Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
29
Jan 16
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

, portanto, assim fica-se com as costas quentes; depois, com a ajuda de quem veio por bem, e para ficar, a nossa vida irá mudar!

 

Claro que a exposição de Joaquim de Vasconcelos no Mude, nos lembra o que António Quadros tanto referiu e escreveu sobre esse autor, e temas que tratou. 

Claro que passamos a ter condições não para acabar o tal doutoramento, já passou o tempo, mas para escrever uma História que quem mais devia ter ajudado, nem por isso ajudou: Melhor, pelo contrário fez tudo para desajudar.

Digamos só, que, contraditoriamente ao que alguns desses pretendiam, pelo menos, entre esses esteve quem nos deu ideias que não tínhamos, e que, portanto, se não há-de haver tese, pelo menos haverá uma historinha: menor do que a que sempre temeu; mas há-de haver...*

É que estamos nessa, aproveitando para lembrar esse poço de sonhos (e hoje de inspiração) que A. Quadros também foi. Ele que chegou a referir a existência de uma "...escrita ibérica à procura do seu Champollion..."

Concordamos que houve uma escrita, mas não exclusivamente ibérica, e que este tema seria fantástico para atrair estudantes internacionais à escola que fundou. razão para termos escrito várias cartas a dizer isto mesmo. Em que computador, ou arquivo escondido estarão elas? É que em breve vão ser lembradas..

Acrescentamos agora que vale a pena ir ao MUDE, e aí ver um «jugo» de bois, do Museu Infinito de Joaquim de Vasconcelos; para nele encontrar o mesmo padrão que está no túmulo de Egas Moniz. Mas também outros desenhos que foram como símbolos de Deus, e proclamação de Fé.

Museu-Infinito-Jugo de Bois.jpg

Em draft, muito draft: tentativa de reprodução de um jugo de bois - rabiscado à pressa numa agenda

Correspondendo exactamente ao que escreveu Cirilo Wolkmar MACHADO, em Tratado de Arquitectura & Pintura, que a F. C. Gulbenkian publicou em 2002 (e citámos A Propósito de Monserrate...):

“...Os homens começarão no oriente a fazer imagens que erão como nomes ou ieroglifos...” Ver op. cit. p. 254

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Talvez mais fácil de ser assimilada e compreendida?

 


25
Jan 16
publicado por primaluce, às 16:00link do post | comentar

Neste tempo que muda, há uma interessantíssima exposição a ver:

no MUDE

Um Museu Infinito que nos faz lembrar as temáticas infindas do que seria o nosso doutoramento: grau que não adquirimos por várias razões, a que não são alheias várias pessoas e as suas invejas, mas também uma sensação de Infinitude que já tinha «tocado» Joaquim de Vasconcelos.  

Enfim, uma imensa temática que é verdade que é difícil de a captar; sobretudo de a articular - inteira e devidamente - com muitos movimentos ocorridos desde meados do século XVIII**.

Moral da história: uma imensa temática que devia interessar não só as Escolas Industriais mas também às Escolas de Design.

