quem sabe, se sons e expressões semelhantes a grunhidos, não muito longe dos dos animais, que com o tempo se foram complexificando e um dia se tornaram «língua». Aliás, todo o conhecimento é assim, e esta complexificação é uma característica comum aos mais diferentes domínios.
Todos sabemos também de estudos dedicados às formas e aos seus significados, e depois também às palavras inscritas na Arquitectura...*
Sabemos igualmente que se tratam de evoluções, por vezes lentas, ou alternadamente muito rápidas, como actualmente acontece, no contexto de vários sistemas de signos.
Porém, o post de hoje é apenas sobre as palavras, as mais normais que todos colocamos por escrito, independentemente do seu suporte. E a escrita lê-se, como também se lê a realidade, ou um cenário, natural ou feito propositado, para poder produzir um qualquer enquadramento que também nos informa (no caso do teatro e do cinema).
Enfim, deduzir (ou fazer leituras) a partir de sinais visuais, mais ou menos codificados, é algo que fazemos: todos nós que estudamos, ou estamos no ensino.
Neste blog e em Iconoteologia tem-se tentado explicar que a Geometria foi também uma espécie de Gramática para estabelecer as regras da constituição de imagens que visavam algum tipo de comunicação. Ora as Gramáticas (e também neste caso o Acordo Ortográfico) pretendem estabelecer a Correcção Gráfica - Ortografia - em português, para que os textos escritos sejam lidos fluentemente e sem hesitações, em português.
Isto é, para que o sentido de um determinado sinal visual (composto), o qual é constituído por letras, que formam sílabas e fonemas, seja apreendido rapidamente. Por outras palavras, para que não seja um «travão» na leitura, para que ao ler, não hesitemos ou nos dispersemos a tentar perceber aquilo que se quer dizer (?), quando, por exemplo, em vez de Pacto com o Diabo, alguém escreveu Pato; ou, quando a intenção era referir os Espectadores e o pobre do leitor ao ler Espetador, na sua mente fabrica rápida e automaticamente (porque normalmente é assim que alguns funcionamos) a imagem de um ou vários espetos a espetarem uma qualquer coisa. Porque, insiste-se e é importante lembrar, a vivacidade de alguns leva a que produzam mais rapidamente uma imagem mental, do que eventualmente conseguem descortinar que o sentido do tal espetador - aquele que verdadeiramente se queria passar ao leitor - era o de observador, ou daquele que assiste. E não aquele de quem munido de um espeto (feito «sujeito-espetador»), anda a espetar o quer que seja...
Como ouvimos ontem num programa que é de Economia (Olhos nos olhos - em 05.01.2016) uma péssima ideia numa área cientifica que é a Linguística pode custar caríssimo a milhões de falantes. E não nos referimos aos livros e dicionários ou prontuários que se possam fabricar e ter que se deitar fora, mas, simplesmente ao tempo que se perde com a falta de eficácia do que deveria ser um dos nossos bens mais preciosos...**
Da história que é contada por Nuno Pacheco (vejam o filme da TVI, no link) percebe-se que a maioria das pessoas aceita tudo, acriticamente, fazendo com que as ortografias que hoje por aí andam sejam a mais completa das bagunças. Falhando completamente o objectivo da fluência e da fluidez da língua (posta na escrita).
Leiam, percebam, porque é que nós não aderimos à imensa trapalhice que o ACORDO ORTOGRÁFICO constitui, pois muito cedo nós percebemos a respectiva falta de lógica...
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* Engaging the Mind's Eye: The Use of Inscriptions in the Architecture of Owen Jones and A. W. N. Pugin Author(s): Carol A. Hrvol Flores Source: The Journal of the Society of Architectural Historians, Vol. 60, No. 2 (Jun., 2001), pp. 158-179.
**Por analogia, os Sinais que integram o Código da Estrada são tal como palavras que nos dão ordens; agora imagine-se que os Governantes faziam a essa sinalética e ao Código da Estrada o que têm feito à Língua. Os custos naturalmente seriam elevadíssimos, em acidentes. Sobre os estragos feitos na língua portuguesa, alguém saberá medir o imenso desperdício de dinheiro e as energias que isso tem feito gastar, ou consumido?