E ler para encontrar escrito, aquilo que devia praticar: i. e., para aprender a dar importância às imagens* e ao seu sentido figurativo, já que muitas vezes foi preciso partir da imagem para conseguir definir com maior clareza (ou conseguir escrever o texto**).
Claro que o conselho acima se aplica a todos os que habitam e circulam pelo Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa.
E deve-se aplicar porque não basta V. S. (como frei Tomás) pregar este sermão, e depois todos fazerem exactamente ao contrário.
Por muito apelativo ou interessante que possa ser para os Historiadores fazerem muitas trouvailles em arquivos e na Torre do Tombo, na verdade, face à obra de Arte, deve ser ela própria, no seu contexto temporal, cujas características é preciso entender (portanto ver o excerto seguinte de M.-D. Chenu, onde algumas dessas características estão muitíssimo bem apresentadas); deve ser essa obra, a tal que querem estudar e conhecer, a sua principal fonte de informações.
Deve ser ela - a obra de Arte em questão - como diz Vítor Serrão (e nunca pratica, mas aqui estamos nós a insistir e lembrar um ponto que é seu, e refere continuadamente), a prover, ou a fornecer a informação daquilo que se quer saber dizer sobre essa mesma obra:
Claro que inserida no tempo, vista nos contextos e propósitos de execução; até mesmo comparada com obras anteriores, contemporâneas e posteriores...
*O que, como Historiadora de Arte - convenhamos - é a única coisa que é a mais importante (e deve saber fazer).
**No caso definir o Símbolo (da Fé), como claramente sucede com o texto conhecido como Credo de Atanásio.
Por fim note-se que Chenu usa (e abusa) da ideia de Simbolismo, de que a Arte medieval está fortemente impregnada. E, portanto, no seu sentir M.-D. Chenu não se enganou. Apenas que «esse simbolismo» era também, mais restrito: uma vontade de deixar em cada obra a essência da Fé Cristã, que é o Símbolo da Fé. E nesta época, as imensas/inúmeras polissemias que se encontram no que hoje se chama Arte, essas polissemias também radicam, exclusivamente, neste ponto. Porque dava jeito ter muitos mais vocábulos visuais, para, em ênfases crescentes poder dizer o mesmo (sempre a reforçar o sentido das ideias a transmitir); do que ter apenas um vocabulário mais escasso, ou muito limitado.
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