E ainda sobre o tempo que muda, e como se têm percepcionado as suas diferentes circunstâncias e características, temos andado a escrever sobre ele

~~~~~~~~~~~~

*De A. S. da Nóvoa

**Aliás, por essa época um outro tempo novo se anunciava - segundo os historiadores (especialistas em «fatias cronológicas») - para quem começou então a Idade Contemporânea


24
Jan 16
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

..., segundo nos parece (?), têm tendência para pôr os arquitectos (e alguma arquitectura) fora de campo: afastados como outsiders, como se fossem intrusos e uns entes verdadeiramente desclassificados que não pudessem ter nada a ver, nunca, com Design e o seu ensino*.

 

No mínimo, há que o dizer, esta atitude é bastante cómica, para não lhe dar outros epítetos. Ainda há dias, ao depararmo-nos com o CV de uma aguarelista conhecida/reputada, que foi estudante na que se diz ser a melhor escola de Design de Portugal (e até a melhor dos arredores, incluindo os mais distantes); Pois essa senhora, com todo o orgulho, no catálogo de uma exposição individual dos seus trabalhos, apresentava-se em breve nota curricular como Arquitecta de Interiores. Acrescentando que ainda depois da formação na referida escola, depois frequentou os ateliers de Lima de Freitas e Manoel Lapa (sic) .
Mas avancemos, voltando ao ponto em que os Designers - idem aspas, se orgulham da sua criatividade**, muito narcisistas, como sempre faz parte deste «filme»;

Voltemos ao ponto em que os referidos profissionais, com essas suas posturas insistem em pôr de lado o que foi, tradicionalmente, um importantíssimo mercado e área de actividade profissional, para grande número de Designers.
E aqui não nos referimos ao que se passa em Portugal, mas também à história da profissão, sobretudo em países e mercados onde é bastante mais requisitada.
Mais, onde por vezes a falta de uma formação escolar especifica, pode ser, na prática, completamente inócua. Isto é, sem qualquer real importância, para as suas competências profissionais, que não existem definidas, legalmente (a não ser como categoria, na lista de profissões que pagam impostos - CAE Código IRS).
Lembre-se que a alguém hábil, e que com o tempo se torna experiente – neste caso estamos a referirmo-nos aos Designers/Artistas que nasceram assim, criativos (e autodidactas)*** – esse alguém não precisa de um qualquer diploma, para exercer uma profissão que o próprio «vai configurando, à sua medida, naquilo que faz, e em que se realiza».
Assim, de tudo isto passemos a um ponto mais concreto:
A auto-construção está aí, de novo, a fazer lembrar o contemporâneo «DIY» (de do it yourself). Auto-construção que entre nós foi, razoavelmente divulgada nos anos 60-70 do século XX:

Ora na versão brasileira do “Faça Você Mesmo” - em geral ligada a publicações do Reader’s Digest que tiveram grande divulgação, e em que cada um, aplicava depois, melhor ou pior nos interiores das suas casas as ideias sugeridas em livros e artigos de revistas;

Ora na versão do SAAL (posterior a 1974) - que desenhou alguns espaços públicos do nosso país. Ou, mais concretamente, que desenhou os «interstícios exteriores», entre edificações auto-construídas, de vários bairros periféricos das áreas metropolitanas, sobretudo Lisboa e Porto, em que as autoridades municipais e vários importantes ateliers e equipas de arquitectura estiveram envolvidos.
Ignorar agora esta tendência actual, ou querer desconhecer o que se está a passar, e a necessidade existente de renovar o parque habitacional - tornando muito mais habitáveis as edificações existentes e degradadas, é igual a uma vontade de enfiar a cabeça na areia. Num tempo em que são precisas soluções realistas e úteis, e não veleidades inúteis - como endeusar a Empresa...
Também num tempo em que já há edificações a mais, e tantos estudantes ávidos por encontrarem (serem ajudados a encontrar dentro de si, e a desenvolver) competências e actividades a que se possam dedicar profissionalmente: vendendo o seu tempo, acrescido das suas próprias «capacidades e habilidades», que devem querer ampliar (?).
Actividades que nem têm que ser, forçosamente, hiper-criativas ou cheias de imaginação e inovações «espectaculares», mas que, sem espalhafato, até com alguma «austeridade ambiental/discrição» consigam conferir aos trabalhos e espaços e ambientes em que venham a intervir, a qualidade, a clareza e a organização de que precisam. E isto, em vez de estarem no desemprego, ou a acumularem sucessivas formações, que de tão generalistas não chegam a ser úteis ou a conferir competências necessárias.
Para nós, hoje como desde há 40 anos, o Architects' Journal (AJ) continua a ensinar, vamo-nos actualizando e aprendendo mais:

http://www.architectsjournal.co.uk/news/shortlist-for-40k-self-build-contest-revealed/8689887.fullarticle

http://www.architectsjournal.co.uk/culture

*Claro que isto demonstra uma imensa ignorância, o não conhecer a História da Arquitectura em Inglaterra, como no século XVIII o Amateur contribuiu para o desenvolvimento de uma profissão, que ganhou personalidade e estatuto, a partir desse país. E, logo de seguida, como autores como Owen Jones, apesar da sua formação, ficaram para História como Designers. Mas claro que isto também emana “vapores e pivetes a tresandar de inveja”, e a lembrar-nos, sem dúvida, um realismo literário, queirosiano, que não é ambição nossa: mas sim o retratar da podridão, algo que se faria (e fará) melhor, um dia, com números e estatísticas eloquentes (que podem vir a lume), em vez de se usarem adjectivos...

** Comparando-se a um Criador que, mesmo que não adorem, sabem que ainda mantém uma inspiradora e altíssima reputação.

***Lembre-se que enquanto um arquitecto tem competência e é necessário para assinar um Termo de Responsabilidade (profissional, de acordo com as normas e boas-práticas da sua profissão), a um Designer é-lhe exigido que não entre em áreas que precisam de licenciamentos oficiais das obras; que essas não interfiram em estruturas e dimensionamentos que estão definidos por lei. Já em tudo o resto os Designers têm toda a liberdade, e espaço para a máxima criatividade.

E nunca esqueceremos um aluno óptimo (do final da licenciatura em Design), de quem os colegas diziam isto mesmo, e que um dia, ingénuo, mas verdadeiro, a propósito de uma exposição e materiais expostos no Museu da Electricidade, de um gabinete norueguês - Snøhetta Arkitektur Landskap -, perguntou: "Professora o que é um contraplacado?"


21
Jan 16
publicado por primaluce, às 11:00link do post | comentar

Felizmente há pessoas que deixam saudades:

 

Ainda bem que existiram e viveram, porque à sua volta, nas actividades que desempenharam, no bem e na inteligência que divulgaram e espalharam, ficaram referências: verdadeiros modelos e padrões do que é uma cidadania impecável.

Por isso neste momento é impossível esquecer os seus opostos*.

É em memória do melhor que muitos nos deram (leiam, procurem, pois neste blog há várias referências a Nuno Teotónio Pereira - NTP); é em memória de pessoas como ele, que não deixaremos de denunciar os infestantes e nódoas da sociedade em que estamos: malta que está longe de saber o que são comportamentos edificantes, porque é que a Arquitectura é/foi um tropo.

Sobre NTP há muito escrito e reflectido, por isso basta divulgar, para que se possa comparar, opor a, e passar denunciar, a tal militância nefasta e infestante que é tão prejudicial à sociedade (e não parece querer corrigir-se, adoptar os bons exemplos**).

Image0199.JPG

(ampliar)

Image0200.JPG

(ler ampliação)

HomenagemNTP-3.jpg

(ler ampliação)

*É preciso que uns morram para que outros nasçam, mas não nascerem pessoas (se é que são pessoas?!) como os aldrabões que brotam do chão já doutorados, e com quem temos que lidar todos os dias: ignorantes que pagaram os ditos doutoramentos em Universidades do Interior - ou demasiado à Beira-Mar ---» serão de uma qualquer UBI-M? - e que por isso, por exemplo, acharam que a nossa mais do que honestíssima progressão na carreira docente não podia concretizar-se...

Fizeram bem, pois assim se auto-denunciaram!

**A dos que se pautam pela redução da vida às suas posturas ignóbeis...

E em 25 de Janeiro acrescenta-se um Filme vindo da Rádio Renascença, exemplos em que Nuno Teotónio Pereira diz ter-se demarcado do passado, mas nos quais nós vemos a História da Arquitectura a evoluir, e sem perder as suas raízes ou linguagens antigas...


20
Jan 16
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Todas as áreas do conhecimento ou práticas profissionais - temos podido observar isto - ora passam por modas, ora se actualizam. Depende das circunstâncias, mas sobretudo da visão dos seus protagonistas e autores

 

Ou seja, não é apenas na História da Arte que se descobre que a Arte foi muito diferente daquilo que hoje é, como língua (quase retórica visual). Também o Design nasceu para resolver problemas, mas, desgraçadamente, nalguns casos face a modas e evoluções, mais parece existir para não dar soluções: criaram-se problemas muito concretos; tem-se deixado que o mundo esteja cada vez mais deteriorado e poluído...
Pensemos apenas nalgumas fibras (plásticas como o Nylon, o PMMA, o Poliéster, o PS, o ABS, …) do vestuário, que hoje estão em suspensão na água dos oceanos e constituem um importantíssimo ingrediente da alimentação dos peixes, de que os humanos, por sua vez, se vão nutrindo…
É quando ocorre a pergunta:
What is a “designer” anyway?*
More and more young design professionals recognize a growing potential for impact by applying their skills in fields outside of what is traditionally considered “design”. They are finding their way through paths in education, program management, and international aid agencies, to name a few. This “dropout” has been a point of concern in the field of architecture as recently highlighted by the Missing 32% project, which in brief has brought awareness to the fact that many women leave the architectural profession within five years after graduation. With the evolution of more non-traditional pathways this dropout will likely continue until traditional notions of what it means to be a design practitioner catch up to the values young professionals hold today.
Excerto vindo de um site onde muito se aprende: https://impactdesignhub.org/2015/03/18/finding-your-path/
Mas, são muitos outros os sites que dão informações igualmente importantes, sobre ideias e práticas que têm como objectivo um mundo melhor: já agora, não apenas virado para as crianças e para o ensino - onde há mais hipóteses de influenciar o futuro (das futuras gerações) -, mas com o objectivo de influenciar o presente. Por exemplo, transmitindo diferentes e boas práticas, num número infindável de áreas e até de conhecimentos. Comparável a uma «alfabetização/empowerment» dos que habitualmente são marginalizados, dos mais velhos**.

Ligando tudo, para que o Saber não seja coisa isolada. Típica de lugares e instituições onde se investiga, para depois se sair para a cidade e para a sociedade a fazer exactamente o contrário, e a agir tendo apenas em conta o lucro e interesses de grupos restritos***.

http://seednetwork.org/case-studies/
https://impactdesignhub.org/tag/architecture-for-humanity/
https://impactdesignhub.org/features/equity/
http://www.seed-network.org/
http://www.cannondesign.com/about/open-hand/

reedição.jpg

 Reedição- legenda original aqui

*A ler em: https://impactdesignhub.org/2015/03/18/finding-your-path/

**Embora não se possa esquecer que a geração do babyboom - pós IIª Guerra Mundial, que está agora a sair da vida activa - em muitos casos, esses estavam bem mais preparados para o trabalho, responsabilidades e competências, do que as actuais gerações...

***Será neste ano de 2016 - que segundo a OXFAM se vai atingir este cenário:

Em que 1% da População vai deter 99% da riqueza.

Por nós - Thanks God - sempre pensámos que o Design e a Arquitectura eram para todos:

Thanks God tivemos uma formação e aprendemos uma profissão abrangente, em que o BEM-COMUM e as atitudes edificantes sempre foram a sua essência e substrato!

~~~~

E hoje (21.01.2016) acrescenta-se,

para memória - e, sublinhe-se, lembrando o que durante algumas décadas foi preocupação no IADE; o que é agora o resultado de não se dar voz aos verdadeiros designers: os preocupados, entre outras causas relevantes, da maior importância (para o mundo actual), ------------»os preocupados com a sustentabilidade do planeta: http://www.dn.pt/dinheiro/interior/oceanos-em-2050-vao-ter-mais-plastico-do-que-peixes-4990703.html


17
Jan 16
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Arquitectura, Artes Decorativas, Design.

 

Quando é que a Arquitectura, ou as designadas «Artes Decorativas», que tantas vezes a complementam, não como equipamento e mobiliário solto, mas como elementos integrados e plasmados (built in - dizem os ingleses) na construção; quando é que esses elementos se soltaram e ganharam autonomia?

Mas, tentando mais clareza, pode-se pôr a questão de outra maneira: foi a Arquitectura que influenciou essas «Artes Menores», ou ao contrário, foram essas Artes como «objectos soltos» que passaram a influenciar a Arquitectura?

Esta é sim uma eterna questão, porque vem de muito longe.

Em nossa opinião, como nos exemplos que estão abaixo (um tecto, trabalho naturalista de Domingos Meira, e duas peças de loiça da Fábrica Bordalo Pinheiro) os estuques decorativos - plasmados na construção - um dia autonomizaram-se e ganharam um estatuto próprio, passando a objectos; se bem que quase contemporâneos dessas edificações, mas independentes delas.

No entanto, esse processo - das formas arquitectónicas influenciarem (aparentemente) os cenários extra-construção e os objectos que os formam, tal processo vinha já de trás; e dizemos que vinha de há um ou dois milénios antes, a ideia de que a Decoração (ler a explicação de 'Décor' dada por M. J. Maciel) era uma ênfase, concomitante com a ideia de adequação e conveniência, do vocabulário que também já estava na Arquitectura.

Assim, dizemos que só nesse sentido enfático (indo à Etimologia e ao vernáculo), é que faz sentido usar a designação Artes Decorativas. Ou, tentando exprimir melhor: as formas - e em geral estamos a referir as geométricas e as que são consideradas abstractas - constituíram uma linguagem: verdadeira linguagem que era disposta (ou composta e aglutinada, feita imagens e novos sintagmas visuais*) e que desse modo se distribuía por diferentes superfícies da construção, em sucessivas e repetidas afirmações, quase sempre, das mesmíssimas ideias.

Que eram a afirmação da Fé na Trindade Divina. Ou, que poderíamos também dizer, essas formas e as suas combinações (mais ou menos sintagmáticas, ou, com o tempo e depois de estabilizadas e aceites apenas paradigmáticas**) eram uma das muitas possíveis proclamações visuais do "Credo in unum Deum...: habitualmente mais conhecido como Símbolo de Niceia-Constantinopla.

Nesta nossa opinião (e imensas explicações inerentes, que são necessárias) está aqui muita informação, não destrinçada como hoje se tornou regra essencial fazer. Porém, não a fazendo pela imensidão do tema e falta de espaço, seria a partir dela, que mais uma vez insistiríamos em sucessivas e muitas outras explicações (e desdobramentos de ideias) que assim permitem compreender o passado e as evoluções que a Arte fez.

Não terminando ainda, lembra-se a capa de um livro de Gombrich que explica um pouco as Artes Decorativas, como as compreendeu, e como em geral (em nossa opinião) funcionaram quer no século XIX, quer durante o século XX. No entanto, e apesar do muito que em geral todos devemos a este autor, para a compreensão da Arte mais antiga, por isso mesmo não podemos estar de acordo com o sentido que viu nessas Artes Decorativas, e o referiu no dito livro.

Insiste-se, - sejam ou não primeiras luzes nesta temática? - o que hoje alguns chamam e vêem como Artes Decorativas, inicialmente foi uma língua: cujos vocábulos mudavam de escala, deixando de ser arco, ou suporte da construção para serem algo comparável a vários (ou um único) post-it.

Qual alfiz adjectivador (o dito post-it) colocado sobre uma porta, que assim indicava quem passasse sob essa mesma porta. Ou, qual tímpano de Arco Quebrado, ou as bandeiras (no século XVIII em forma de leque - fan door) e as vergas de portas, como as explicou já no século V-VI, o Pseudo-Dionísio, o Areopagita***.

A terminar, sabemos que hoje (cada vez mais) todos separam tudo, e que assim perderam a noção da história de muitos elementos estilísticos. E neste caso também a passagem para o Design, porque já o é, de peças que se inspiram nas formas colocadas (inscritas, moldadas) na arquitectura. Ou, indo mais longe, que aproveitaram para a moldagem do caulino, as mesmas técnicas que foram usadas (ou estavam ainda a ser desenvolvidas)  na moldagem do gesso.

Claro que este post é dedicado aos nossos orientadores de estudos pós-graduados, e também às instituições onde estão e se faz essa investigação (mestrados e doutoramentos) relativa à história dos estudos artísticos e à «formação» das chamadas escolas industriais. Aqui, pelo link, ler o que está na p. 27, e também as várias disciplinas que eram leccionadas, para se confirmar como na actualidade foram banidos conhecimentos que são essenciais, de cultura geral: Mas essa é já uma mensagem para outros, que não sabem qual é o papel do design, que em português se traduz (simplesmente) por projecto.

tecto-DomingosMeira2.jpg

FábricaBordaloPinheiro.jpg

FábricaBordaloPinheiro-detalhe.jpg

*Nos casos das obras mais criativas

**De quem teve que estudar e «tentar compreender» Semiologia nos longínquos anos de 1973-74

***Uma das melhores provas de que se faziam correspondências linguísticas ou de ideias (e assim atribuíam significados), às formas que se colocavam nas edificações. Num excerto que não nos cansaremos nunca de apresentar:

Porque é prova imbatível, contra todos os argumentos bacocos que ainda habitam várias instituições de Ensino Superior

A imensa prova de que no passado se acreditava na perspicácia da mente humana, coisa em que hoje a maioria não acredita: o que não deve admirar!


13
Jan 16
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

... fotografar tectos que depois hão-de cair? É certamente a máquina fotográfica, que ao focar essas áreas as destrói? Só pode...

 

Muitos concordam, de certeza, com esta última asserção, a qual não é assim tão fácil de aceitar e compreender...

Porque claro que não é a incúria, demorada - pois leva tempo a ser absorvida pelas mentes dos responsáveis -, mas são sim as máquinas fotográficas, elas próprias as verdadeiras e grandes destruidoras de um Património Cultural que os Autarcas e responsáveis do Poder Central preferem sempre ignorar?

Sem dúvida, claro que são as máquinas fotográficas de quem aprendeu a diagnosticar o estado de conservação e as patologias construtivas, que quando apontam para alguma dessas patologias, são logo elas que danificam os estuques; que os enchem de água e que os fazem apodrecer; assim como às madeiras que os suportam.

Definitivamente são essas «ferramentas captadoras de imagens» as grandes maléficas que destroem os valores arquitectónicos, patrimoniais.

Tudo razões para que devesse ser proibido fotografar qualquer obra que esteja periclitante, e a um passo de ruir...

Image0195.JPG

Ampliar aqui

ou aqui, conforme lhe der mais jeito

É a página de um estudo dedicado ao Palácio de Monserrate, que fizemos há mais de 30 anos, e onde se pode ver um tecto de estuque da autoria de Domingos Meira: trabalho que se perdeu (por ter sido fotografado, claro, idem, também sem qualquer dúvida!).

Em baixo uma outra fotografia nossa que inexplicavelmente (?) foi aparecer num trabalho de Marta Ribeiro feito em 2014*, e dedicado aos Sarcófagos Etruscos que Francis Cook  adquiriu para a «Capela de Monserrate».

E agora, anos e anos depois, e ainda sem nenhuma ironia, será que também em Portalegre, no Palácio Amarelo, nunca deveríamos ter fotografado alguns dos seus tectos mais bonitos e valiosos? Será que o movimento ou impulso (quase inconsciente) de fotografar, é de imediato um processo de diagnóstico: uma denúncia da ruína que vai acontecer?Quiçá o movimento originador de um micro-sismo?

Por muito ou pouco que possa ser ?, por nós continuaremos a trilhar os caminhos em que há anos estamos, por vontade própria, mesmo que uns calões muito pouco honestos tenham decidido boicotar e destruir os nossos trabalhos. Acontecendo que as horas da verdade estão cada vez mais perto:

Felizmente!

~~~~~~~~

*Nesse trabalho ver a fig. 39, na p. 95


11
Jan 16
publicado por primaluce, às 15:00link do post | comentar

...é porque tudo temos feito para que isso não aconteça a alguns bens patrimoniais:

http://casamarela.blogs.sapo.pt/salvo-da-ruina-ii-13881

*Ver em http://ruinarte.blogspot.pt/2016/01/caros-amigos-confrades-compatriotas-e.html

 


08
Jan 16
publicado por primaluce, às 16:00link do post | comentar

... lembrando que não se há-de calar

 

Depois, noutra oportunidade acrescentaremos algum comentário, ficando duas páginas de uma revista do SPGL, certamente posterior a Agosto de 2001*, que, obviamente, guardámos:

aNTÓNIOhESPANHA.JPG

(para melhor leitura)

aNTÓNIOhESPANHA-2.jpg

(para ler melhor - idem - opte por este tamanho)

Note-se que António Manuel Hespanha nasceu em 1945 - i. e., nem uma década nos separa, e o seu CV está disponível em: https://sites.google.com/site/antoniomanuelhespanha/home/curriculum-vitae.

A lição que há muito retirámos - para além dos bandos (e bandidos, acrescenta-se) que refere no seu artigo, dedicado a uma história do futuro - tem a ver com o mestrado que nunca deveríamos ter feito (apesar das imensas vantagens que nos deu...). E que, também, nem sequer deveríamos ter «tentado» o doutoramento, com o objectivo claro de aprofundar os materiais e as temáticas extraordinárias que fomos percorrendo e obtendo. Como sabemos, nalguns casos o Ensino que se diz Superior está a saque e os sucessivos Ministérios, a FCT ou a Agência A3ES, são cúmplices que não corrigem nem denunciam a gravidade da situação.

~~~~~~~~~~

*Um Verão repleto de «disparates» que assim dirigiu os nossos passos para o Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras.

E pensando em Historiadores, seria interessante, porque não?, pôr a par algumas incompreensões de Maria João Baptista Neto e as de M. Beryl Smalley, relativamente à «Estética Medieval» versus alguns escritos de Hugh of St Victor. A ver vamos, pois assim a nossa orientadora poderia perceber que não é caso único. Ou também, daria razão a Henri De Lubac e M.-D. Chenu, poderia enfim compreender como algumas lógicas medievais eram tão simples, «quase infantis».


06
Jan 16
publicado por primaluce, às 17:00link do post | comentar

... relativo à grafia das palavras com que pensamos, divulgamos ideias ou comunicamos.

 

Claro que não somos especialistas na língua, mas isto anda tudo ligado, e não são apenas as imagens - mais ou menos icónicas - que falam, mas as palavras, idem aspas, elas existem e têm o objectivo de permitir a comunicação.

Sabemos que as imagens precederam a palavra, e que as primeiras palavras dos primeiros homens deveriam ter sido onomatopaicas. Quem sabe, se sons e expressões semelhantes a grunhidos, não muito longe dos dos animais, que com o tempo se foram complexificando e um dia se tornaram «língua». Aliás, todo o conhecimento é assim, e esta complexificação é uma característica comum aos mais diferentes domínios.

Todos sabemos também de estudos dedicados às formas e aos seus significados, e depois também às palavras inscritas na Arquitectura...*

Sabemos igualmente que se tratam de evoluções, por vezes lentas, ou alternadamente muito rápidas, como actualmente acontece, no contexto de vários sistemas de signos.

Porém, o post de hoje é apenas sobre as palavras, as mais normais que todos colocamos por escrito, independentemente do seu suporte. E a escrita lê-se, como também se lê a realidade, ou um cenário, natural ou feito propositado, para poder produzir um qualquer enquadramento que também nos informa (no caso do teatro e do cinema).

Enfim, deduzir (ou fazer leituras) a partir de sinais visuais, mais ou menos codificados, é algo que fazemos: todos nós que estudamos, ou estamos no ensino.

Neste blog e em Iconoteologia tem-se tentado explicar que a Geometria foi também uma espécie de Gramática para estabelecer as regras da constituição de imagens que visavam algum tipo de comunicação. Ora as Gramáticas (e também neste caso o Acordo Ortográfico) pretendem estabelecer a Correcção Gráfica - Ortografia - em português, para que os textos escritos sejam lidos fluentemente e sem hesitações, em português.   

Isto é, para que o sentido de um determinado sinal visual (composto), o qual é constituído por letras, que formam sílabas e fonemas, seja apreendido rapidamente. Por outras palavras, para que não seja um «travão» na leitura, para que ao ler, não hesitemos ou nos dispersemos a tentar perceber aquilo que se quer dizer (?), quando, por exemplo, em vez de Pacto com o Diabo, alguém escreveu Pato; ou, quando a intenção era referir os Espectadores e o pobre do leitor ao ler Espetador, na sua mente fabrica rápida e automaticamente (porque normalmente é assim que alguns funcionamos) a imagem de um ou vários espetos a espetarem uma qualquer coisa. Porque, insiste-se e é importante lembrar, a vivacidade de alguns leva a que produzam mais rapidamente uma imagem mental, do que eventualmente conseguem descortinar que o sentido do tal espetador - aquele que verdadeiramente se queria passar ao leitor - era o de observador, ou daquele que assiste. E não aquele de quem munido de um espeto (feito «sujeito-espetador»), anda a espetar o quer que seja...

Como ouvimos ontem num programa que é de Economia (Olhos nos olhos - em 05.01.2016) uma péssima ideia numa área cientifica que é a Linguística  pode custar caríssimo a milhões de falantes. E não nos referimos aos livros e dicionários ou prontuários que se possam fabricar e ter que se deitar fora, mas, simplesmente ao tempo que se perde com a falta de eficácia do que deveria ser um dos nossos bens mais preciosos...**

Da história que é contada por Nuno Pacheco (vejam o filme da TVI, no link) percebe-se que a maioria das pessoas aceita tudo, acriticamente, fazendo com que as ortografias que hoje por aí andam sejam a mais completa das bagunças. Falhando completamente o objectivo da fluência e da fluidez da língua (posta na escrita).

Leiam, percebam, porque é que nós não aderimos à imensa trapalhice que o ACORDO ORTOGRÁFICO constitui, pois muito cedo nós percebemos a respectiva falta de lógica...

~~~~~~~~~~~~

* Engaging the Mind's Eye: The Use of Inscriptions in the Architecture of Owen Jones and A. W. N. Pugin Author(s): Carol A. Hrvol Flores Source: The Journal of the Society of Architectural Historians, Vol. 60, No. 2 (Jun., 2001), pp. 158-179.

**Por analogia, os Sinais que integram o Código da Estrada são tal como palavras que nos dão ordens; agora imagine-se que os Governantes faziam a essa sinalética e ao Código da Estrada o que têm feito à Língua. Os custos naturalmente seriam elevadíssimos, em acidentes. Sobre os estragos feitos na língua portuguesa, alguém saberá medir o imenso desperdício de dinheiro e as energias que isso tem feito gastar, ou consumido?   


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